Alpha X já estava mergulhado na coleta de dados quando decidi dar um foco mais específico à pesquisa. O tempo escorria pelos meus dedos, e cada dia perdido poderia custar caro.
Olhei para a projeção flutuando diante de mim, os símbolos se reorganizando em padrões estranhos.
"Filtre os dados", pedi em voz baixa, quase para mim mesmo. "Procure por eventos incomuns, concentrações de chakra ou energia espiritual que possam acontecer dentro de dois meses, perto da Vila Oculta da Folha."
As luzes tremularam. O holograma respondeu reorganizando mapas e fragmentos de texto. Alpha X falou com aquela voz calma, metálica e precisa:
"Análise concluída. Detectei instabilidades de chakra em Konoha. Os registros coincidem com áreas médicas e zonas residenciais de alta densidade. Contudo, os dados históricos não oferecem precisão absoluta."
Diversos pontos vermelhos brilharam no mapa. A visão de tantos sinais me trouxe mais dúvidas do que respostas. Balancei a cabeça, descontente.
"Isso não basta. E quanto a distorções de espaço ou tempo? Alguma coisa anômala, algo que alguém tentou esconder?"
Dessa vez houve silêncio. A projeção congelou por instantes que pareceram minutos, até que Alpha X respondeu de forma contida, quase hesitante:
"Leituras fracas, mas consistentes, em uma floresta ao nordeste da vila. Oscilações de chakra intermitentes, como se houvesse tentativas de ocultação."
Me aproximei do holograma, analisando a região que se ampliava. Apenas árvores densas, terreno irregular, nada além do comum à primeira vista. Ainda assim, meu instinto me dizia o contrário.
"Verifique mais fundo. Barreiras, selos, o que estiver escondido."
A espera se arrastou. O ar da sala parecia pesado, como se estivesse prendendo a respiração junto comigo. Então Alpha X falou de novo, e cada palavra caiu como um peso no meu peito:
"Assinatura detectada. Chakra poderoso, contido em uma barreira complexa. Local subterrâneo, em uma clareira isolada. Classificação energética: besta de chakra de nível catastrófico."
Meu coração disparou. Kyuubi. Não havia outra explicação. Apertei os punhos e murmurei quase sem perceber:
"É ali. É o selamento."
Mas ainda faltava o outro ponto, talvez até mais importante. O nascimento.
Respirei fundo, ajustando o foco. "Agora, volte-se para Konoha. Procure hospitais ou maternidades que, há cerca de dois meses, tenham recebido reforço anormal de segurança. Quero qualquer pista sobre partos sigilosos."
A busca demorou mais do que eu gostaria. Símbolos piscavam, desapareciam, voltavam a se formar. Quando Alpha X finalmente respondeu, a sala parecia ter ficado menor, como se estivesse me empurrando contra as paredes.
"Um padrão detectado. Aumento significativo de ninjas de elite em torno de uma maternidade específica. Os registros citam a paciente: Kushina Uzumaki."
O nome bateu dentro de mim como um trovão abafado. Kushina. A peça que confirmava todo o quebra-cabeça. A mãe de Naruto.
Minha respiração ficou pesada, mas não descontrolada. Olhei para os dois pontos brilhando no mapa: a maternidade no coração de Konoha e a clareira oculta ao nordeste. Ali estavam os lugares onde o destino começaria a se partir.
"Marque ambos e mantenha vigilância constante. Qualquer variação de energia, qualquer anomalia… me avise imediatamente."
As luzes refletiam no meu rosto, mas dentro de mim tudo parecia escuro. Eu estava perto demais agora. Dois meses. Só isso. E quando chegasse a hora, cada decisão minha poderia alterar o futuro de todo aquele mundo.
O destino estava traçado, mas eu tinha acabado de encontrar os fios que poderiam rasgá-lo.