Deixei a cabana com cautela, espiando pelos arredores como quem pisa em território inimigo. O vento trazia o cheiro fresco de musgo e folhas úmidas. As árvores altas se erguiam como muralhas vivas, suas copas filtrando a luz do sol em fragmentos de sombra e brilho. O canto dos pássaros se misturava ao murmúrio distante de um riacho, criando uma melodia natural que contrastava com a ansiedade que pulsava no meu peito.
Aquele mundo era diferente de tudo que eu conhecia. Vibrante. Vivo. Carregado de uma energia natural que parecia se derramar por cada galho e raiz. Era como se o próprio ar tivesse densidade, um chakra invisível que me envolvia a cada respiração.
Meu primeiro objetivo era claro: precisava de um esconderijo. Um lugar seguro e discreto para testar minhas habilidades e planejar meus próximos passos sem chamar atenção. Se ANBU, sensores ou qualquer shinobi percebessem algo anormal, eu estaria acabado antes mesmo de começar.
Mantendo-me nas sombras da floresta, caminhei em silêncio, atento a cada farfalhar de folhas. Minha mente girava em torno das cartas. Qual delas seria mais adequada para criar uma base?
A Mina Infinita? Poderosa, mas chamaria atenção como um farol.
O Ciclo Dino Fury? Um veículo, útil para fugir, mas não para me esconder.
O Omnitrix? Versátil, sim… mas qualquer transformação poderia atrair olhares indesejados.
Foi então que a lembrança veio como um sussurro: o Centro de Comando. Na descrição, um núcleo de tecnologia avançada, capaz de escanear realidades inteiras e manipular dados multiversais. Não precisava surgir como um edifício chamativo. Se conseguisse adaptá-lo, talvez pudesse criar algo subterrâneo, invisível aos olhos comuns.
Encontrei uma clareira isolada, encoberta por vegetação rasteira. Um ponto perfeito. Fechei os olhos, segurei a carta entre os dedos e me concentrei nela, gravando sua imagem em minha mente. O ar ao redor mudou. Uma pressão invisível caiu sobre mim, como se a floresta inteira prendesse a respiração. O chão tremeu sob meus pés e uma onda de energia atravessou o espaço.
O som de raízes se partindo ecoou enquanto uma abertura se formava na terra. A clareira parecia se retorcer, dobrando-se sobre si mesma, até que uma passagem subterrânea se revelou, camuflada por folhas e pedras.
Engoli em seco. A energia que emanava dali vibrava como um coração vivo. Parte de mim queria entrar imediatamente. Outra parte gritava para fugir. E se alguém tivesse sentido essa distorção? E se o mundo de Naruto reagisse mal a algo tão… estranho?
Mesmo assim, avancei.
A descida levou-me a um espaço amplo, iluminado por uma luz suave que não vinha de lâmpadas, mas das próprias paredes, feitas de um material liso e luminescente. Painéis flutuavam à minha frente, exibindo símbolos em línguas que eu nunca tinha visto, mas que, de alguma forma, minha mente compreendia. Era como se a tecnologia tivesse se conectado diretamente à minha consciência.
No centro, uma mesa circular brilhava com linhas energéticas, pulsando como um coração de cristal. Era a mesa de trabalho multiversal, capaz de manipular qualquer tipo de material. Ao lado, um setor holográfico exibia a Mina Infinita, não como uma construção gigantesca, mas como um espaço virtual expansível, onde representações dos mais diversos minérios surgiam em espectros de luz.
Olhei ao redor, maravilhado. Não havia Zordon, nem Alpha 5, mas a essência do Centro de Comando estava ali. Um refúgio, um arsenal, uma mente infinita oculta no subsolo.
Passei a mão sobre a mesa, sentindo uma vibração quente que percorreu meu braço. A sensação era de poder bruto à disposição — e ao mesmo tempo, de responsabilidade sufocante.
Respirei fundo. O primeiro passo estava dado.
Agora, precisava me preparar para o inevitável. O nascimento de Naruto. O selamento da Kyuubi. Dois meses. Parece muito tempo… mas sei que é pouco. Muito pouco.
As engrenagens do destino já estavam girando, e eu teria que estar pronto quando as sombras caíssem sobre Konoha.