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Chapter 18 - Uma paisagem que alegra o coração

Oguri finalmente aceitou entrar para a equipe de Kitahara. Com isso, o time de garotas cavalo dele passou a ter duas integrantes, e os treinos diários ficaram muito mais intensos do que antes do início das aulas.

Como nova integrante, Oguri também precisava passar por uma avaliação. E os resultados foram tão modestos que até a distraída Oguri Cap percebeu que o talento de Oguri para corrida deixava a desejar.

— Tempo: 64 segundos e 3!

Naquela manhã, na trilha ao lado do parque à beira do rio, Kitahara — equipado com cronômetro, prancheta e binóculo — anunciou em voz alta o tempo de Oguri nos 800 metros.

— Haa... haa... só... só 64 segundos? Ugh... Eu sou muito inferior à Oguri Cap...

Com as mãos nos joelhos, ofegante, rosto vermelho e coberto de suor, Oguri estava claramente desanimada.

12,5 metros por segundo já é um bom ritmo. E mesmo que Oguri seja um pouco mais lenta, ela continua adorável.

Além disso, comparar-se com Oguri Cap — que é praticamente um monstro em termos de desempenho — é exigir demais de si mesma.

Kitahara suspirou com um sorriso discreto. Sem repreender nem consolar, ele apenas anotou na prancheta e falou suavemente:

— Oguri, nos próximos dias, você vai começar pelo básico: resistência.

— Na corrida, velocidade, percepção e técnica são importantes, mas tudo começa pela resistência. Afinal, não adianta ser rápido, ter bons reflexos ou técnica refinada se você não consegue completar o percurso.

— Então, até que eu te passe novas instruções, siga o cronograma diário da Oguri Cap.

Atualmente, Oguri divide o dormitório com Oguri Cap.

Sobre isso, havia algo que deixava Kitahara bastante irritado.

Durante a simulação de corrida, Oguri Cap havia dito que seu quarto era "grande e confortável", mas na verdade era apenas um depósito.

Mesmo sendo uma academia regional, não seria possível que a administração tratasse mal uma garota cavalo. Kitahara, surpreso, investigou e descobriu que a colega de quarto anterior de Oguri Cap havia mentido, dizendo que o quarto estava bagunçado, e a "expulsou" para o depósito.

Kitahara tinha certeza de que aquela garota cavalo mentiu. Ele também se lembrou que, na obra original, Oguri Cap era discriminada no início por ser distraída, sem expressão e por correr sempre suja. Chegaram até a apelidá-la de "coelho de lama".

Além disso, na última simulação, Oguri Cap teve que amarrar o cadarço na largada porque outra garota cavalo sabotou seus tênis.

Kitahara ficou furioso com tudo isso, quase denunciando as responsáveis à academia.

Mas logo se acalmou.

Na obra original, Oguri Cap superou a discriminação com seu talento impressionante, conquistando o respeito de todos.

Se ele interferisse sem necessidade, poderia alterar o curso natural da história. E se Oguri Cap não soubesse que estava sendo discriminada, revelar isso poderia causar um trauma.

Era melhor deixá-la com boas lembranças de sua cidade natal. Afinal, quando ela for para a Central, deixará de ser a "Cinderela de Kasamatsu" para se tornar uma rainha orgulhosa.

Pensando em seu bem-estar psicológico, Kitahara guardou tudo para si e apenas solicitou à academia que Oguri Cap dividisse o quarto com Oguri.

O "cronograma" mencionado por Kitahara era, na verdade, a rotina que Oguri Cap havia criado para si mesma.

Segundo esse cronograma, Oguri Cap acorda às 4 da manhã, faz alongamentos, corre 10 km, depois faz corrida com joelhos altos, saltos com as duas pernas, cinco voltas de 1000 metros e dez séries de treino de força — tudo isso em cerca de duas horas.

Depois disso, ela repete essa rotina todos os dias, exceto para comer e dormir.

Quando Oguri Cap diz que ama correr, não é força de expressão. Ela realmente ama correr, valoriza profundamente o milagre de poder correr. Sua vida é, literalmente, correr sem parar.

Kitahara ficou impressionado com esse treino. Quando Oguri passou a dividir o quarto com Oguri Cap, também ficou chocada — e foi assim que conheceu o "cronograma".

— Haa... haa...

Depois de recuperar o fôlego, Oguri respondeu com esforço e olhou com admiração para a silhueta prateada que corria ao longe:

— Que incrível... Oguri Cap tem tanta resistência, consegue correr assim sem parar... Com um treino tão exagerado, não é de se admirar que tenha tanta energia...

Mas logo seu semblante ficou sombrio:

— Só não sei se eu conseguiria manter um treino assim...

Kitahara também observava Oguri Cap correndo ao longe. Cada vez mais, ele percebia que o ato de correr das garotas cavalo era uma paisagem que alegrava o coração.

Como o vento que se levanta, o pôr do sol, o giro das estrelas, o vai e vem das marés.

A corrida sincera das garotas cavalo é uma beleza natural, quase divina, que prende o olhar.

Mas Kitahara não se esqueceu de responder Oguri:

— Talvez, para Oguri Cap, isso não seja treino. É a vida dela. É tudo.

— ...Hã? — Oguri ficou surpresa.

Kitahara hesitou, pensando que poderia contar algo sobre Oguri Cap para aproximá-las. Então continuou:

— Talvez você não saiba, mas Oguri Cap nasceu com uma deficiência. Quando era pequena, seus joelhos eram rígidos e ela nem conseguia ficar de pé.

— O quê?! Sério? Como... como isso é possível? Ah! Agora entendo por que ela disse que antes nem conseguia correr. Achei que fosse só para me consolar...

— Ela realmente estava te consolando — sorriu Kitahara.

— No passado, ela não conseguia nem ficar de pé, quanto mais correr.

— Por isso, correr é um milagre para ela. E ela valoriza esse milagre mais do que tudo. Por isso, enquanto puder correr, ela vai continuar correndo.

— Então, quando você vê Oguri Cap treinando todos os dias, na verdade está vendo ela viver.

— ...Entendi! Entendi o que você quis dizer, Kitahara-sensei! — Oguri, após um momento de silêncio, mostrou um olhar determinado.

...Espera aí! Eu nem disse nada tão profundo assim. O que foi que você entendeu?

Kitahara ficou confuso, sem saber o que Oguri queria dizer. E então viu a adorável garota cavalo sair correndo com convicção:

— Eu também vou correr 10 km!

Algum tempo depois...

— ...Obrigado, Oguri Cap. Onde você a encontrou?

Kitahara olhava para Oguri, que havia sido carregada nas costas por Oguri Cap, com espuma na boca e os olhos revirados.

— Ah, foi na margem do rio. Oguri é incrível! Mesmo tão cansada, conseguiu correr 10 km. Se fosse eu, não conseguiria.

Kitahara ficou ainda mais sem palavras. Sentiu-se aliviado por Oguri estar tão exausta que não ouviu o que Oguri Cap disse. Se tivesse ouvido, provavelmente ficaria tão envergonhada que se esconderia em algum lugar.

Mas ele sabia que Oguri Cap, com seu jeito distraído, sempre fala o que pensa. Ela só quis dizer que, naquele estado, nem ela conseguiria correr 10 km.

— Talvez Oguri tenha mesmo algum talento extraordinário. Essa força de vontade pode ser algo a se explorar...

Mas ao ver Oguri quase desmaiada, Kitahara mudou de ideia rapidamente.

— Melhor deixar pra lá. Ela já se esforçou demais. Vamos com calma...

— Essa garota deve ter se empolgado com a história da Oguri Cap e se deixou levar pela emoção. Se continuar se forçando assim, vai acabar encurtando a própria vida...

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