Ficool

Lux sin

lightnether
--
chs / week
--
NOT RATINGS
7.6k
Views
Synopsis
Renascido em um corpo desconhecido, Noctis se vem em um mundo de cultivo, portador de um físico único e um par de olhos lendários que lhe concedem uma compreensão única ele irá desafiar os céus.
VIEW MORE

Chapter 1 - Capítulo 1

Uma carruagem sendo puxada por dois cavalos de pelagem vermelha como sangue seguia por um caminho na floresta.

O cocheiro, um homem careca com uma cicatriz debaixo do olho, usando roupas gastas e escuras, seguia despreocupadamente o caminho.

Atrás deles, dois outros homens, esses bem mais equipados com armaduras leves e espadas na cintura, andavam com expressões solenes, ocasionalmente lançando um olhar para a cela na parte de trás da carruagem.

As pessoas dentro da cela da carruagem eram compostas completamente de homens, todos com idades variadas; alguns já passavam dos 30, e outros pareciam nem ter chegado aos 15.

Todos tinham expressões vazias em seus rostos, se encolhiam no chão e tentavam se cobrir com palha na tentativa de espantar o frio cortante que soprava ali na floresta.

Ali perto do começo da carruagem podia-se encontrar um garoto; ele estava jogado no chão, totalmente exposto ao relento. Curiosamente, seu corpo não parecia se incomodar com o frio, na verdade, ele nem se mexia.

Algumas pessoas olhavam para o garoto com expressões curiosas, muitos atraídos pela aparência única que ele tinha.

Seu rosto parecia ser esculpido em mármore; sua pele era impecavelmente branca e perfeita. Ele tinha um corpo que estava coberto por uns trapos, só poderia ser descrito como perfeito aos olhos mortais, com mais de 1,75 de altura, belos cabelos pretos curtos; o garoto conseguiria tanto olhares femininos quanto masculinos.

Alguns homens o olhavam de uma forma lasciva, já pensando em como profanar o corpo do garoto.

Então, com um espasmo involuntário, o garoto acordou gritando:

— HAAAAAAA!!!

Ele berrou em pânico enquanto se levantava abruptamente do chão da cela.

— Silêncio!!! — o cocheiro gritou com uma expressão furiosa no rosto, enquanto se virava para a cela.

Todos ali se encolheram de medo, lançando olhares furiosos para o garoto.

O garoto em questão pareceu não ouvir a reclamação dele, enquanto olhava para as suas mãos com uma expressão vazia, seus olhos castanhos.

A expressão vazia foi substituída por uma profunda confusão em seu rosto, enquanto uma série de memórias tomava conta da sua mente.

— Eu… eu sou Noctis, e eu sou da Terra, sim, eu sou humano — ele murmurou com uma expressão perdida no rosto, ganhando olhares confusos das pessoas ali presentes.

Ele olhou ao redor em confusão; a gaiola onde ele estava, a floresta, até as pessoas e as vestimentas que elas usavam, não tinham nada a ver com o que Noctis se lembrava do seu mundo.

— Onde nós estamos? — ele perguntou a um homem que estava de cabeça baixa ao seu lado.

O homem olhou cautelosamente para o cocheiro, e, vendo que ele parecia não se importar com a conversa, respondeu sussurrando:

— Onde estamos eu não sei. O que sei é que você vai acabar morto se não calar a boca.

Noctis seguiu o olhar amedrontado do velho até a cintura do cocheiro, onde repousava uma espada curta na bainha.

Vendo a lâmina, Noctis rapidamente resolveu se calar e começou a raciocinar.

— Onde eu estou? — ele se perguntou. A última coisa que ele se lembrava era de estar indo dormir na sua cama.

Ele olhou novamente para as suas mãos, com mais atenção dessa vez, vendo a cor branca que não era natural. Ele teve uma premonição ruim. Olhando novamente para as pessoas, para o local e para os animais, principalmente para os cavalos de uma pelagem que ele nunca tinha visto antes, uma percepção o atingiu:

— Eu transmigrei? — ele se perguntou. Ele não era estranho ao gênero em questão, já tendo lido diversos livros sobre esse tema de fantasia, mas até então era só fantasia. Ele nunca imaginou que isso viria a acontecer, principalmente com ele.

— O único problema é que minhas memórias estão uma bagunça, eu não lembro de muita coisa da Terra — ele murmurou.

— Hum... — ele pensou, com a mão no queixo. — Sistema! — ele gritou dentro da sua mente, mas foi recebido por um silêncio constrangedor.

— Droga, parece que eu não tenho um sistema para me ajudar — ele suspirou, desanimado.

Ele recostou a cabeça nas barras e estreitou os olhos como se quisesse fechá-los. Quando estava prestes a fechá-los, o mundo mudou.

O mundo mudou, tomando um tom perpétuo de cinza, com algumas colorações variadas ao redor.

Ele piscou, atordoado, e estreitou os olhos novamente, entrando novamente nesse mundo cinza.

Olhando ao redor com seu novo olhar, ele viu algumas variações de cores; alguns locais variavam em tons de amarelo, verde, azul e outras cores do espectro.

Olhando para as pessoas na gaiola, elas mantinham uma cor constante de cinza avermelhado, mas os cavaleiros tinham uma cor vermelha ameaçadora cobrindo seus corpos.

— Interessante — ele murmurou baixinho. — Parece que meu "dedo de ouro" são meus olhos.

Ele já estava animado com as possibilidades.

Ele rapidamente fez uma associação às cores que viu:

— Se eu posso deduzir, então a cor vermelha deve representar perigo. Isso deve explicar por que as pessoas dentro da gaiola têm essa cor; talvez representem pouca ou nenhuma ameaça a mim.

Então ele olhou ao redor:

— Mas e as outras? — ele se questionou. As outras eram cores que ele não conseguia entender de imediato.

— Bem, vamos esperar para ver aonde nós vamos, para que eu possa obter mais respostas — ele se encostou despreocupadamente na barra enquanto olhava para o sol que parecia ter acabado de nascer.

O dia passou de forma monótona, onde Noctis continuou a testar seus olhos.

Ele finalmente conseguiu descobrir para que as outras cores serviam.

As cores pareciam representar a oportunidade, o quanto aquilo o beneficiaria, ao que parecia.

A luz amarela representava pouca oportunidade, e a azul representava a maior.

Ele teve essa descoberta quando serviram a comida.

Era uma cesta de pão seco, repleta de cores azul, amarelo, verde e vermelho.

Ele rapidamente pegou um pão manchado pela tonalidade azul e viu um homem pegar um com tonalidade vermelha.

O pão que ele pegou estava inesperadamente macio, mas o pão do homem parecia podre, já que ele começou a passar mal logo depois.

Com essa nova informação, ele começou a ver o mundo de uma maneira diferente.

As cores agora representavam suas oportunidades nesse mundo.

A carruagem continuou a andar pela estrada pelo resto do dia.

No fim da tarde, quando o sol lançava um brilho laranja avermelhado no horizonte, pintando o céu, ele finalmente viu o seu destino.

Um pouco mais à frente existia uma imensa área aberta, cercada por uma cerca de metal presa com madeiras de maneira espaçada, uniformemente, com o que pareciam lamparinas na ponta de cada uma das estacas.

À frente, existiam duas cabanas de madeira, com dois homens em cada uma, armados com arcos e aljavas de flechas, onde eles guardavam um portão de metal que dava acesso ao complexo.

O cocheiro chegou à frente do portão, que logo foi aberto de maneira lateral.

Lá dentro, o local parecia uma mina, com diversos buracos no chão e cordas amarradas a cavaletes de madeira para dar acesso aos buracos.

Diversas pessoas saíam carregando carrinhos de entulho, que eram levados a locais para serem limpos.

O cocheiro parou a carruagem e um dos homens que nos escoltavam abriu a cela.

— Desçam logo — ele disse com tom impaciente.

Os homens saíram de maneira ordenada da cela; alguns perderam o equilíbrio na saída, caindo de joelhos no chão e ganhando olhares zombeteiros dos guardas.

Noctis saiu da carruagem sem problemas e seguiu os outros, junto a um dos guardas que se direcionava a um palanque.

Lá estava um homem bem vestido, com uma blusa azul coberta por um sobretudo preto, calças pretas e sandálias marrons.

Ele tinha um olhar animado enquanto olhava para nós.

Eu podia sentir a ganância em seu olhar e, olhando para o local onde estávamos, já podia ter uma ideia do porquê.

— Boa noite, senhores — ele falou em um tom elevado. — Meu nome é Azadrax, e eu sou o seu dono.

Muitos suspiraram em desânimo com essa notícia, e Noctis já começava a juntar as peças sobre a situação em que se encontrava.

— Eu os trouxe aqui com tanto luxo para que vocês possam me fazer um favor — ele disse enquanto colocava a mão no bolso e tirava o que parecia ser uma esmeralda.

A pedra tinha uma linda tonalidade de verde escuro, como musgo de floresta.

Noctis usou seus olhos na pedra, que adquiriu uma tonalidade levemente amarelada, indicando que ela não era muito valiosa, pelo menos não aos seus olhos.

— Muitos de vocês provavelmente não sabem o que é isso. Isto é jade espiritual, um mineral formado naturalmente na presença de uma grande quantidade de energia do céu e da terra. Eu os trouxe aqui para que vocês adquiram isso para mim — ele disse em um tom calmo, ganhando olhares medrosos dos homens.

— Não me olhem com esses rostos, vocês são escravos agora, suas vidas foram vendidas a mim.

— Mas não se preocupem, eu sou um mestre muito benevolente. Para os 10 que mais trouxerem jades a mim, eu os recompensarei com um alojamento daqueles — ele disse apontando para uma área elevada que eu não tinha notado a princípio.

Lá existiam belas cabanas de pedra e madeira finamente trabalhadas; elas eram enormes, facilmente cabendo mais de uma pessoa dentro.

Todos olharam para a cabana com entusiasmo, e Azadrax sorriu com a reação deles.

— Para a referência de vocês, cada cabana cabe exatamente 5 pessoas dentro. Para que possam ter a chance de ter uma dessas belezinhas, vocês têm que me trazer no mínimo 10 jades cada um até o final do mês. A pureza não importa muito, e, claro, quanto mais pura, mais benefícios vocês terão.

— Vocês receberão quatro equipamentos: uma picareta, um balde, um saco para dormir e uma peneira. Elas serão suas amigas daqui em diante. Tratam, cuidem e limpem-nas como se fossem suas mães. Outra coisa: vocês podem optar por fazer todo o trabalho sozinhos, mas eu desaconselho isso. Tentem achar um local onde se encaixem e busquem uma equipe para que possam crescer juntos.

— Que astuto — Noctis pensou. Azadrax era realmente um mestre na cenoura e no pau.

— Agora prestem atenção — ele chamou nossa atenção enquanto pegava um pote. — Aqui dentro têm diversos números e cores escritos em papéis, eles indicam o local onde vocês vão ficar hoje, o número da mina onde vão trabalhar e o número do equipamento no galpão.

Ele colocou o pote no chão e chamou o primeiro homem do nosso grupo. O homem colocou a mão no pote e logo retirou um pedaço de papel. Ele abriu o pedaço de papel, mas franziu a testa logo em seguida.

— Algum problema? — Azadrax perguntou.

— É que eu não sei ler — o homem respondeu, envergonhado.

— Me dê — Azadrax pegou o papel da mão do homem. — Você vai ficar na área vermelha, caverna 20, o número do seu alojamento é 56 e o do seu equipamento é 45 — ele respondeu calmamente, entregando o papel para o homem e indicando onde ele iria ficar.

Ele se virou para o nosso grupo:

— Quantos de vocês não sabem ler? — ele perguntou.

Mais da metade, inclusive eu, levantaram a mão. Eu podia entender a linguagem, mas não tinha certeza se conseguiria ler.

Um a um, nossos destinos foram determinados, até que chegou a minha vez.

Azadrax olhou para o meu rosto por um bom tempo e logo depois deu um bufo zombeteiro.

Eu coloquei a mão no pote e, para minha surpresa, consegui ler aquilo, mas não deixei transparecer na minha expressão e entreguei o papel a ele.

— Zona cinza, caverna 7, equipamento 21. Boa sorte, garoto bonito — ele disse com um sorriso sinistro.

Não pude deixar de sentir um arrepio na espinha com o apelido que ele me deu.

Noctis rapidamente saiu dali e se dirigiu até o local que ele indicou.