Na base, o ambiente costumava ser marcado pelo silêncio calculado de Ulicéu e pela seriedade de Shisui. Porém, naquele dia, a calma foi quebrada por um choro insistente. Naruto, ainda pequeno, agitava os braços no berço, pedindo atenção.
Shisui, acostumado a missões de vida ou morte, olhou para o bebê com um misto de pânico e fascínio.
— Ele está… reclamando de quê? — perguntou, encarando Ulicéu, como se a resposta fosse uma técnica secreta de alto nível.
— Pode ser fome, sono… ou apenas carência — respondeu Ulicéu, tentando esconder um sorriso. — Shisui Uchiha, o prodígio do clã, derrotado por um bebê?
Naruto gargalhou entre soluços, como se entendesse a piada. Shisui suspirou e se aproximou, hesitante. Pegou Naruto no colo com movimentos inseguros, como se carregasse vidro puro. Para sua surpresa, o choro cessou.
— Ei… ele parou — murmurou Shisui, surpreso, encarando o bebê que agora puxava uma mecha de seu cabelo negro.
Ulicéu observava a cena com atenção. Aquele momento simples, de uma criança inocente se aconchegando nos braços de alguém que havia quase sido destruído pela política da vila, tinha um peso simbólico.
Shisui olhou para Naruto e, em voz baixa, disse:
— Você merece crescer assim… sorrindo, sem carregar o peso do mundo nos ombros.
Naruto respondeu com uma risada alegre, batendo as mãozinhas.
— Acho que ele concorda com você — comentou Ulicéu. — Talvez essa seja a maior prova de que estamos no caminho certo.
O resto do dia foi preenchido por pequenas cenas improváveis: Shisui tentando distrair Naruto com clones de corvos, apenas para o bebê gargalhar e tentar agarrá-los; Ulicéu ajustando brinquedos feitos com Estilo Yin-Yang-Vida para estimular a mente da criança; e, pela primeira vez em muito tempo, os três dividindo algo raro naquele mundo de sombras — um instante de paz.
Ao anoitecer, enquanto Naruto adormecia em seu berço, Shisui comentou:
— Sabe, Ulicéu… nunca pensei que um bebê pudesse me ensinar tanto sobre esperança.
Ulicéu assentiu em silêncio. No fundo, ele sabia: eram esses pequenos momentos que realmente justificavam sua luta contra o destino.