Capítulo 2 – A Dignidade do Barba Branca, Essa Família?
No território dos Piratas do Barba Branca,
três enormes navios em forma de baleia singravam o mar.
Mesmo nas águas turbulentas do Novo Mundo,
essas embarcações transmitiam uma firmeza inabalável,
como se nenhuma tempestade fosse capaz de detê-las.
À frente, o maior deles se destacava:
o Moby Dick, navio principal de Edward Newgate, o Barba Branca, um dos Quatro Imperadores.
Quase mil tripulantes se moviam em perfeita sincronia,
mantendo viva aquela colossal máquina marítima.
E ali, sentado de forma imponente,
estava o homem conhecido como o mais forte do mundo.
Seu tronco nu exibia cicatrizes e tubos médicos.
Seu corpo estava debilitado,
mas ainda emanava uma força brutal.
Era a sensação de um tigre ferido —
mas que, se quisesse, poderia devorar qualquer inimigo.
Esse homem era Edward Newgate, o Barba Branca.
O mais forte dos homens, porém, não estava de bom humor.
Segurava uma imensa garrafa de saquê e bebia sem parar.
Seus comandantes de divisão — Marco, Jozu, Vista e outros — tentavam convencê-lo a parar.
Todos sabiam de sua saúde frágil.
Beber daquela forma só encurtaria ainda mais sua vida.
Mas Barba Branca ignorava os conselhos,
encostado ao lado do navio, bebendo em silêncio.
Quando ergueu a garrafa, lágrimas cristalinas escorreram junto ao álcool.
Ele não queria que seus filhos o vissem fraco.
Não queria que testemunhassem sua dor.
Mas naquele dia, não havia como conter-se.
Seu coração sangrava ao pensar naquele filho querido: Ace.
Novas lágrimas caíram de seus olhos de tigre.
De repente, Barba Branca respirou fundo e se recompôs.
Com um movimento firme, arremessou a garrafa contra o convés.
Seu olhar percorreu cada um dos capitães:
Marco, Jozu, Vista, Blamenco, Rakuyo, Namur, Blenheim, Curiel, Kingdew, Haruta, Atmos, Speed Jiru, Fossa, Izo...
Todos o olhavam com apreensão,
mas também com determinação inquebrantável.
"Filhos! A Marinha ousou capturar o meu filho... o irmão de vocês, Ace."
"E eu pergunto: o que nós, os Piratas do Barba Branca, devemos fazer?"
Barba Branca riu alto ao pronunciar a pergunta.
E em uníssono, os capitães responderam:
"Invadir Marineford! Vamos salvar Ace!"
"Se querem executá-lo em público, destruiremos Marineford diante de todos!"
"Ace é um de nós. Não deixaremos a Marinha pisar na nossa família!"
Ao ouvir a resposta de seus filhos, Barba Branca gargalhou.
Então, virou-se para Marco:
"Marco, reúna todas as forças sob a bandeira dos Piratas do Barba Branca."
"Deixem apenas o mínimo de defesa... e logo partiremos para salvar Ace!"
A ordem foi dada.
Ninguém hesitou.
Ninguém recuou.
Todos os capitães gritaram em uníssono, inflamados!
Até Marco, sempre tão calmo, estava com o rosto ruborizado de emoção.
Ace era a família deles.
E a Marinha pagaria caro por tocá-lo.
Logo, o Moby Dick mergulhou em festa.
No mar, os piratas tinham pouco entretenimento.
Sempre que havia motivo, celebravam:
quando um novo tripulante embarcava,
quando venciam uma batalha,
ou até quando perdiam um companheiro em combate.
A resposta era sempre a mesma:
um banquete.
Naquele dia, diante da execução iminente de Ace,
não seria diferente.
A festa era sua forma de aliviar a pressão
e elevar a moral.
Enquanto seus filhos riam e bebiam,
Barba Branca apenas observava em silêncio.
Sabia bem da sua condição.
Sabia que seu corpo não aguentaria por muito tempo.
Mas não deixaria que seus filhos percebessem isso.
Apenas sorriu e os viu festejar.
"Jozu, hahaha, perdeu! Tira logo e mostra a cor da cueca!"
"Izo, você exagerou!"
"Quando apostamos, você não disse que valeria isso se eu perdesse!"
O gigantesco Jozu se remexia constrangido,
enquanto Izo zombava com desdém.
"É só mostrar a cueca, qual o problema? Eu mostro a minha."
Ao redor, os capitães gargalhavam,
transformando o clima em pura camaradagem.
Mas, de repente, o riso se calou para um único homem.
Barba Branca, ainda encostado no casco,
virou o rosto para o horizonte.
Ali, uma figura se aproximava sobre o mar.
Um homem de sobretudo vermelho como fogo,
com uma longa espada presa à cintura.
Ao vê-lo, os olhos de Barba Branca se estreitaram.
Ele não precisava de apresentações.
Aquele homem exalava apenas uma coisa:
poder absoluto.