A noite caiu sobre Konoha como um presságio. O silêncio era quebrado apenas pelas leituras de Alpha X, que piscavam com intensidade cada vez maior.
— Ulicéu, o chakra da Kyuubi está se manifestando. E Minato… — a voz digital quase vacilou — o Quarto Hokage iniciou o processo do selamento.
Meu coração acelerou. As imagens holográficas mostraram o impossível: Minato envolto em luz dourada, suas mãos tremendo ao tecer selos complexos, enquanto Kushina, em agonia, mantinha as correntes de chakra do clã Uzumaki presas ao colossal demônio de nove caudas. Entre eles, minúsculo e frágil, estava Naruto… chorando como qualquer recém-nascido, sem noção do peso que o destino já lhe colocava.
Obito ainda não havia retornado, mas o tempo era um inimigo cruel.
— Alpha X, prepare um portal encoberto. Não posso mais observar de longe. —
O vazio roxo se abriu diante de mim, e atravessei.
O frio da noite foi substituído pelo calor da destruição. A floresta estava em ruínas. O rugido da Kyuubi ecoava, mesmo enfraquecida e já parcialmente selada. Minato mal conseguia se manter de pé. Kushina respirava com dificuldade, o corpo arqueado pelo esforço.
E Naruto chorava. Um som tão frágil, mas que parecia atravessar toda a minha alma.
Ergui uma barreira de Bedrock para conter qualquer reação instintiva deles e me revelei.
— Não se alarmem. Eu não vim lutar. — Minha voz soou firme, mas meu coração pesava.
Os olhos de Minato se estreitaram, ainda carregando a determinação de um Hokage mesmo à beira da morte. Kushina abraçou Naruto contra o peito, tentando protegê-lo com o pouco de força que lhe restava.
— Quem é você? — Minato arfou, chakra oscilando em torno dele como uma chama prestes a apagar. — O que quer com o meu filho?
Dei um passo à frente, o brilho dos meus dez tomoe refletindo na escuridão.
— Meu nome é Ulicéu. Sei o que o futuro reserva para ele. Sei da solidão, do ódio… e sei que o mundo não será justo com Naruto. Vim para lhe oferecer outra chance. Um caminho em que ele não seja visto como a raposa, mas como o que ele realmente é.
Kushina tremeu. Suas lágrimas se misturavam ao suor, mas sua voz saiu clara:
— Você… pode protegê-lo? Pode lhe dar o que nós não poderemos?
Minato a olhou, a dor em seus olhos mais forte que qualquer ferida. Ele sabia que suas horas estavam contadas.
— A vila… precisa acreditar em Naruto. Mas… — sua voz quebrou — temo que você tenha razão.
A decisão pesava sobre eles como uma lâmina. Deixá-lo comigo era uma aposta desesperada, mas o tempo estava acabando. Obito poderia voltar a qualquer instante.
Levantei minhas mãos lentamente. Um manto verde suave envolveu Naruto, acalmando seu choro.
— Eu prometo. Ele será protegido. Ele terá uma infância, terá escolhas. Não será apenas uma arma.
As lágrimas de Kushina caíram sobre o rosto do bebê. Minato, exausto demais para contestar, apenas fechou os olhos e assentiu uma vez, quase imperceptível.
Não havia mais volta.
Com a Telecinese Aérea, ergui Naruto delicadamente e o envolvi em uma esfera de energia vital. Um portal do Vazio se abriu ao meu lado.
— Eu cuidarei dele. E quando ele estiver pronto, voltará a este mundo para guiá-lo. —
Meus olhos se encontraram com os de Minato por um instante. Havia dor, mas também… esperança.
Atravessando o portal, senti o peso de séculos de destino quebrado. Atrás de mim, deixava um Hokage e sua esposa à beira da morte, mas talvez com um alívio final: o filho deles não estaria sozinho.
O futuro havia mudado. O que viria a seguir… era incerto.