Kitayama estava um pouco emocionado, mas Oguri Cap não percebeu nada.
Ela apenas inclinou levemente a cabeça, as orelhas prateadas e felpudas tremendo, e murmurou:
— Ah… então o senhor é um treinador? Hm, entendi.
Com uma expressão que dizia "não sei bem o que significa, mas parece importante", ela assentiu de forma meio boba. Logo em seguida, mudou de assunto de maneira abrupta:
— Então… o senhor vai jantar com a gente?
A pergunta pegou Kitayama de surpresa. Antes que ele pudesse responder, Oguri Cap se virou para a mãe:
— Mamãe, se o treinador for comer com a gente, será que a comida vai dar? Posso ir comprar mais ingredientes.
Enquanto falava, sua expressão simples e inocente se transformou em preocupação. Instintivamente, levou a mão ao estômago.
E, como se para confirmar, o silêncio da sala foi quebrado por um sonoro "gruuuul".
White Pearl sorriu suavemente:
— Não precisa se preocupar. Hoje fiz curry, o molho é suficiente, e também cozinhei uma panela inteira de arroz.
Ela olhou para a filha com ternura e acrescentou:
— Você não vai passar fome, Lili.
Depois, voltou-se para Kitayama:
— Aliás, acabei esquecendo de perguntar. O senhor veio de tão longe, deve estar cansado. Se não se importar, gostaria de ficar para o jantar?
Kitayama já havia recuperado a calma. Afinal, ninguém naquele mundo conhecia o futuro glorioso de Oguri Cap — nem mesmo sua própria mãe. Sua emoção era algo que só ele podia sentir.
Observando com atenção, percebeu também que Oguri Cap não tinha a menor noção sobre treinadores ou corridas. Caso contrário, não teria feito aquela cara de dúvida há pouco.
"Mesmo que ela entre para minha equipe, ainda há muito trabalho a fazer", pensou.
Decidiu, então, aceitar o convite:
— Nesse caso, aceitarei com prazer. Só espero não incomodar.
— De forma alguma! — respondeu White Pearl, apressada. — Aqui em casa sempre cozinhamos bastante. Não precisa se preocupar.
Kitayama não conteve um sorriso.
Claro que sim. No outro mundo, Oguri Cap era famosa por seu apetite colossal. Tanto no jogo quanto no anime, era retratada como uma verdadeira "devoradora".
E não era apenas ficção. O cavalo real também tinha fama de grande comedor. Criada em um haras pobre, Oguri Cap comia até grama e casca de árvore para se saciar. Mais tarde, descobriu-se que possuía uma enzima rara que lhe permitia digerir fibras de madeira, ampliando enormemente sua dieta.
Dizia-se, em tom de brincadeira, que ela havia "comido" seu caminho das corridas locais até o palco central do Japão.
No jogo, a personagem podia devorar dez pratos de arroz coberto em uma refeição comum, esvaziava os estoques do refeitório da academia e até venceu competições de "grandes comilões", incluindo uma em que engoliu mil tigelas de soba.
Kitayama sempre achara esse detalhe divertido. Agora, diante da verdadeira Oguri Cap, mal podia esperar para testemunhar com os próprios olhos.
E não demorou.
— Senhor Kitayama? Senhor Kitayama?
Chamado duas vezes, ele despertou de seus devaneios.
White Pearl havia trazido a comida: duas enormes panelas.
Uma, cheia até a borda de curry. A outra, transbordando de arroz. Eram panelas do tamanho das usadas em refeitórios.
Colocadas ao lado de Oguri Cap, que, sem cerimônia, pegou uma tigela funda e começou a comer.
Kitayama ficou boquiaberto. Em questão de segundos, ela devorava uma tigela inteira de curry com arroz e, sem pausa, já se servia da próxima.
— …Ah, desculpe, o que a senhora disse mesmo? — perguntou, voltando-se para White Pearl, envergonhado.
Ela suspirou, um pouco constrangida:
— Peço desculpas por essa cena. Desde pequena, Lili sempre teve… um apetite um pouco exagerado.
"Um pouco?" Kitayama quase riu. "Isso é gigantesco!"
Enquanto pensava, Oguri Cap já havia terminado a quinta — ou sexta — tigela. As duas panelas estavam um terço vazias.
Apesar do espanto, Kitayama sentiu-se animado.
"Se energia se transforma em força, então esse apetite só pode significar que ela tem o mesmo potencial incrível de sempre."
Ele sorriu para White Pearl:
— Não precisa se desculpar. Pelo contrário, ver o quanto Oguri Cap come só reforça minha decisão de convidá-la para minha equipe.
A jovem, ocupada em devorar mais uma tigela, apenas inclinou a cabeça, sem entender, e continuou a comer.
White Pearl, porém, ficou surpresa.
— O senhor… realmente acredita tanto assim na minha Lili?
Kitayama compreendia. Para a maioria, Oguri Cap parecia uma garota comum, até frágil. Nem mesmo sua mãe acreditava em um futuro brilhante. Mas, no fundo, desejava isso para a filha. Por isso, ouvir tamanha confiança a emocionava.
Ele então disse, com um leve sorriso:
— Já ouvi uma frase: "O cavalo de mil li pode, em uma única refeição, devorar um saco inteiro de grãos." Oguri Cap come tanto… quem sabe não seja justamente um desses cavalos de mil li?
Ele achava que a frase a confortaria, mas White Pearl piscou, confusa:
— Existe mesmo esse ditado?
Kitayama apenas sorriu e assentiu:
— Pelo menos, é assim que eu acredito.
White Pearl ficou em silêncio por um longo tempo. Então, respirou fundo, como quem tomava uma decisão.
— Nunca ouvi essa frase antes, mas sinto que o senhor realmente valoriza minha filha. Muito obrigada.
Ela olhou para Oguri Cap, que continuava concentrada em sua refeição, e completou:
— Hoje à noite, conversarei com ela sobre entrar para sua equipe. Por favor, aguarde com tranquilidade, senhor Kitayama.