Enquanto Kitayama refletia em silêncio, White Pearl olhava para a fotografia sobre o armário e falou com um tom de pesar:
— Na verdade, o que eu disse antes não foi exagero, mas sim a realidade.
Ela suspirou e continuou:
— O senhor Kitayama é treinador, e agora demonstrou interesse pela minha Lili. Como mãe, não devo esconder nada. Essa criança… bem, quando nasceu, tinha um problema congênito no joelho direito. Os músculos eram rígidos, e ela sequer conseguia ficar de pé.
— Mais tarde, por sorte, sua perna foi melhorando aos poucos. Mas veja aquela foto: sempre foi tão frágil, tão magrinha… só nos últimos anos começou a ganhar alguma força.
— Mesmo sendo sua mãe, é difícil acreditar que ela consiga disputar corridas de alto nível. Aliás, talvez justamente por ser sua mãe, sei que, se um treinador depositar expectativas demais nela, pode acabar se decepcionando profundamente.
Havia sinceridade em suas palavras. White Pearl era uma Uma Musume simples e honesta, sem intenção de esconder nada.
Ela então sorriu amargamente, apontando para os próprios cabelos prateados:
— Além disso… o senhor deve saber. Eu e minha filha carregamos o sangue dos "Kuroge", e esse sangue…
Sua expressão entristeceu, e ela não terminou a frase.
Kitayama, porém, entendeu perfeitamente.
Assim como no outro mundo, também aqui existia a crença nos "limites do sangue". O sangue dos Kuroge era marcado pela pelagem que clareava com a idade: do negro-azulado ao cinza-escuro, depois prateado e, por fim, branco.
White Pearl já exibia o tom prateado característico. Na foto, a pequena Oguri Cap ainda tinha cabelos cinza-escuros, sinal de que não havia amadurecido.
E o que White Pearl não disse em voz alta era o que todos acreditavam:
Kuroge não correm rápido.
No outro mundo, cavalos desse sangue eram até ridicularizados com apelidos como "coelhos de lama".
Kitayama, no entanto, olhava para aquela mãe preocupada com outros olhos.
Ela não sabia — mas ele sabia. Em qualquer mundo, a responsável por quebrar esse preconceito seria justamente sua filha, Oguri Cap.
Ele conteve o impulso de revelar isso. Percebeu que vinha pensando como um viajante do tempo, esquecendo que, para as pessoas daquele mundo, o futuro ainda era incerto e inacreditável.
Assim, em vez de insistir, escolheu outro caminho:
— Eu entendo sua preocupação — disse, após refletir. — Mas como treinador, acredito no meu olhar e na minha capacidade. Tenho certeza de que, com o treinamento certo, Oguri Cap alcançará grandes resultados.
— Quanto ao sangue… sim, ele existe. Mas milagres também existem, não é?
— A senhora mesma disse que, quando pequena, ela nem conseguia ficar de pé. E agora, não apenas corre, como está saudável. Não é isso, por si só, um milagre?
— Então, quem sabe, Oguri Cap não seja justamente uma criança destinada a criar milagres?
Kitayama tinha experiência em lidar com pessoas. Sabia que, para uma mãe, a melhor forma de convencimento era oferecer esperança.
E funcionou. O rosto de White Pearl, antes carregado de preocupação, mostrou sinais de hesitação e até de expectativa.
— É… é mesmo? — murmurou, com as orelhas prateadas tremendo levemente. — O senhor acredita tanto assim na minha Lili? Isso é… isso é…
Kitayama sorriu com suavidade:
— Não sei o que os outros pensam, mas sempre acreditei que cada Uma Musume tem um talento único. O papel do treinador é enxergar esse talento e ajudá-lo a florescer.
— Mesmo a maior das habilidades pode ser desperdiçada sem o treino, a nutrição e o descanso adequados. Mas, com cuidado, qualquer potencial pode se transformar em algo grandioso.
White Pearl assentiu, pensativa.
Kitayama estava prestes a continuar quando o som da porta se abrindo ecoou pelo corredor.
Logo em seguida, uma voz suave e calorosa soou:
— Mamãe, voltei da corrida. O jantar já está pronto?
Kitayama e White Pearl se entreolharam, surpresos.
O rosto da mãe se iluminou com um sorriso terno. Já Kitayama, após um instante de silêncio, pensou consigo mesmo:
"Essa… essa é a voz de Oguri Cap."
Nunca a tinha ouvido antes, mas algo em seu íntimo dizia que só podia ser ela.
E, claro, não pôde deixar de notar: a primeira coisa que ela perguntou ao chegar foi sobre a comida. Exatamente como no jogo — a eterna "grande comilona".
Ele virou-se para a entrada da sala.
E então a viu.
Uma jovem alta, de corpo esguio e pernas longas e firmes, com os cabelos prateados presos em um rabo de cavalo.
Seu rosto era belo, digno de uma verdadeira donzela, mas a falta de expressão lhe conferia um ar frio e distante.
A roupa, porém, destoava completamente: um velho agasalho esportivo cinza, já gasto, com as bordas puídas e manchadas de poeira. As barras da calça estavam sujas de lama.
O contraste entre a beleza natural e a aparência desleixada lhe dava um ar campestre, até um pouco ingênuo.
Ao notar a presença de um estranho na sala, ela o encarou com olhos vagos, quase bobos, reforçando ainda mais essa impressão.
— Mamãe, quem é este…?
Ela olhou para Kitayama por alguns instantes, confusa, antes de voltar-se para White Pearl.
— Bem-vinda de volta, querida. Não se preocupe, o jantar já está quase pronto — respondeu a mãe, com carinho.
Em seguida, voltou-se para Kitayama e fez as apresentações:
— Este é o treinador Kitayama Jō, da Academia Tracen de Kasamatsu. Ele veio convidá-la para integrar sua equipe.
Kitayama levantou-se, inclinou-se respeitosamente e disse com firmeza:
— Muito prazer, Oguri Cap. Sou Kitayama Jō. Espero que aceite se juntar à minha equipe. Acredito que você tem o poder de brilhar intensamente nas pistas!
Ao dizer isso, não conseguiu conter a emoção. Pensar em tudo o que ela conquistaria no outro mundo fez sua voz se elevar, carregada de convicção.