Os dias seguintes correram em ritmo intenso dentro do Campo de Adaptação. Alpha X ajustava o espaço conforme minhas instruções, e eu dedicava cada sessão ao estudo do que havia chamado de Estilo Yin-Yang-Vida.
O primeiro exercício foi simples: um ambiente neutro, apenas eu e o silêncio. Fechei os olhos, buscando o equilíbrio entre Yin e Yang, o ciclo constante de opostos, e deixei a energia verde pulsar dos meus tomoe, a essência da Vida. A junção era instável. Por várias tentativas, a energia se dissipou em clarões sem forma. Em outras, um broto surgia apenas para definhar em segundos.
No quarto dia, consegui finalmente estabilizar a fusão. Na palma da minha mão, uma semente virtual se transformou numa flor real. Suas pétalas abriram-se delicadas, respirando luz suave. O impacto me atravessou como um arrepio: não era apenas manipulação, era criação. O campo inteiro pareceu silenciar diante daquela pequena vida.
Alpha X analisou em seguida. Confirmou que a estrutura era funcional, compatível com a flora local. Mas também alertou que a criação drenara energia em níveis muito altos. Se eu forçasse mais, poderia colapsar meus próprios canais de chakra.
Curioso, tentei repetir o processo com matéria inanimada. Visualizei metal e concentrei a energia Yin-Yang-Vida. O resultado foi uma esfera irregular, metálica, mas com rachaduras na superfície. Alpha X detectou ferro instável, sujeito a quebrar sob pressão mínima. Na tentativa seguinte, consegui formar um bloco sólido, frio e coeso. O alívio foi imediato, mas o cansaço caiu sobre mim como peso.
Durante uma semana, experimentei diferentes criações: madeira que se esfarelava antes de endurecer, água que evaporava no ar, cristais que surgiam belos mas ocos por dentro. Cada erro me ensinava algo sobre equilíbrio. Criação não era apenas poder — era paciência, foco e sacrifício.
Com o tempo, aprendi a manter a forma estável. As plantas duravam mais, a água permanecia pura, o metal era confiável. Mas cada sessão tinha um preço: fadiga intensa, dor nos olhos, até leves sangramentos nas pálpebras quando forçava além do limite. Alpha X começou a registrar protocolos de segurança para evitar sobrecarga fatal.
As implicações dessa habilidade eram imensas. Eu podia criar alimento, água, ferramentas e até curar feridas em campo. Mas também percebi o risco: em um instante de descontrole, poderia gerar matéria instável, explosiva, ou vida deformada. A criação era uma dádiva — e uma ameaça.
No décimo dia de treino, consegui integrar o Estilo Yin-Yang-Vida com outros elementos. Criei uma barreira cristalina reforçada com metal e raízes vivas entrelaçadas. A estrutura parecia respirar. Alpha X registrou a formação como "biocristal metálico híbrido" e recomendou cautela: aquilo não correspondia a nada conhecido nos bancos de dados.
Terminei a sessão exausto, mas com uma certeza inquietante. Estava ultrapassando limites que talvez nem deveriam ser tocados. Ainda assim, o poder estava ali, ao meu alcance. Eu podia moldar não só os elementos, mas a própria essência da existência.
Enquanto recuperava o fôlego, Alpha X informou que havia detectado uma instabilidade energética fraca próxima ao ponto da floresta — diferente do selo da Kyuubi. Uma oscilação que crescia em sincronia com meus treinos de criação. Talvez fosse coincidência. Talvez não.
Fechei os olhos, tentando ignorar o peso daquela revelação. Sabia que precisava continuar. Mas uma nova dúvida se instalava em meu peito: até onde eu poderia ir sem me tornar um perigo maior do que aquele que pretendia impedir?