— O senhor Leon tem apenas um coração puro, sem maldade comigo. — disse Kaya suavemente, os olhos brilhando. — Na verdade, fico feliz de estar no diário dele. Se não fosse por isso, talvez eu ainda estivesse no escuro, enganada por aquele homem.
Ela sorriu, lembrando-se da maneira humilde e cavalheiresca com que Leon havia lhe estendido a mão. Mas também se recordava das palavras no diário — sua revolta contra esse mundo cruel e a sede de liberdade.
— Embora ele viva escrevendo sobre esposas e casamentos… Talvez seja apenas porque, no mundo de onde veio, ele nunca pôde se libertar. Aqui, Leon está apenas mostrando sua verdadeira natureza. — Kaya baixou a voz, suspirando. — E mesmo assim… sinto-me feliz por estar em seus pensamentos.
Nami ficou em silêncio. No fundo, achava que "liberdade" para Leon significava outra coisa: pura lascívia. Mas não teve coragem de dizer isso. Não quando via os olhos de Kaya brilhando como os de uma jovem que acabara de conhecer o próprio príncipe encantado.
De repente, o diário vibrou nas mãos das duas.
[Ding! Foi detectada outra cópia do diário nas proximidades. Deseja adicionar como amiga?]
Nami e Kaya se entreolharam, surpresas.
— Sim! — responderam em uníssono.
As páginas viraram sozinhas, até surgir uma aba simples: uma lista de amigos. Nela, apenas os dois nomes apareciam. Logo depois, um pequeno quadro de conversa brilhou.
Era como um den-den mushi invisível, mas ainda mais íntimo. Elas podiam enviar pensamentos uma para a outra, até mesmo compartilhar imagens em tempo real. Porém, isso consumia energia física — quanto maior a distância, maior o desgaste.
— Isso é maravilhoso! — Nami sorriu, empolgada.
O brilho, no entanto, desapareceu do rosto de Kaya. Seu corpo frágil sempre lhe cobrara limites. Se cada mensagem drenava sua energia, será que conseguiria conversar muito com Nami?
...….
Enquanto as duas descobriam a nova habilidade do diário, Leon e Luffy chegavam ao portão da mansão de Kaya. O chão estava repleto de guardas inconscientes e até Merry jazia caído.
— Deixa comigo! — Zoro girou as espadas, confiante. — Não preciso nem do capitão para lidar com esse mordomo.
Leon não disse nada, apenas cruzou os braços.
Mas assim que Zoro entrou no salão, um estrondo sacudiu o ar. Seu corpo voou para fora como uma bala, colidindo contra uma árvore e deixando o tronco rachar.
— Zoro?! — Luffy arregalou os olhos.
Leon piscou, atônito.
[Lá se foi o nosso espadachim… em segundos! Que vergonha, justo ele. Mas pensando bem, Kuro não era qualquer um. Antigo capitão pirata do East Blue, recompensa de 16 milhões, dominava até uma das técnicas do Rokushiki. Rápido como um fantasma. Já Zoro… sempre confiou na força bruta, carece de velocidade. Era previsível.]
Do meio da fumaça, surgiu Kuro, vestindo suas garras de aço. Ajustou os óculos com calma, e o reflexo das lentes brilhou frio como gelo.
— Sujaram meus planos… por isso, morrerão. — sua voz gélida calou o jardim.
— Seu desgraçado! — Luffy avançou, punho esticado, o braço se alongando como uma catapulta.
Leon permaneceu imóvel, observando. Ele poderia acabar com aquilo num piscar de olhos, transformando-se em trovão e obliterando Kuro. Mas não o fez.
Quando caíra naquele mar, se não fosse Luffy, teria se afogado. Devia a ele. Além disso, os Chapéus de Palha precisavam crescer. Se Zoro e Luffy não enfrentassem batalhas assim, nunca alcançariam o patamar que ele sabia que lhes aguardava no futuro.
Leon caminhou até Zoro. O espadachim sangrava, o corpo marcado por cortes profundos, alguns tão fundos que deixavam o osso à mostra.
— Fui descuidado… — Zoro cuspiu sangue, tentando se levantar. — Leon, avise o Luffy: esse homem é rápido. Invisível. Um fantasma.
Leon olhou para ele com pesar.
— Se continuar nesse ritmo, Zoro, não sobreviverá à Grand Line. — murmurou.
À frente, Luffy rosnava, determinado a não recuar. Kuro ajeitou os óculos mais uma vez e desapareceu num lampejo.
O confronto estava apenas começando.