— N-não… nada, Capitão Victor.
— É que… estou com dor no estômago.
— Vou para a cabine.
Carina balançou a cabeça, virou-se e saiu correndo.
Enquanto corria, ainda folheava sua própria cópia do diário.
Arruinado!
Eu devia ter percebido antes.
Quando ele enfrentou os Piratas do Tigre Gigante, usou uma técnica de espada envolta em chamas…
Isso é o poder de Yoriichi Tsugikuni!
O que eu faço agora? Ele descobriu que estou mentindo?!
Será que ele só está fingindo cooperar comigo?
A cada pensamento, Carina ficava mais preocupada.
De repente, novas linhas surgiram no diário:
[Hehe, Carina tomou a iniciativa de se tornar minha cantora.]
[Mas, infelizmente, a cantora que imagino ainda é Uta.]
[Aliás, Carina não quer ser realmente minha parceira.]
[É muito provável que planeje roubar o tesouro que conquistei dos Piratas do Tigre Gigante.]
Ele sabe! Está me enganando esse tempo todo?!
Os olhos de Carina se arregalaram, e ela olhou para Victor, nervosa.
Ele apenas sorriu amplamente.
[Foto: Carina parece nervosa.]
[Hehe, ela está um pouco inquieta.]
[Então, já está planejando roubar meu tesouro?]
[Se fizer isso, terá uma dívida comigo.]
[E uma dívida não deve ser "punida" de uma só vez…]
O corpo de Carina estremeceu.
Imediatamente desviou o olhar, incapaz de encará-lo.
No instante em que viu a nova foto no diário, soube que havia se denunciado sozinha por causa do nervosismo.
Victor retribui bondade com bondade… e vingança com vingança.
Se eu realmente roubar dele… ele vai me punir.
Será que vai me obrigar a fazer as coisas descritas nos meus cadernos?!
O rosto dela corou.
Apesar da vida dura no mar, continuava sendo apenas uma garota inocente no fundo.
Calma, Carina, ainda não chegou a esse ponto.
Victor não parece conseguir ver a cópia do meu diário.
Isso é uma oportunidade.
Se eu agir de acordo com as anotações dele, talvez evite que me veja como inimiga.
Assim, ele não fará nada contra mim… certo?
Mas, de repente, pensou:
Espere… será que mentir para ele agora há pouco já conta como vingança?!
A tensão voltou a tomar conta de seu coração.
Ruínas de Elegia.
— Me convidar para ser cantora? Hmph, até que tem visão…
— Mas eu nunca mais serei cantora de piratas! — disse Uta, sentada no chão, emburrada, encarando a cópia do diário.
Não era para menos.
Victor havia escrito sobre seu desejo de se tornar pirata.
E, recentemente, ela mesma encontrara, em seu diário, fotos e cadernos nos quais aparecia como heroína.
— Isso é demais! Com aquelas "habilidades artísticas"…
— Por que fez desenhos assim?
— Garoto malvado! Se é um malvado, merece ser castigado.
Uta inflou as bochechas, já pensando em como poderia "ensinar uma lição" a Victor.
Mas logo seus olhos caíram nas novas linhas:
[Mas convidar Uta para ser a cantora do meu bando dará trabalho.]
[Agora, ela ainda está naquela fase em que odeia piratas de verdade.]
[Não é de se estranhar: afinal, seu pai, o Ruivo Shanks dos Quatro Imperadores, a abandonou quando era pequena.]
[Mesmo que agora ele tenha cortado relações, para convidar Uta terei que enfrentar o próprio Ruivo.]
— Ele… ele realmente sabe disso?!
— Então é verdade, ele conhece o passado… — murmurou Uta, espantada, enquanto encarava a cópia flutuando diante dela.
Gion, ao ler, franziu o cenho, incrédula:
— O Ruivo Shanks tem… uma filha?!
— E a abandonou?! Mas por quê?
Como oficial da Marinha, ela entendia o peso que isso representava.
Se Uta fosse mesmo filha de Shanks e Victor a convidasse como parceira…
seu plano de trazer Victor para a Marinha iria por água abaixo.
E pior: o poder do próprio Shanks aumentaria qualitativamente.
— De qualquer forma, Victor e os Piratas do Ruivo jamais podem se unir… — disse Gion, olhando firme para o horizonte do mar.