Os dias seguintes tornaram-se um ritual. Cada manhã, eu retornava ao Campo de Adaptação, decidido a explorar as camadas ocultas do meu Estilo Fogo. Alpha X preparava cenários e alvos, e eu me entregava ao treino até o limite do corpo e da mente.
No primeiro dia, comecei pelo Blazing Gauntlet. Concentrei o chakra nas mãos, envolvendo-as em chamas douradas. O impacto contra um dos alvos virtuais foi devastador, mas o calor retornou em ondas contra minha pele, queimando até os ossos. Mesmo sendo minha própria energia, era como tentar controlar um sol em miniatura. Demorei várias tentativas para equilibrar força e resistência sem me ferir gravemente.
No segundo dia, testei o Solar Step. Cada passo deixava uma trilha de chamas cintilantes, e a sensação de velocidade era intoxicante. Mas a exaustão veio rápido: a cada impulso, meu coração acelerava como se fosse explodir. Alpha X registrou que o gasto energético era alto demais para ser usado em longas distâncias. Precisaria ser uma técnica de precisão, não de maratona.
Com o corpo ainda dolorido, reservei o terceiro dia para a técnica mais enigmática: o Grande Texto em Chamas. As letras flamejantes surgiram no ar, compondo o kanji 炎. Ao ser lançado contra um alvo reforçado, o impacto explodiu em uma torrente que consumiu tudo. O poder era grandioso, mas instável — em uma das tentativas, o kanji se fragmentou antes do impacto, espalhando chamas descontroladas que quase me atingiram. O treino virou luta contra mim mesmo.
No quarto e quinto dia, voltei-me às variações de suporte. O Flame Green Heal revelou-se surpreendente. Chamas verdes suaves surgiam nas palmas das mãos e restauravam alvos virtuais como se jamais tivessem sido danificados. Mas a cada cura, uma parte da minha energia vital parecia ser drenada. Alpha X alertou que usar esse poder em excesso poderia encurtar meu próprio tempo de vida.
As Chamas Brancas vieram em seguida. Puras, serenas e ao mesmo tempo implacáveis contra energias corrompidas. Elas purificavam sem ferir a matéria física, consumindo apenas o que era escuro e desequilibrado. Observar aquela chama me trouxe uma paz estranha, como se fosse um lembrete de que fogo também pode ser luz, não apenas destruição.
O treino culminou, após uma semana, na mais misteriosa das técnicas: a Chama Arco-Íris. Reuni todas as cores dos meus tomoe e deixei que fluíssem em uníssono. O resultado foi uma chama hipnotizante, viva, oscilando entre criação e destruição. Alpha X preparou um alvo simulado em estado de "morte". Quando a chama o envolveu, o holograma retornou à atividade.
Mas o preço foi brutal. Desabei no chão, os olhos latejando como se ardessem por dentro, sangue escorrendo das pálpebras. Alpha X interveio, encerrando a simulação antes que meu chakra colapsasse.
Enquanto recuperava o fôlego, compreendi: não era um poder para ser usado levianamente. Talvez, no futuro, pudesse salvar alguém. Ou talvez me custasse a vida ao tentar.
Alpha X registrou todos os parâmetros. O relatório final foi claro: meu Estilo Fogo agora tinha aplicações ofensivas, defensivas, curativas e até um vislumbre de ressurreição. Um arsenal sem precedentes.
Ainda assim, ao deitar naquela noite, o calor das chamas parecia ainda correr sob minha pele, inquieto, como se tivesse vontade própria. Não sabia se havia realmente dominado o fogo… ou apenas feito um pacto temporário com ele.