À distância, Luffy e Zoro arregalaram os olhos.
Nunca imaginariam que aquele mordomo irritante fosse, na verdade, um pirata.
Leon e Nami não se surpreenderam.
Afinal, já conheciam a verdadeira identidade de Kuro.
Mas Leon ficou confuso — aquilo não estava de acordo com o que lembrava da história.
[Mas que droga… como assim a trama mudou tanto? Era para Kuro ser desmascarado depois, com Kaya revelando a verdade, e só então a gente derrotaria ele. No fim, Kaya nos daria um navio em agradecimento. Mas agora? Kaya investigou sozinha por um ano inteiro e jogou a bomba na frente de todos. Isso não é a Kaya da minha memória… e ainda assim, sinto meu coração acelerar.]
Nami também se assustou. Um mau pressentimento apertou seu peito.
— Luffy, Zoro, Leon! Salvem aquela moça agora. Se ela cair, nosso navio vai junto! — gritou, fingindo desconhecer o diário de Leon.
Sem pensar duas vezes, Luffy e Zoro avançaram contra Kuro.
O mordomo retirou os óculos, e seu corpo se moveu como uma sombra. Com um único chute, arremessou vários aldeões para longe, fazendo-os cuspirem sangue antes de desmaiar. Prestes a atacar de novo, foi interceptado.
— Esse sujeito tem força. — Zoro empunhou as katanas, a aura de um guerreiro emanando de seu corpo.
— Não gostei dele. — Luffy franziu a testa, já em posição de combate.
— Insetos… — rosnou Kuro, com os olhos cheios de fúria.
Avançou veloz, tentando ignorar os dois para alcançar Kaya. Mas os braços de Luffy se esticaram, enrolando-se em torno dele.
— Uma Akuma no Mi?! — Kuro arregalou os olhos. Com um movimento rápido, ergueu a perna e chutou uma lâmina oculta na direção do braço de Luffy. Forçado a recuar, o garoto retraiu os membros. Em segundos, Kuro havia descoberto sua fraqueza.
Enquanto os dois lutavam, Leon não se meteu. Em vez disso, correu até Kaya.
— Senhorita, você está bem? — perguntou, inclinando-se para tomar a delicada mão dela.
Kaya o fitou como se o tempo tivesse parado. Finalmente estava diante do dono do diário. Aquele sorriso calmo, que parecia aquecer seu coração, a deixou sem fôlego.
— Estou bem. Pode me chamar de Kaya… — respondeu, firme. — Por favor, acabe com o homem que matou meus pais. Se me ajudar, eu darei tudo o que for preciso.
As mãos frágeis repousaram sobre o peito de Leon. O toque trêmulo, a confiança nos olhos dela — algo nele se quebrou por dentro.
[Kaya… tão pura, tão frágil, tão corajosa. Uma Lin Daiyu em forma de pirata, delicada e irresistível. Como não proteger alguém assim? Hoje, mesmo que Kaido apareça, juro que a vingança dela será feita.]
— Não se preocupe — disse Leon, sua voz baixa e segura como uma promessa. — Eu e meus companheiros cuidaremos disso. Agora, deixe-me levá-la a um lugar seguro.
Com um movimento suave, apoiou uma mão em sua cintura e a ergueu nos braços. Num instante, transformou-se em faíscas de trovão e reapareceu ao lado de Nami.
— Nami, cuide dela para mim. Eu vou ajudar Luffy e Zoro.
— Pode deixar! — respondeu a navegadora, posicionando Kaya atrás de si.
Kaya o observava partir, o coração batendo descompassado. Ainda tremia, mas agora era de esperança.
— Você é… a Nami? — murmurou, sem esconder a curiosidade.
— Isso mesmo. Apenas Nami. — ela sorriu, tentando transmitir confiança.
As duas ficaram lado a lado, em silêncio. Kaya não sabia como perguntar, mas sentia que havia algo que as ligava.
Nami, percebendo o olhar da jovem, deixou escapar em voz baixa:
— Kaya… você já viu um diário?
Kaya arregalou os olhos. Então, era verdade. Nami também possuía um exemplar. Sem dizer nada, tirou um caderno fino de dentro do vestido e mostrou.
[A cópia do Diário de Leon (Kaya)]
Nami sentiu o chão sumir sob seus pés.
— Então… você também…
Kaya sorriu suavemente.
— No diário, ele te chama de "esposa Nami".
O rosto da navegadora ficou vermelho na hora.
— Aquele idiota escreve cada besteira! — protestou, mordendo os lábios. — E você? Ele vive chamando de "esposa Kaya"!
As duas se olharam, constrangidas. Mas, por trás do rubor e da irritação, havia algo novo florescendo: uma cumplicidade silenciosa.