Nos dias seguintes, voltei minha atenção ao tomoe prateado: o vento. Diferente do raio, explosivo e agressivo, o vento parecia sussurrar promessas de leveza, mas logo revelou sua natureza instável e devastadora.
No primeiro treino, tentei moldar lâminas de ar. Mal controlei a pressão: o ar se expandiu e cortou o chão do Campo de Adaptação em fissuras irregulares, quase me atingindo. Apenas no terceiro dia consegui estabilizar cortes finos, invisíveis a olho nu, que passavam através dos alvos simulados como navalhas silenciosas.
Mais tarde, concentrei correntes ao meu redor, criando o Vendaval Sônico. O som agudo reverberou nos ouvidos, me fazendo cambalear e pressionar as têmporas. "Considere risco de danos auditivos", alertou Alpha X. Mas quando aperfeiçoei a liberação, a onda de vento atirava múltiplos inimigos virtuais ao chão e os deixava atordoados pelo ruído ensurdecedor.
No quinto dia, avancei para algo mais perigoso: o Vácuo Espacial. Reduzi a pressão em um ponto, criando áreas de ausência de ar. Um alvo holográfico se contorceu e implodiu em silêncio. O efeito foi devastador — e assustador. Bastava um erro para o vácuo escapar do controle e atingir meu próprio corpo. Alpha X registrou: "Controle crítico. Probabilidade de autolesão: alta."
Ainda assim, o vento também revelou um lado libertador. Ao moldá-lo em Asas de Vendaval, prateadas e etéreas, senti o corpo flutuar. O voo não foi fácil — nas primeiras tentativas, caí ao chão com violência — mas quando estabilizei, cruzei o Campo em segundos. A sensação de liberdade era intoxicante, como se nada pudesse me prender.
Usei as asas em conjunto com o Tufão Defensivo, um redemoinho que afastava projéteis. Descobri também que podia canalizar o vento de forma mais sutil: a chamada Telecinese Aérea, movendo objetos à distância, suspendendo inimigos, ou redirecionando ataques.
"Análise concluída, Ulicéu", informou Alpha X após compilar os dados. "O Estilo Vento/Vácuo/Tufão demonstra altíssima velocidade, poder de corte letal e manipulação espacial limitada. Consumo energético: médio a alto. Risco de fadiga respiratória e pressão interna elevado."
Meu corpo confirmava o relatório. Às vezes, após treinar, sentia o peito pesado, como se tivesse corrido por horas sem ar. O vento exigia não apenas chakra, mas pulmões e resistência.
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Enquanto eu me recuperava, Alpha X transmitiu um novo relatório externo:
— "Reunião tática registrada. Jōnins e anbus discutem relatos de ventanias repentinas nos arredores de Konoha. Folhas arrancadas em rajadas súbitas, rota de pássaros desviada. Teorias levantadas: espionagem inimiga, ninjutsu experimental, ou fenômeno natural incomum."
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Fechei os olhos. O que para mim era treino, para Konoha era um mistério crescente. As discussões começavam a escalar. Não demoraria até que o Hokage exigisse investigações mais sérias.
Ao refletir, percebi que o vento representava mais do que poder. Ele era liberdade, mas também caos. Capaz de erguer asas e conduzir o voo, mas igualmente de devastar tudo em um tufão. Se eu quisesse dominá-lo, teria de aprender a equilibrar leveza e destruição — sem me perder no vazio que o vento sempre deixava para trás.