O calendário holográfico de Alpha X marcou uma data importante: o aniversário de Naruto.
Ele completava um ano de vida.
Eu encarei a projeção com um certo peso no peito.
Na superfície, em Konoha, não haveria festa, nem presentes, nem o carinho de uma vila inteira celebrando o nascimento de quem havia carregado o fardo da Kyuubi.
Se dependesse da maioria, esse dia seria apenas mais uma lembrança amarga.
Mas não aqui. Não comigo.
"Alpha X, monte um ambiente especial. Nada grandioso, apenas... alegre."
"Compreendido. Gerando simulação adaptada: cores vivas, temperatura agradável e objetos interativos seguros para um bebê humano."
As paredes da sala principal se iluminaram em tons suaves de azul e dourado. Brinquedos criados pelo Estilo Vida se espalharam pelo chão: pequenos animais de luz que dançavam, blocos de construção que se encaixavam sozinhos e até estrelas que flutuavam no ar.
Naruto, ainda engatinhando de forma desajeitada, arregalou os olhos e soltou um grito de pura alegria.
"Da! Da! Da!"
Ele disparou em direção aos brinquedos, rindo enquanto tentava agarrar as estrelas flutuantes.
Shisui, ao entrar na sala, levantou uma sobrancelha.
"Eu sabia que você era exagerado, Ulicéu, mas transformar a base num festival inteiro..."
"Ele merece. Se ninguém lá fora o comemora, nós o faremos", respondi, ajeitando o manto.
Shisui sorriu e se abaixou ao lado de Naruto, criando ilusões de corvos coloridos que entregavam pequenas fitas brilhantes, como se fossem presentes. O bebê batia palminhas sempre que conseguia "capturar" um deles.
Mas o presente principal, eu havia preparado com cuidado.
Do Cajado dos Elementos, moldei um pequeno amuleto de cristal azulado, leve o suficiente para que um bebê pudesse segurar. Dentro dele, gravei uma memória em energia: a imagem de Minato e Kushina, sorrindo, com um brilho suave em volta. Não eram eles de verdade, mas uma projeção simbólica, um lembrete.
Aproximei-me de Naruto e, com delicadeza, coloquei o cristal em suas mãos pequenas.
"Esse é o seu tesouro. Não vai entender agora, mas um dia, quando for mais velho, vai saber que nunca esteve sozinho."
Naruto apertou o amuleto contra o peito e, com um sorriso banguela, encostou a cabeça no meu ombro.
O peso da responsabilidade que eu carregava ficou mais leve naquele instante.
Shisui observava em silêncio, mas quando falei baixo, percebi que ele me ouvia:
"Um dia, ele saberá quem realmente é. E até lá, eu serei os braços que o carregam e a voz que o guia."
O riso de Naruto preencheu a sala novamente, como se confirmasse minha promessa.
Naquele aniversário esquecido pela vila, nós três — um bebê, um shinobi e um estranho fora de lugar — celebramos algo muito maior do que apenas tempo: celebramos a esperança de um futuro diferente.