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Chapter 2 - A Casa de Oguri Cap

Depois de encontrar a lista que procurava, Kitayama não permaneceu muito tempo na academia. Seguindo o endereço anotado, partiu direto para lá.

"Conquistar o mundo"… essa expressão soava um tanto juvenil, mas de fato refletia seus pensamentos — ou melhor, algumas fantasias que tinha antes de atravessar para este mundo.

Antes da travessia, ele havia feito pós-graduação no Japão, na área de negócios. Durante o intercâmbio, por indicação de um colega, começou a se interessar por corridas de cavalos e aprendeu bastante sobre o assunto.

Após se formar, por acaso acabou permanecendo no Japão. Esse colega herdou um haras e, mais tarde, o convidou para trabalhar lá, cuidando da parte comercial e da organização do clube de corridas. Assim, transformou sua paixão em profissão.

Nos momentos livres, Kitayama também fazia transmissões ao vivo na internet, mostrando o dia a dia no haras, a criação e o treinamento de cavalos, além de jogar títulos como Derby Stallion e Horse Racing Tycoon. Entre eles, estava também o popular jogo mobile Uma Musume.

Mas jamais imaginou que, um dia, atravessaria para o mundo de Uma Musume.

O cenário desse mundo era idêntico ao do jogo: as famosas "garotas-cavalo" tinham os mesmos nomes dos grandes campeões do outro mundo. A indústria das corridas, aqui, havia se transformado em um espetáculo idol competitivo, com corridas, shows, produtos, centros de treinamento e toda uma cadeia de negócios.

Para Kitayama, que já fora diretor de haras e presidente de clube de corridas, esse universo não era estranho. Sua experiência lhe dava vantagem: embora treinar uma Uma Musume fosse bem diferente de criar cavalos, todo o resto fazia parte de seu "conhecimento profissional".

E, por coincidência, o corpo em que atravessou pertencia justamente a um treinador especializado em Uma Musume. Isso preenchia a lacuna que ele tinha em relação ao treinamento.

Antes da travessia, Kitayama se considerava um homem diligente e capaz, com objetivos claros. Não à toa, havia passado no mestrado, conquistado a confiança do colega e recebido responsabilidades. Assim, pouco mais de um mês após chegar a este mundo, já havia definido sua nova meta:

"Já que vim parar aqui, vou me tornar um grande treinador."

E, para isso, precisava encontrar uma Uma Musume de talento excepcional.

Se fosse escolher cavalos por conta própria, não teria tanta confiança. Sempre fora mais habilidoso em negócios e relações humanas; a seleção de animais ficava a cargo do colega. Embora tivesse aprendido muito por convivência, sua visão ainda era limitada.

Porém, havia uma vantagem: conhecia de cor os nomes lendários das corridas do outro mundo. E, neste, todas as Uma Musume carregavam exatamente esses nomes brilhantes. Esse era seu maior trunfo.

Bastava identificar a linha temporal e procurar os nomes certos. Assim, poderia encontrar garotas ainda desconhecidas, mas destinadas à glória.

Após um mês de investigação, sua escolha recaiu sobre uma delas:

Oguri Cap.

Com 33 corridas, 22 vitórias, 6 segundos lugares e 1 terceiro, era um cavalo de nível lendário no Japão, reverenciado como "Rei dos Cavalos" e até mesmo como uma divindade no coração do povo.

"Deve ser aqui."

Seguindo o endereço, Kitayama viajou da Academia Tracen de Kasamatsu até uma área rural. Encontrou um conjunto de apartamentos antigos, subiu ao segundo andar e confirmou o número da porta.

Ding-dong, ding-dong.

Após tocar a campainha duas vezes, recuou a mão e observou o ambiente ao redor.

A linha temporal daquele mundo era confusa: detalhes do cotidiano davam a sensação de atravessar épocas. Pessoas jogavam videogames dos anos 80 e 90, mas usavam smartphones do século XXI.

O prédio diante dele era simples, de dois andares, com apartamentos baratos e antiquados, lembrando construções dos anos 80 e 90. Isso coincidia com a época em que Oguri Cap havia nascido no outro mundo — 1985, ativa no final da década de 80.

Embora a cronologia não fosse exatamente a mesma, as carreiras das Uma Musume pareciam seguir o mesmo ritmo histórico.

Naquela época, o Japão já brilhava com nomes como Tamamo Cross, Inari One, Oguri Cap, Super Creek, Sakura Chiyono O, Mejiro Ardan, Yaeno Muteki, Bamboo Memory e Daitaku Helios. Do exterior, vinham campeões como Tony Bin, Horlicks, Pay the Butler e outros para disputar a Japan Cup.

Era uma era de talentos extraordinários. E, mesmo entre tantas estrelas, Oguri Cap se destacava como uma joia rara.

Kitayama se perguntava: como seria encontrá-la pessoalmente? Seria igual ao que vira no jogo e no anime?

Enquanto refletia, a porta se abriu.

Uma jovem mulher apareceu — ou melhor, uma Uma Musume de cerca de trinta anos. Tinha longos cabelos prateados, traços delicados e belos, mas expressão cautelosa. Suas orelhas equinas estavam levemente dobradas para trás, sinal de alerta.

No outro mundo, ele sabia, cavalos expressavam emoções pelas orelhas. Assim como gatos fazem "orelhas de avião" quando irritados, cavalos também recuavam as orelhas quando estavam desconfortáveis ou em estado de vigilância.

As Uma Musume não eram diferentes.

Ela falou em tom desconfiado: — Ah… com licença, o senhor é…?

Kitayama a reconheceu de imediato: era White Pearl, mãe de Oguri Cap.

No outro mundo, White Pearl também havia sido uma corredora, com 8 provas e 4 vitórias, até se aposentar por lesão no joelho.

— A senhora é a senhorita White Pearl, não é? Sua sequência de três vitórias foi realmente impressionante.

Ele mencionou isso de propósito, tanto para reconhecer seu mérito quanto para criar proximidade.

Em seguida, retirou do bolso sua identificação de treinador e a entregou com as duas mãos:

— Permita-me apresentar: sou Kitayama Jō, treinador da Academia Tracen de Kasamatsu. Este é meu documento. Muito prazer em conhecê-la.

A estratégia funcionou. As orelhas de White Pearl se ergueram, e sua expressão suavizou.

— Então o senhor é o treinador Kitayama. Não imaginei que ainda se lembrassem dessas velhas histórias… — disse ela, com um sorriso nostálgico, mas humilde. — Naquela época, todo o mérito foi do meu treinador. Eu apenas corri com esforço.

Ela então se afastou um passo, abrindo espaço e convidando-o a entrar:

— Conversar na porta é indelicado. Por favor, entre.

Mas, de repente, sua expressão ficou preocupada.

— Aliás… talvez seja indelicado perguntar tão cedo, mas… o senhor veio da Academia Tracen até este lugar afastado…

— Por acaso a pequena Riri causou algum problema na escola?

— Se for isso, peço desculpas em nome dela.

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