O silêncio acolhedor da base subterrânea era quebrado apenas pelas risadas infantis de Naruto. O pequeno loiro, agora com alguns meses a mais, já não se contentava em ficar apenas deitado no berço. Ele engatinhava com energia, explorando cada canto que seus olhos curiosos alcançavam.
Eu observava de perto, atento a cada movimento. Com um gesto, moldei o chão ao nosso redor com o Estilo Vida, criando uma superfície macia e acolchoada que amorteceria qualquer queda. Não era apenas cautela: era o instinto protetor que, pouco a pouco, eu começava a aceitar como parte de mim.
"Você exagera, Ulicéu", comentou Shisui, sentado com tranquilidade em cima de uma pedra que havia moldado com o Estilo Terra. Seu tom era descontraído, mas havia um brilho divertido em seus olhos.
"Não é exagero. Ele ainda não sabe o que está fazendo. Basta um tombo mal dado e—"
"E você já teria moldado a realidade inteira para evitar um arranhão", interrompeu Shisui, rindo. "Deixa eu tentar um método mais simples."
Ativando seu Sharingan, ele conjurou pequenos corvos ilusórios que esvoaçavam suavemente ao redor de Naruto. As aves não eram ameaçadoras, mas sim coloridas e brilhantes, como se fossem brinquedos vivos.
Naruto arregalou os olhos, fascinado. Soltou uma risada estridente e começou a engatinhar atrás dos corvos, seus bracinhos e perninhas se movendo com esforço redobrado. O bebê tropeçava, escorregava, mas não desistia.
"Viu só? Às vezes basta dar um motivo para seguir em frente", disse Shisui com um sorriso satisfeito.
Eu cruzei os braços, mas não pude deixar de sorrir discretamente. Naruto, impulsionado pela curiosidade e pela alegria, estava tentando algo novo. Seus pequenos pés se apoiaram no chão, e por um breve instante ele se manteve de pé, instável, os olhinhos fixos nas aves ilusórias.
"Vai, Naruto...", murmurei sem perceber.
Ele deu um passo trêmulo. Depois outro. E, antes que pudesse completar o terceiro, tropeçou e caiu—diretamente no meu colo.
Shisui gargalhou. "Olha só, já sabe quem procurar quando o mundo balançar."
Segurei o bebê contra o peito, sentindo sua respiração acelerada pela excitação. Naruto me olhou com os olhos azuis brilhando de alegria inocente, e naquele momento percebi algo que palavras não poderiam descrever: ele confiava em mim.
Com o Cajado dos Elementos, capturei a cena em uma memória cristalizada, uma imagem gravada em energia que jamais se perderia. Não apenas para mim, mas para ele, no futuro, quando tivesse idade suficiente para compreender.
Naruto adormeceu pouco depois, exausto de tanta brincadeira. Shisui se aproximou, olhando o bebê com ternura incomum para alguém tão jovem.
"Esses primeiros passos... são pequenos para ele, mas gigantes para nós. Você percebe, não é, Ulicéu? A cada riso, a cada tentativa... é como se estivéssemos mudando o futuro aos poucos."
Olhei para Naruto, aninhado em meus braços, e respondi em tom baixo, quase um sussurro:
"Sim. E prometo que ele nunca dará esses passos sozinho."