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Chapter 10 - Capítulo 10: A Solidez Inabalável

Os dias seguintes ao treino sombrio com a manipulação de sangue foram quase um alívio. Direcionei minha atenção ao elemento Terra — sólido, confiável, constante. Precisava de algo que me lembrasse estabilidade, não dilemas morais. A imagem do Bedrock, aquela rocha lendária de indestrutibilidade, tornou-se minha âncora.

No primeiro dia pedi a Alpha X que configurasse um ambiente de ataque múltiplo. Projéteis virtuais cruzavam o ar, simulando investidas devastadoras. Concentrei o tomoe marrom, buscando a sensação de peso, densidade e imutabilidade. Uma parede escura ergueu-se diante de mim — mas a pressa cobrou seu preço: rachaduras se espalharam na superfície e o impacto seguinte quebrou a estrutura ao meio. O chakra drenado foi alto demais para um resultado tão frágil.

No segundo dia tentei de novo, ajustando o fluxo de energia. A cada falha, Alpha X registrava os pontos de ruptura e projetava cálculos. Depois de horas, consegui erigir muros que resistiam a impactos mais fortes, mas só em áreas pequenas. Para cada metro extra, o custo crescia exponencialmente. O "indestrutível" tinha um preço.

No terceiro dia arrisquei algo mais pessoal: cobrir meu corpo com uma armadura de Bedrock. A sensação foi opressiva, como carregar o peso de uma montanha. Nos primeiros testes meus movimentos ficaram lentos, quase desajeitados. Ajustando o molde e reduzindo a espessura, a armadura começou a se adaptar, cobrindo apenas pontos vitais. O resultado era uma defesa quase impenetrável, mas que exigia controle constante para não me esmagar sob o próprio peso.

Nos dias seguintes explorei variações. Estacas afiadas brotaram do chão, rápidas o bastante para surpreender alvos virtuais. Jaulas imensas cercaram inimigos simulados, prendendo-os em estruturas tão densas que nem a força bruta os libertava. Plataformas estáveis se ergueram sob meus pés, permitindo saltos e manobras em terrenos hostis. Por fim, moldei manoplas pesadas em meus punhos, sentindo cada golpe reverberar como se carregasse a força de uma avalanche.

"Alpha X, análise de durabilidade."

"As construções apresentam resistência superior a minerais comuns. No entanto, o custo de chakra cresce proporcionalmente à complexidade. Recomenda-se limitar uso prolongado em combates extensos."

Assenti, ofegante. Já sabia disso na pele: após cada sessão, meus músculos latejavam, os ombros pareciam de pedra e os pulmões queimavam. Bedrock era poderoso, mas não perdoava exageros.

Enquanto treinava, uma notícia circulava discretamente em Konoha: patrulhas haviam detectado marcas de garras nas muralhas externas, como se algo testasse as defesas da vila. Ninguém sabia ao certo o que causara aquilo, mas a tensão aumentava. Minato, sempre vigilante, reforçava turnos e barreiras. Era um lembrete claro: minha busca por uma defesa inabalável não era apenas um exercício pessoal — podia ser o que sustentaria vidas no dia em que a muralha falhasse.

Fechei os olhos no fim daquela semana de treinos e pensei: a Terra me dava segurança, mas também trazia um dilema. Quanto mais forte eu tornava minhas paredes, mais percebia que a linha entre proteção e prisão era tênue. Se eu erguia muros indestrutíveis para salvar alguém… será que não corria o risco de isolá-lo do mundo?

Essa dúvida permaneceu comigo. A solidez era necessária, mas talvez a verdadeira força estivesse em saber quando abrir espaço.

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