Ficool

Chapter 2 - 2: The First Lesson

O pátio estava cheio de atividades sob o sol intenso, gladiadores em diferentes etapas de Treinamento, lutavam e golpeavam postes de madeira, ou carregavam um saco pesado de areia dando voltas na arena de treino, o som intenso de homens treinando

e grunhindo ecoava contra os altos muros de pedra.

Quintus conduziu Lucius até um homem de meia idade, seus braços possuíam bastantes cicatrizes de batalha, com braços fortes e musculosos, um chicote enrolado estava preso em seu cinto, os olhos observadores do homem examinaram Lucius com desinteresse.

Quintus então chamou:

—Marcus, esse é o novo escravo, veja se ele pode se tornar útil ou temos que alimentar os cães.

Marcus, o lanista treinador de gladiadores, circulou em volta de Lucius, enquanto avaliava a sua estrutura física, com um olhar experiente, sem qualquer aviso empurrou Lucius pelo ombro, enquanto testava o seu equilíbrio, Lucius quase perdeu o equilíbrio, mas se manteve em pé.

—Fraco como esperado após dias de febre, mas sua estrutura é boa, possui ombros largos, pernas proporcionais e braços longos, Há força aqui, não é um camponês comum.

Comentou o Marcus enquanto apertava os músculos de Lucius.

Quintus então, assentiu aparentemente satisfeito com avaliação e então comentou:

—Coloque-o com os novatos, veja se ele consegue sobreviver a essa semana.

Quando Quintus se afastou, Marcus então virou na direção de Lucius, e perguntou com um olhar severo:

—Você entende o que está acontecendo?

Lucius respondeu sem qualquer excitação:

—Estou sendo avaliado como uma ferramenta, de gerar lucros, minha vida depende da minha utilidade.

Uma emoção de surpresa atravessou o rosto do lanista, antes que sua expressão neutra voltasse disse.

—Correto, ao contrário do que muitos acreditam, não buscamos apenas gladiadores brutos, um gladiador é um investimento, caro para alimentar, treinar e equipar, você tem olhos que observam isso, é bom para sua própria sobrevivência, exige mais do que apenas força. —Ele fez uma pausa estudando os olhos de Lucius.

Marcus então apontou para um canto do pátio, onde cinco jovens treinavam movimentos básicos com espadas de madeira, sob a supervisão de um assistente.

—Junte-se a eles, aprenda ou morra, essa é a sua única opção agora.

Sem esperar qualquer tipo de resposta, Marcus se virou e caminhou para supervisionar os outros grupos.

Lucius caminhou com passos lentos em direção ao grupo, enquanto avaliava o ambiente, observou diversas seções de treinamento e, identificando possíveis rotas de fuga.

Escapar seria fácil para um homem com habilidade suficiente, pensou, mas escapar para onde? Sem memórias, sem recursos e conhecimento além dos muros...

Fugir seria totalmente sem lógica, e poderia ter altos riscos, apesar do lugar brutal em que estava, oferecia estrutura, alimentação e o mais importante treinamento em habilidades que seriam essenciais para sua sobrevivência, Lucius decidiu ficar, não por escolha, mas por necessidade e adaptação.

Ao se aproximar do grupo de novatos, notou como os outros recrutas apresentavam sinais evidentes de hematomas, cortes mal cicatrizados, e o medo era evidente na sua expressão, o instrutor um homem baixo, com braço parcialmente machucado, percebeu a chegada de Lucius.

—Ah, carne fresca, me chamo Titus, vou treiná-lo para se tornar algo útil na arena, ou assistir você morrer tentando, pegue uma espada —disse Titus.

Lucius seguiu em direção a onde o homem apontava, e pegou uma das espadas de madeira, apoiada contra o muro, levantou em sua mão o peso era pelo menos o dobro de uma espada normal, pesada e projetada para desenvolver força e resistência, testando o equilíbrio com algumas execuções de movimento, sentindo como seu corpo respondia.

Para sua surpresa, embora seu corpo estivesse fraco pela febre e falta de exercício físico recente, seu corpo parecia possuir memória muscular para execução dos movimentos, eles fluíam de forma natural, como se ele já tivesse passado por um treinamento com espadas anteriormente.

Titus notou isso imediatamente.

—Parece que não é sua primeira vez com uma espada, talvez Quintus não tenha desperdiçado seu dinheiro. —observando Lucius com interesse renovado.

—Posição Inicial, mostrem ao novato como treinamos! —Titus gritou para todo o grupo.

Os cinco novatos então formaram uma linha, e assumiram uma postura básica de combate, pernas afastadas, joelhos flexionados, espada erguida em posição de defesa, Lucius então tentou se adaptar a posição com base nos movimentos observados.

—Primeira sequência —Titus ordenou.

Os recrutas executaram uma série de golpes em sequência, corte diagonal, estocada, bloqueio e finalizando com um corte na horizontal.

Lucius primeiro observou a primeira sequência completa de movimentos, antes de tentar executá-las, quando iniciou a execução dos movimentos, percebeu que sua coordenação era minimamente superior se comparado com os outros novatos, apesar de sua fraqueza atual, seus movimentos, embora longe da perfeição, possuíam uma fluidez que faltava nos outros.

Titus então se aproximou e disse elevando sua voz:

—Continuem até que seus braços implorem por misericórdia!

Enquanto os exercícios eram executados, Lucius notou que estava sendo observado não apenas por Titus, mas também por Marcus, que agora o estava estudando de longe com certo interesse.

Ao mesmo tempo, percebeu olhares hostis dos outros novatos, sua certa facilidade com os exercícios básicos, já estava chamando atenção, como uma ameaça em potencial na hierarquia da formação.

As horas então passaram com o treinamento implacável, o sol intenso aumentando a temperatura no pátio cercado por grandes muros, suor escorria em excesso, enquanto sentia uma dor intensa em seus músculos, a sua garganta estava ressecada, mesmo assim Lucius persistiu com uma obsessão fora do comum, ignorando seu próprio desconforto, forçando seu corpo além do limite.

Enquanto os novatos diminuíram o ritmo ou executavam os movimentos de forma desleixada, Lucius mantinha uma precisão constante, cada repetição perfeita era um investimento, sendo acumulado para a sua própria sobrevivência e futuro.

—Pausa para água —Titus finalmente anunciou, após o que parecia horas de treinamento interminável.

Os novatos então caíram indo em direção a um grande barril de água, um por um beberam em grandes quantidades, satisfazendo sua sede usando conchas de madeira rústica, Lucius esperou sua vez enquanto observava o grupo, e então notou um jovem com traços nórdicos, que empurrava os outros para monopolizar o direito da água, a hierarquia já estava sendo estabelecida, logo em seu primeiro dia.

Quando finalmente chegou sua vez, o jovem de aparência nórdica disse com sorriso malicioso.

—Os novos bebem por último, se sobrar algo.

Era claramente uma declaração de dominância, a resposta de Lucius iria definir qual seria sua posição na hierarquia desse grupo, que também iria influenciar como seria tratado no futuro.

Lucius calculou rapidamente suas opções, se submeter seria perigoso, mas se escolher o confronto, iria consumir muita energia de forma desnecessária, e poderia resultar em sérios ferimentos, ele então escolheu a terceira opção.

—Você tem razão, claramente você precisa de mais água do que eu, seus movimentos na última série estavam bastante lentos, a sede deve estar te afetando —Lucius disse com uma voz calma enquanto dava um passo para trás.

O comentário foi alto o suficiente para Titus que estava observando de perto ouvir, ele atingiu o seu objetivo, o Nórdico corou de raiva enquanto avançava:

—Você…

—Problemas? —A voz de Marcus interrompeu a tensão, o lanista havia se aproximado e agora os observava com uma expressão ilegível.

O Nórdico imediatamente recuou.

—Não, eu estava apenas explicando as regras ao novato.

Marcus então respondeu friamente.

—As únicas regras aqui são as que eu estabeleço, quem treina bebe, quem perde meu tempo com jogos infantis de dominância... —A frase incompleta deixou a ameaça clara.

O jovem nórdico então se afastou, lançando um olhar de ódio em direção a Lucius, antes de retornar ao seu lugar.

Lucius então bebeu rapidamente em grandes quantidades, pois estava há um bom tempo sem beber qualquer tipo de líquido.

Marcus então chegou ao seu lado enquanto dizia em voz baixa:

—Você escolheu não lutar.

Lucius simplesmente respondeu:

—Ele não era uma ameaça real, lutar agora só seria desperdício de energia.

Um breve sinal de aprovação apareceu no rosto do Lanista:

—A maioria dos novatos, tenta provar sua força, e geralmente são os que mais apanham antes do pôr do sol.

—Não tenho nada a provar, apenas quero sobreviver —disse Lucius.

—Hmm, termine o treinamento hoje amanhã você vai treinar com armas reais. —Marcus então o estudou por mais um momento.

Quando o lanista foi embora, Lucius então compreendeu que havia passado no primeiro teste, aquele que seria o mais sutil, o de comportamento, Marcus havia identificado algo além da sua capacidade física.

O restante do dia teve uma rotina brutal alternando entre exercícios físicos e práticas de combate, Lucius estava completamente exausto, seus músculos estavam tremendo com excesso de fadiga acumulada.

—Formação! —Titus então gritou, os novatos então se alinharam rapidamente, incluindo Lucius.

Marcus então reapareceu, enquanto caminhava lentamente diante dos recrutas exaustos:

—Sobreviveram ao primeiro dia, alguns de vocês podem não acordar amanhã, conforme o limite que vocês foram submetidos hoje. —Marcus fez uma pausa deliberada antes de continuar: —Se sobreviverem talvez se tornem algo útil.

E então se dirigiu diretamente a Lucius enquanto apontava em sua direção:

—Como devemos chamá-lo?

A pergunta pegou Lucius de surpresa, devido ao ritmo intenso do dia, ele não havia considerado a questão do seu nome.

—Lucius —respondeu de forma automática.

—Lucius, sem nome de família? —Marcus repetiu.

Foi então que fragmentos de memória flutuaram em sua consciência e completou:

—Mordus.

Marcus assentiu lentamente:

—Muito bem Lucius Mordus, amanhã vamos ver o quanto seu nome vale.

Os novatos então foram escoltados de volta às suas celas, pelos guardas armados, no caminho, Lucius reparou em outras áreas do Ludus, alojamentos melhores eram reservados para gladiadores veteranos, os quartéis dos guardas, a residência principal de Quintus, as áreas de armazenamento, cada detalhe era armazenado em sua memória já que poderia ser útil para os seus planos.

Quando a porta pesada da sua cela se fechou, encontrou o Caius sentado, no mesmo lugar de antes.

—Ainda vivo? —O velho Gladiador comentou: —Muito impressionante para alguém que estava à beira da morte essa manhã.

Lucius logo em seguida se sentou, seus músculos gritavam de dor:

—Quanto tempo você sobreviveu aqui? —perguntou de forma curiosa.

—Sete anos, uma eternidade para um gladiador, vi centenas que chegaram e morreram —Caius respondeu.

Antes que pudesse continuar a sua conversa, a pequena janela na porta de sua cela, se abriu, e foi empurrada duas tigelas de madeira contendo uma papa cinzenta e dois pedaços de pães secos.

—Comam, amanhã começa cedo —O guarda então ordenou.

Quando a janela se fechou, Caius pegou a sua porção rapidamente, enquanto comia de forma rápida pelo excesso de fome, Lucius então aprendeu a sua primeira lição de sobrevivência:

—Coma quando puder e durma quando puder, nunca se sabe se terá outra chance.

Lucius aceitou o conselho, consumindo rapidamente sua comida, enquanto estava comendo, sua mente estava processando tudo o que ele havia aprendido hoje, avaliando as alianças em potenciais, identificando futuras ameaças, reformulando estratégias de adaptação.

—Você é diferente dos outros que vi chegar, geralmente eles chegam cheios de medo ou raiva, outros choram por suas famílias, juram vingança contra aqueles que os escravizaram. —Ele estudou Lucius com interesse genuíno: —mas você, é um pouco diferente, apenas observa, como se isso tudo fosse apenas um problema complexo a ser resolvido.

Lucius após terminar sua refeição:

—Sem memórias, ou laços afetivos... talvez seja uma vantagem.

—Talvez, ou também pode ser apenas questão de tempo, até que descubra que você foi algo monstruoso em sua vida. —Disse rindo baixo enquanto terminava seu comentário: —Os deuses têm um senso de humor peculiar, enviando homens como nós para arenas como essas.

Lucius não respondeu, apenas se deitou no chão frio, se ajustando em uma posição para minimizar o desconforto, pois precisaria de um bom descanso para o seu desempenho no dia seguinte.

Quando o sono chegou antes de fechar seus olhos, um pensamento surgiu em sua mente:

"Neste mundo de constrangimento e limitações, a verdadeira Liberdade vem através do poder, vou me tornar a ferramenta mais afiada, a mais valiosa até chegar o momento em que eu posso ser livre em meu próprio caminho."

O plano era simples no conceito, mas difícil em sua execução, sobreviver, aprender, adaptar e evoluir, um passo de cada vez com a paciência infinita e uma determinação Implacável.

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