Grand Line, primeira metade.
Um navio de guerra da Marinha navegava em velocidade máxima rumo à Calm Belt, tentando chegar ao East Blue diretamente por ali.
Na proa, a Vice-Almirante Gion observava sua cópia do diário com grande interesse.
— Uma esposa à esquerda, outra à direita…
— Esse homem, Victor, parece estar bem satisfeito com a Uta.
— De qualquer forma, preciso impedir que os dois se encontrem. — murmurou, coçando o queixo.
Seu olhar ficou mais sério:
— Mas, segundo Victor, não foram os Piratas do Ruivo que destruíram Elegia… e sim Uta?
— E naquela época ela ainda era apenas uma criança.
— Que Akuma no Mi foi essa que ela comeu… para causar tamanha destruição ao perder o controle?
Gion franziu a testa.
Uta havia destruído Elegia diante do próprio bando do Ruivo, ainda que naquela época eles não fossem tão fortes quanto hoje.
Mas, em seu coração, o nível de perigo da fruta de Uta acabara de disparar para algo assustador.
Ela só lamentava que Victor não tivesse ainda registrado detalhes sobre o poder da fruta de Uta no diário.
[Esse Shanks é mole demais. Não percebeu o buraco enorme que deixou no coração de Uta.]
[Se tivesse levado a filha e a orientado direito, Uta não teria morrido aos 21 anos.]
[É uma pena… uma garota tão adorável morrer tão jovem.]
[Por isso, o Ruivo Shanks é imperdoavelmente culpado.]
— Uta… vai morrer?
— E ainda por cima aos 21 anos?! — Gion arregalou os olhos, incrédula.
Enquanto isso, em outro lugar…
— Eu… vou morrer aos 21?! — Uta gritou, levantando-se em choque.
— Isso só pode ser piada!
— O que houve, Uta? — Gordon franziu o cenho. — Como poderia morrer aos 21? Você ainda é tão jovem.
Ele acreditava que a jovem estava apenas confusa, incapaz de lidar com as revelações recentes.
Uta, porém, só balançou a cabeça:
— N-nada, Gordon… não é nada.
Ela queria contar a ele sobre a cópia do diário, mas sabia que, sempre que tentava falar disso, uma sensação mortal a sufocava.
Com medo daquilo, não ousava revelar nada.
Tenho 19 anos agora…
Então, em pouco mais de um ano, chegarei aos 21…
Quer dizer que só tenho dois anos de vida?!
Droga! Não posso aceitar isso!
Sentada na grama, cerrou os punhos com força.
De repente, novas linhas surgiram no diário:
[Este sistema de diário consegue interceptar imagens do mangá e do anime de One Piece que ainda lembro.]
[É até "humano".]
[Imagem: o caixão de Uta!]
[Espero que o que aconteceu no anime não se repita no mundo real.]
— O m-meu… caixão?! — Uta arregalou os olhos, apavorada, e clicou na imagem.
Na cena, os Piratas do Ruivo estavam reunidos em torno de um caixão coberto por um pano branco.
O coração de Uta disparou.
Embora o rosto do corpo não estivesse visível, o cabelo ruivo denunciava: era ela mesma ali.
Mesmo sabendo que Victor só havia extraído a imagem do anime, Uta não conseguiu evitar a sensação de que aquilo era seu verdadeiro futuro.
Então… eu vou mesmo morrer?
Mas por quê?
Acabei de ser reconhecida como cantora pelo mundo inteiro…
Eu ainda quero usar minha voz para criar uma nova era!
Não! Eu não quero morrer!
Levantando as mãos à cabeça, sacudiu-a desesperadamente, como se isso pudesse espantar a sombra da morte.
Mas era inútil.
Gordon a observava, aflito, sem saber como consolá-la.
Quando finalmente reuniu palavras de conforto, Uta de repente se acalmou.
— Uta… você está bem? — perguntou, hesitante.
— Estou sim, Gordon.
— Desculpe por preocupá-lo. Não precisa se preocupar comigo. — disse ela, forçando um grande sorriso.
O homem suspirou de alívio.
Shanks havia confiado Uta a ele; se a jovem tivesse um colapso, não saberia como justificar.
— Gordon, quero conversar sobre uma coisa. — disse ela de repente.
— O quê?
— Vou deixar Elegia.
— O quê?! Por quê?
— Porque vou atrás de um homem. — respondeu Uta, o canto dos lábios erguido em um leve sorriso.
— Um homem chamado Victor.