Ficool

Chapter 23 - 23#

Agora, com o Coração do Dragão Vermelho, o corpo de Kaya já não tinha mais limitações. Pela primeira vez em sua vida, ela sentia que poderia andar pelo mundo sem medo de fraquejar. Um sorriso radiante tomou seu rosto — era como se tivesse renascido.

Nunca imaginara que Leon lhe daria algo tão precioso: a chance de viver livremente, sem a sombra da doença. Seu coração palpitava de felicidade.

— Red Dragon Heart… — murmurou Nami, saboreando o nome. Mesmo sem entender ao certo, sabia que só o título já carregava um peso enorme. Um poder digno de ser comparado ao de um dragão.

Nami se remexeu incomodada. Ter adormecido e perdido a chance de receber algo assim a deixou com um gosto amargo. Seu Fruto Escorregadio parecia quase inútil perto do que Kaya havia conquistado.

— Isso é… incrível — disse, forçando um sorriso.

Kaya, porém, virou-se para ela com um olhar firme.

— Senhorita Nami, por favor… cuide bem do Senhor Leon no navio.

Nami piscou, surpresa. — Mas… você não vai vir conosco? Seu corpo está curado, você poderia navegar.

Ela realmente acreditava que Kaya se juntaria a eles, mas a resposta foi inesperada.

— Justamente porque recuperei minha força é que quero buscar ainda mais poder. Leon me deu uma nova vida, e não posso desperdiçá-la. Quando chegar a hora, quero poder ajudá-los… ajudar você. — Kaya sorriu, os olhos brilhando com determinação.

Nami ficou em silêncio por um instante. Sua própria mente estava tomada pelo desejo de derrotar Arlong e, se possível, trazer sua mãe de volta. Não pensava além disso. No fundo, porém, invejou a coragem de Kaya.

— Hmph. Eu vou cuidar de Leon, sim. Ele é meu co-capitão, afinal. Mas não me peça mais nada além disso. — Nami cruzou os braços, fingindo desdém.

Kaya apenas riu suavemente. — Se for você, Nami, está ótimo.

As duas trocaram um olhar cúmplice antes de se deitarem lado a lado, adormecendo abraçadas como velhas amigas.

Na manhã seguinte, o silêncio foi rompido pelos gritos.

— Minha carne! É minha!

— Cale a boca, essa carne é minha!

— O que eu vi primeiro é meu!

Leon abriu os olhos com dificuldade. Era pior que um despertador. Espreguiçou-se, resmungando. A vida deitado parecia cada vez mais distante.

A voz do sistema ecoou em sua mente:

[Recompensas do Diário Parte 2: +4.000 pontos de força, Técnica de Espada (Intermediária), Haki do Armamento (Intermediário)]

Leon sorriu satisfeito. O poder do Haki em especial era uma dádiva. Sabia bem: em Grand Line, nada superava a supremacia de um Haki desenvolvido. Nem mesmo os frutos mais poderosos podiam ignorá-lo.

Pensou em batalhas lendárias. Shanks contra Kid — o magnetismo no máximo contra o Haki no máximo. Kid não teve chance sequer de revidar. Assim era a diferença entre talento e verdadeiro poder.

— Muito bom… mas já está na hora de me darem o Haki do Rei. Preciso ser ainda mais imponente. — resmungou para si mesmo, rindo da própria ambição.

Do lado de fora, a voz doce de Kaya o chamou:

— Senhor Leon, o café da manhã está pronto!

Quando saiu, encontrou-a diferente. Sua pele tinha cor, seus olhos transbordavam energia. Já não parecia a jovem frágil de antes, mas uma mulher cheia de vida.

Todos se reuniram para comer. Luffy e Usopp disputavam cada pedaço de carne como animais, enquanto Zoro apenas suspirava, indiferente. Usopp, vez ou outra, desviava o olhar para Kaya, como se ainda carregasse culpa por não tê-la defendido.

Depois da refeição, Kaya os conduziu até a encosta atrás da mansão. Ali, um navio aguardava: a proa em forma de carneiro parecia sorrir para o mar.

— Me perdoem, senhores Luffy e Leon. — Kaya baixou os olhos. — Este é o melhor navio que posso lhes oferecer agora.

Luffy sorriu de orelha a orelha, correndo até o convés. — Está perfeito! Vai ser o nosso navio pirata!

Zoro cruzou os braços e deu de ombros. Pela primeira vez, tinham uma embarcação digna. Não era muito, mas já os fazia parecer uma tripulação de verdade.

— Também coloquei mantimentos e água doce a bordo. — disse Kaya, aliviada por ver a alegria deles.

Luffy ergueu o punho. — Então vamos partir!

Antes de embarcar, Leon segurou a mão de Kaya com ternura, acariciando-a entre os dedos.

— Sentirei sua falta. — murmurou, olhando-a como se quisesse gravar aquela imagem para sempre.

O rubor tomou o rosto dela. — Nós nos veremos de novo no mar. Eu prometo.

Nami pigarreou atrás deles, impaciente. — Se quiser casar, fica aqui logo. Estamos partindo!

Leon sorriu, relutante, e subiu a bordo. Usopp, por sua vez, ficou parado diante de Kaya, os olhos marejados.

— Me perdoe, Kaya… não tive coragem de enfrentá-lo.

Ela apenas sorriu com doçura. — Eu sei que um dia você será um verdadeiro guerreiro do mar.

Uma mão enorme puxou Usopp pelo colarinho e o jogou dentro do navio. O Going Merry deslizou pelas águas, deixando para trás a vila de Syrup — e uma jovem que, agora, carregava o coração de um dragão.

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