Kaya quase não tinha mais dúvidas: só podia ser obra de Leon.
O bando dos Piratas do Gato Preto devia ter sido destruído.
— Quero ir até a costa, Klahadore! — disse Kaya, firme.
Ela já tinha visto o capitão de Leon e o espadachim. Agora, queria aproveitar a chance para encontrar Leon também.
— À costa?… Irei com você — respondeu Kuro, após pensar um instante.
Na verdade, planejava usar Jango para hipnotizar Kaya. Quanto aos piratas recém-chegados, não se preocupava. Levou a jovem, em seu vestido longo, até a praia, sem Merry nem outros criados.
Na beira do mar, Leon aguardava com Jango prostrado diante dele.
O hipnotizador tremia, olhando incrédulo para os destroços ao longe.
Aquele poder… era como se a própria natureza tivesse decidido varrer seu bando da face da terra.
— Você sabe a sua situação. Mais tarde, quando chegar a hora, vai revelar o verdadeiro rosto do seu capitão. — Leon pousou a mão sobre a cabeça dele.
— Capitão?… — Jango entendeu na hora: aquele homem não estava atrás dele, mas de Kuro. E se tinha poder para reduzir seu navio a cinzas, então não haveria escapatória.
[Os Piratas do Gato Preto foram eliminados com perfeição. E ainda salvei uma bela garota que sofria nas mãos do destino.]
[Quando Kuro perceber que seu bando foi fulminado num instante, vai perder o controle.]
O bom humor de Leon contrastava com a tensão no ar. Logo depois, Luffy e Zoro chegaram, com cara de poucos amigos.
— A família da ilha não quis vender o barco pra gente — disse Luffy, coçando a cabeça.
Zoro, impaciente, tinha puxado o capitão de volta antes que ele insistisse demais.
[Nossa querida Kaya está sendo mantida sob vigilância por Kuro. Parece que vou ter que invadir a mansão dela e expor a verdade.]
Nami, já desperta e revigorada, se aproximou sem pressa de Leon. Parecia casual, mas os olhos estavam atentos.
— Então não conseguiram comprar o navio? — perguntou.
Zoro explicou a situação, e Nami suspirou. Também já tinha lido tudo no diário de Leon e sabia o que se passava. Sentia uma compaixão amarga por Kaya.
— Vamos juntos. Podemos pagar o dobro do preço de mercado por um barco. — disse, firme.
[Nami está diferente… gastar dinheiro sem pensar? Alguma coisa mexeu com ela. Será que alguém tomou o lugar da minha esposa? Hahaha.]
[Mas pouco importa. Já preparei tudo: tenho em mãos um dos capangas de Kuro e até a antiga recompensa dele. Vou expor sua identidade à luz do dia e conquistar a confiança de Kaya.]
Nami revirou os olhos ao ler o diário. Não queria gastar nada. Seu plano era simples: revelar a verdade, derrubar Kuro e obrigar os moradores a dar o navio em troca da liberdade.
— Olhem… a senhorita está vindo! — avisou Zoro, apontando.
Kuro se aproximava, conduzindo Kaya até a praia. Alguns aldeões de Syrup já estavam reunidos, recuperando os destroços do navio inimigo. Quando a bandeira dos Piratas do Gato Preto emergiu da água, Kuro ficou estático.
Um raio, em céu limpo… tinha sido o fim do seu bando?
— Senhor mordomo Klahadore! — Kaya ergueu a voz, encarando-o.
— Sim, senhorita? — perguntou Kuro, ajeitando os óculos com toda a calma que conseguiu reunir.
— Você é o capitão dos Piratas do Gato Preto.
O silêncio caiu pesado sobre a praia. Os aldeões se entreolharam, chocados.
— O que está dizendo, senhorita? Como eu poderia ser um pirata? — Kuro manteve o tom suave, mas em seus olhos faiscava uma raiva contida.
— Você matou meus pais há dois anos, para tomar nossa fortuna! — Kaya gritou, com lágrimas e ódio se misturando no rosto. — Investiguei. Li todas as recompensas do East Blue. Descobri que você é Kuro dos Cem Planos, o capitão que a Marinha declarou morto há três anos. Fingiu a própria execução, fugiu e se escondeu na nossa casa como mordomo!
A revolta explodiu entre os moradores da vila.
— O mordomo… um pirata?
— Fui enganado esse tempo todo!
— Ele matou os pais da Kaya, todos sabiam que eram pessoas boas!
— Expulsem esse desgraçado!
Homens simples, com ferramentas de lavoura nas mãos, cercaram Kuro.
O "mordomo" suspirou.
— Então… não preciso mais fingir.
O brilho de seus óculos refletiu a luz do sol.
A farsa tinha acabado.