— Então é verdade, existe esse tipo de imagem na sua cópia do diário.
Enquanto ria baixinho, Gion lançou um olhar curioso para Hina.
Esta, por sua vez, tragou fundo o cigarro e fechou sua cópia do diário sem hesitar.
Vendo a atitude da colega, Gion apenas mostrou um semblante de falsa decepção.
— Vice-Almirante Gion, vou ficar furiosa! — Ain resmungou, corando e encarando-a com indignação.
Naquele instante, ela percebeu claramente que havia sido provocada.
— Hehe, não fique brava, Ain.
— Que tal eu mostrar também o meu caderno no diário? — disse Gion, rindo.
— Q-quem é que quer ver esse tipo de coisa?! — Ain bateu o pé, envergonhada.
— Vice-Almirante Gion, então quer dizer que… — Hina interveio, séria. —
Essas imagens foram criadas por Victor, e é por isso que recebemos as cópias do diário?
— Exato — respondeu Gion, com um leve aceno de cabeça. — Não sei os motivos exatos, mas é o que suponho.
Ao mesmo tempo, percebi que em diferentes cópias há retratos e cadernos de personagens diferentes.
Por isso, se quisermos aprender mais sobre Victor, deveríamos compartilhar essas imagens entre nós.
Afinal, de acordo com o que está escrito no diário, o protagonista dessa história é ele mesmo.
Talvez assim possamos descobrir mais sobre quem ele realmente é.
Hina e Ain sentiram o instinto de recusar.
Afinal, algo tão embaraçoso não deveria ser compartilhado com os outros.
Mas Gion não lhes deu tempo: simplesmente enviou suas imagens e cadernos para elas pela interface de amigos.
As duas ficaram paralisadas diante dos avisos que surgiram em seus diários, e depois encararam Gion, que sorria satisfeita.
Naquele momento, sabiam que não tinham mais como escapar.
Instantes depois, o dormitório de Hina ecoava com gritos estridentes:
— Ahhh! Maldito Victor, como ousa criar algo assim?!
— Nunca vou perdoar você!
Ain levantou-se, punhos cerrados, o rosto corado de vergonha e raiva.
Ao lado, Hina tremia levemente enquanto a ponta do cigarro ardia, e seu rosto também estava ruborizado.
Mesmo sem dizer nada, era visível que também ficara abalada pelo que vira.
Gion, por outro lado, observava os cadernos com interesse.
— Ora, cenas assim… esse tal de Victor tem realmente uma imaginação ousada.
— Fico curiosa: quando nos encontrar, será que ele tentará recriar essas situações de verdade?
Ela riu.
Ain: — …
Hina: — …
No dia seguinte, o céu finalmente estava limpo.
Gion embarcou em seu navio de guerra, enquanto Hina e Ain observavam da costa.
Ambas sabiam, sem precisar de palavras, que a Vice-Almirante estava partindo para o East Blue.
As duas também desejavam ir.
Mas Hina tinha deveres na Grand Line, e Ain precisava acompanhar Zephyr.
Só lhes restava torcer para que Gion encontrasse Victor.
— Vice-Almirante Gion, por favor, encontre aquele homem — pediu Ain, séria.
— Ah, nossa pequena Ain ainda está envergonhada? — Gion sorriu. —
Não precisa se preocupar tanto.
Afinal, ele apenas desenhou uns quadrinhos.
Não fez nada de fato contra você.
— Mesmo assim, não posso perdoar! — retrucou Ain, corando. —
Ele realmente me desenhou daquele jeito?
E-eu jamais pareceria tão vulgar!
O simples fato de ter feito esse tipo de imagem prova que não é um bom homem.
Vice-Almirante, não devemos cogitar que entre para a Marinha.
Devemos é mandá-lo direto para Impel Down!
Depois de ver os cadernos por si mesma, Ain já tinha a opinião formada:
Victor era um homem obcecado por mulheres e cenas indecentes.
Para ela, alguém assim não merecia consideração.
Gion apenas riu e balançou a cabeça:
— Hehe, não pode dizer isso tão facilmente.
Ele criou essas imagens porque nos via como personagens de mangá.
Se soubesse que éramos reais, talvez nem tivesse feito.
Quem sabe não seja até um bom sujeito?
— Esses cadernos só mostram coisas que deixam qualquer um vermelho e de coração acelerado…
Mas, no fundo, o protagonista não é um vilão cruel.
Apesar de ser libidinoso, é alguém que retribui bondade e nunca esquece de se vingar.
— Se Victor realmente for esse protagonista… talvez, se a Marinha lhe mostrar bondade, ele acabe se tornando um bom homem sob nossa influência.
Quando terminou, Hina completou:
— Mas o protagonista não só retribui bondade com bondade… ele devolve ódio com ódio.
— Para inimigos, não tem piedade.
— E, quando se trata de inimigas mulheres, chega até a usar força.
— Vice-Almirante, no diário ele disse querer ser alguém que "retribui bondade com bondade e vingança com vingança".
— Até mencionou que faria isso com aquela Tenryuubito.
— Tenho receio de que Victor não desista desse rancor.
— Afinal, ainda está seguindo a frota dos Dragões Celestiais.
Gion assentiu:
— Sim, eu sei.
— De qualquer forma, precisamos encontrá-lo primeiro.
Naquele momento, as três sentiram ao mesmo tempo uma notificação vinda de suas cópias do diário.
Sem hesitar, chamaram os livros diante de si.