Após alguns dias de testes com Oguri Cap na pista de treino, Kitayama sentia-se cada vez mais inquieto.
O motivo? Os resultados.
O melhor tempo de Oguri Cap nos 800 metros foi de 52,1 segundos — 0,4 segundos mais lenta que Fujimasa Marcha.
À primeira vista, 0,4 segundos pode parecer pouco. Mas em uma corrida, essa diferença é visível.
Fazendo as contas: com 15,35 metros por segundo, Oguri Cap teria percorrido 793,6 metros quando Fujimasa cruzasse a linha de chegada. Ou seja, uma diferença de 6,4 metros.
Seis metros. Uma distância que qualquer um perceberia de imediato.
— Como isso é possível? — murmurava Kitayama, sozinho em seu quarto de treinador.
Revirava livros e anotações, tentando encontrar uma explicação.
— Não é questão de adaptação ao terreno. Já conversei com ela. Seja grama ou areia, o desempenho é o mesmo.
— Também não parece estar relaxando nos treinos. Ela sempre termina animada, sem sinais de desleixo.
— Talvez o problema seja na largada… Ela nunca participou de competições formais, não entende os detalhes da partida. No outro mundo, Oguri Cap também tinha dificuldades com a saída do box…
— Mas será que só isso explica os seis metros de diferença?
Suspirando, ele anotava mentalmente: "Treinar largada com urgência."
O tempo passou sem que percebesse.
Knock knock.
Alguém bateu à porta.
Kitayama, exausto, esfregou os olhos e foi atender. Olhou pela janela — já estava claro.
— Hã? Já amanheceu? Mas eu voltei ontem à noite…
Confuso com o tempo, abriu a porta e se surpreendeu.
— …Oguri Cap? O que faz aqui?
Ela estava como sempre: cabelos prateados presos, roupas simples e sujas de poeira, como se tivesse acabado de correr.
Mas, em vez de responder, ela perguntou com um olhar inocente:
— Hoje é o segundo dia de aula. Se eu não viesse, mamãe pensaria que fui expulsa. Ela ficaria muito triste.
Kitayama ficou paralisado.
— A-aulas?
Ele balançou a cabeça, tentando despertar. Sim, era o dia seguinte ao início do semestre.
— Me desculpe… eu estava tão focado nos treinos que esqueci completamente. Você participou da cerimônia de abertura ontem, não foi? Eu… eu prometi que iria com você…
Ele havia prometido acompanhá-la. Como treinador da academia, deveria estar presente. Mas, perdido em seus pensamentos e preocupações, esqueceu completamente.
Provavelmente, ninguém o cobrou por causa de sua fama de desleixado.
Suspirando, pediu desculpas e tentou mudar de assunto:
— Então… já conheceu seus colegas? Está gostando do dormitório? Tem companheiras de quarto?
Ele queria aliviar o clima, desviar da culpa.
Mas logo percebeu que não precisava se preocupar.
— Sim! Os colegas são ótimos! O dormitório é enorme, tem cobertores fofinhos, travesseiros macios e até luz fluorescente! Não tenho companheiras de quarto, mas é muito confortável!
Oguri Cap falava com entusiasmo, os olhos brilhando.
Kitayama sorriu, aliviado.
— Talvez ela nem lembre da minha promessa…
Rindo por dentro, teve uma ideia:
— Que tal me mostrar seu dormitório? Sua mãe me pediu para cuidar de você. Quero ver se está tudo certo, se precisa de algo.
Enquanto falava, percebeu que estava agindo como um pai preocupado com a filha no primeiro dia de aula.
— Claro!
Oguri Cap sorriu, mas logo sua expressão mudou para preocupação:
— Espera… não vai dar.
— Por quê? Tem algum problema?
Ela coçou a cabeça:
— Daqui a pouco começa o teste de simulação da academia. Tenho que correr. Não posso te levar agora.
Ao mencionar a corrida, seus olhos brilharam novamente.
Coincidentemente, uma voz ecoou pelos alto-falantes da academia:
"A primeira simulação do semestre começará em 30 minutos. Todas as Uma Musume, treinadores e professores devem se dirigir à pista de areia."
Essas corridas iniciais servem para avaliar o nível das alunas e ajudar os treinadores a escolher suas favoritas.
Mas Kitayama já tinha Oguri Cap.
Satisfeito com sua escolha, sorriu:
— Então vamos deixar o dormitório para depois. Agora, vou te acompanhar na simulação.
— Sim! Vamos! — disse ela, saindo animada.
Kitayama fechou a porta e a seguiu.
Enquanto caminhavam pelo corredor do dormitório, ele pensava em puxar assunto sobre treinos e estratégias.
Mas antes que pudesse dizer algo, Oguri Cap virou o rosto e falou com seriedade:
— Kitayama… você está preocupado… por minha causa?