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Chapter 19 - Capítulo 19: A Verdade Revelada ao Sandaime

Gravei a mensagem com as mãos que ainda tremiam de cansaço. Cada palavra foi medida; cada imagem escolhida com cuidado. Não se tratava apenas de jornalista buscar absolvição — era um pedido de misericórdia por uma criança que eu não podia deixar nascer condenada.

Alpha X havia preparado o canal com camadas de criptografia e mascaramento: uma transmissão unidirecional, codificada e enviada de forma que apenas um dispositivo devidamente autorizado no gabinete do Hokage poderia decodificá-la sem acionar alarmes externos. Ainda assim, havia riscos técnicos e políticos. Se a mensagem vazasse, poderia inflamar conspirações. Se fosse ignorada, eu teria de viver com essa decisão para sempre.

Respirei fundo, puxei a cadeira para frente e comecei.

— Hokage-sama — minha voz saiu firme, mas havia um nó no meu peito — sei que o desaparecimento do bebê causou alarme. Meu nome é Ulicéu. Estive presente quando Minato-sama e Kushina-sama selaram a Kyuubi. Naruto está em segurança comigo. Levei-o porque temo que a vila veja apenas a besta dentro dele, e não a criança.

Mostrei imagens: Naruto dormindo enrolado em um pano, um holofone que reproduzia seu choro, brinquedos gerados pela mesa multiversal. Falei da minha intenção: proteção, educação, um futuro em que ele pudesse escolher. Não pedi permissão. Pedi compreensão.

Quando a gravação acabou, hesitei apenas um segundo — tempo suficiente para imaginar Minato me encarando, Kushina me apartando com as últimas forças, e o mundo mudando por causa de uma só decisão. Então mandei. Alpha X confirmou a transmissão, fragmentada entre múltiplos proxies, com um rastro que só poderia ser aberto por uma chave no gabinete do Hokage.

Do outro lado, Hiruzen estava trabalhando tarde. O céu sobre Konoha ainda guardava fumaça e lanternas; a vila não esqueceria aquela noite cedo. Recebeu a mensagem sem alarde; a projeção apareceu diante de sua mesa como uma folha que o vento trouxe. Ele assistiu em silêncio — olhos calmos, mas atentos — enquanto via o bebê, ouvia a voz de Ulicéu e absorvia a confissão.

Hiruzen não tinha pressa em reagir. Levantou-se, fechou a projeção e chamou dois jōnins de sua confiança. Em seguida, convocou o conselho em caráter restrito. Não houve espetáculo, apenas passos medidos.

— Devem existir motivos para manter o jovem fora da aldeia — disse o Sandaime, com voz lisa. — Mas não posso aceitar decisões unilaterais sem verificar os fatos. Façam-se averiguações discretas. Prioridade: localizar Naruto, assegurar Minato e Kushina, e descobrir quem é esse Ulicéu.

Hiruzen deixou claro o tom: ação firme, sigilo absoluto. Ele ordenou que a ANBU abrisse uma linha de investigação com restrições explícitas para evitar pânico. Disse também que relatos públicos deveriam ser contidos: notícia demais abriria feridas e alimentaria rumores perigosos. O Hokage demonstrou empatia — a proteção dos aldeões vinha antes da necessidade de satisfações — mas também cautela institucional: não podia permitir que alguém tirasse um recém-nascido sem explicações.

Entre os convocados, havia vozes mais afiadas. Uma figura fria sugeriu rastrear sinais e responder com endurecimento, outro falou em esperar provas. Hiruzen, como maestro sereno, mediou: investigar sem inflamar; proteger sem destruir. Ele mandou que se buscasse um canal de retorno seguro — se Ulicéu quisesse conversar, Konoha ouviria, mas por meios controlados.

Enquanto Hiruzen ordenava e organizava, a ANBU pôs em marcha busca por padrões no espectro onde Alpha X havia saltado a transmissão. Era um jogo de gato e rato: Konoha não faria alarde, mas moveria peças. Mensagens criptografadas trocaram as mãos do Hokage para aliados de confiança; patrulhas mudaram rotas; observadores foram posicionados discretamente perto de possíveis pontos de saída da vila.

Na base, recebi sinais quase simultâneos: aumento discreto de ruídos de varredura na banda baixa, sondas de chakra recalibrando em volta de regiões sensíveis. Alpha X traduziu a leitura em termos simples: Konoha reagiu. Não com fúria pública, mas com protocolos — investigação silenciosa, proteção reforçada, e uma atenção concentrada no que eu representava.

Sentei-me com Naruto no colo enquanto as telas piscavam. A mensagem estava entregue; o Sandaime reagira do jeito que eu esperava de um líder prudente. Agora havia duas coisas certas: 1) Konoha me procuraria; 2) o relógio contra o massacre Uchiha ficara ainda mais cruel. Hiruzen cuidava dos passos da vila, e eu, no santuário secreto, cuidava do menino. Nenhum de nós poderia vacilar — cada movimento errante poderia incendiar algo muito maior.

Fechei os olhos por um segundo e prometi mentalmente ao bebê que, se o destino exigisse sacrifícios, eu os faria. Mas não permitiria que a história se repetisse sem luta. Enquanto Hiruzen organizava a vila, eu preparava meu fluxo: simulações de resgate, rotas de fuga, e planos para intervir no massacre — e, se possível, para arrancar suas raízes de dentro do próprio conflito. A batalha que vinha não seria apenas por uma vida. Seria pela alma de Konoha.

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