"Filha, que história é essa de 'eles têm medo da gente'? Somos todos família, temos que viver em harmonia!" A bela mulher deu uma olhada furiosa na filha, mas era claro que ela também estava com o pé atrás.
Ela se aproximou de Yue Yang, colocando suas mãos suaves em seus ombros. "Yang, vamos deixar esses ratos para lá por enquanto, está bem? Podemos pesquisar sobre eles depois. Só iremos fazer o contrato quando entendermos direitinho."
O toque dela, no entanto, não foi tão casual quanto ela pretendia. No instante em que suas palmas tocaram os ombros firmes dele através do tecido da roupa, a memória da manhã irrompeu em sua mente com a força de um raio. Ela conseguiu sentir, vívido e quente, o fantasma do corpo dele contra, a pressão de seus lábios sobre os dela, a forma como seus braços aprenderam com uma força que era ao mesmo tempo aterradora e... eletrizante. e por fim, como ela sentiu aquela coisa enorme debaixo de suas calças.
Seus dedos contraíram-se involuntariamente em seus ombros por uma fração de segundo, não em uma carinhosa, mas em um espasmo de puro embaraço e confusão. Seu rosto, que ela tentava manter sereno, aqueceu instantaneamente. Ela pôde sentir o rubor subindo por seu pescoço.
Ela recuou as mãos como se tivesse tocado em brasa, trazendo-as rapidamente para o colo e entrelaçando os dedos, com medo de que ele notasse o leve tremor que as percorria.
"T-Tio Zhong", ela disse, sua voz saindo um pouco mais aguda do que o normal, desviando o olhar para o servo numa tentativa desesperada de se recompor. "Por favor, retorne ao seu Senhor e entregue a ele... a gratidão de meu sobrinho..."
Ela continuou falando, dando instruções, mas sua mente estava a milhões de quilômetros de distância, ainda presa naquele quarto, naquela cama, naquela sensação proibida que agora parecia queimar sua pele onde quer que ela tivesse tocado nele. Cada palavra que saía de sua boca soava oca e automática, um disfarce frágil para o turbilhão de emoções que a assolava por dentro.
O servo, Tio Zhong, que se curvou e partiu, mas não antes de entregar uma nota assinada do Clã – a recompensa padrão de 100 moedas de ouro para quem conseguia um grimório.
Yue Yang pegou a nota sem cerimônia. Dinheiro grátis? Sempre bom.
Yue Bing ficou possessa. "Não é justo! O pessoal do Primeiro e Segundo Ramo ganha 150, até 200 moedas! Eu ganhei 120! Por que para você é só o mínimo? É desprezo!"
"Relaxa, prima. 100 moedas já é uma grana", Yue Yang disse, fazendo uma cara de humilde. Por dentro, ele já estava planejando como dar um pau naquele bando de arrogantes do castelo principal no futuro, para vingar toda a humilhação que sua tia Si Niang sofreu. Ele pode ser um impostor, mas o carinho dela era real.
Depois que todo mundo foi embora, Yue Bing insistiu mais uma vez: "Yang, não contrate esses ratos! Eles são uma armadilha! Só vão desperdiçar suas páginas!"
Yue Yang acenou com a cabeça, fazendo uma cara de "pode deixar que eu entendo".
Mentira.
Tão logo ela saiu do quarto, ele tacou o fodase e focou no grimório. Contratar.
Um flash de luz dourada iluminou a quarta página. E lá estavam eles: O Quinteto de Ratos Fantoches. Cinco ratinhos de cores diferentes, formando um círculo perfeito. A besta espiritual lendária que ninguém tinha entendido por 600 anos agora pertencia a ele.
O negócio não era separar os cinco ratos. Era usar eles juntos. E a habilidade deles era uma das mais roubadas possíveis: caçar tesouros.
Eles podiam detectar minérios, itens escondidos, armadilhas, campos de força... basicamente, qualquer coisa de valor ou perigo em um raio de 30 metros. Funcionava em qualquer lugar – lava, água, terra. E, por serem monstros de nível 1 sem poder de ataque, eram invisíveis em batalhas de bestas espirituais.
O Quinteto de Ratos Fantoches, era provavelmente o Monstro Fantoche mais incrível que o gênio já havia criado. Como poderia ser lixo? Além disso, eles podiam se unir como um só e ocupavam apenas uma página do Grimório de Cobre. No entanto, ninguém entendia a habilidade oculta, então só podiam separar esses ratos em cinco corpos diferentes para colocar no grimório.
Com um clarão de luz dourada, cinco ratinhos fofos, todos de cores diferentes, apareceram na quarta página do Grimório de Cobre. No centro, os cinco elementos: metal, madeira, água, fogo e terra formavam um círculo e fluíam juntos em perfeita harmonia. Nos perímetros desse círculo, a ilustração de cinco adoráveis ratinhos fantoches estava lindamente desenhada, com suas caudas se conectando para formar um círculo externo.
"Beleza, time dos metais preciosos, vamos trabalhar. Tem algum tesouro escondido aqui?", ele ordenou mentalmente.
Os cinco ratinhos apareceram num flash de luz e imediatamente se aglomeraram em um canto específico do quarto, guinchando animadamente.
Na página do grimório, palavras surgiram como se estivessem sendo escritas por uma caneta invisível:
[Ouro detectado: Quantidade Pequena]
[Artefato de Jade detectado: Energia Contida - ENORME]
Yue Yang quase deu um pulo. Aí sim!
Ele sempre soube que o falecido dono do corpo devia ter uma economia escondida. Ele cavou no local que os ratos indicaram e... jackpot. Um baú de madeira escondido.
Dentro: 15 moedas de ouro, 62 de prata, um monte de cobre, uns brinquedos de criança, roupas velhas, dois diários dos pais do falecido e... um colar simples com um pingente de jade negro.
Se não fossem os ratos, ele jamais teria imaginado. Aquele pingente feio e comum era um artefato carregado com uma energia absurda. Até sua [Visão Divina] de nível 1 não conseguia ver através dele.
"Os pais do cara devem ter deixado isso. Ele nem fazia ideia do que tinha nas mãos", Yue Yang murmurou, colocando o colar no pescoço. Era a prova definitiva de que ele era o "legítimo" herdeiro. Guardou o ouro e os diários, e enterrou o resto de volta.
Folheando os diários, ele só via saudações comuns e registros do dia a dia. Mas sua [Visão Divina] formigava. Havia algo mais ali, uma ocultação poderosa que seu nível atual não conseguia quebrar.
"Obrigado, 'papai e mamãe'. Vou fazer bom uso da herança de vocês", o vigarista agradeceu, abraçando os diários. Ele já se considerava filho deles.
Com os bolsos cheios de ouro e um artefato misterioso no pescoço, Yue Yang foi dormir naquela noite o homem mais feliz do mundo.
E em seus sonhos, depois de sumir por dias, a Deusa da Espada finalmente reapareceu.