O Recado da Família Portgas
Natalia estava prestes a desembainhar Ryūjin Jakka, pronta para reduzir Barba Branca a cinzas,
quando uma sombra negra surgiu do horizonte.
Em alguns instantes, um gato preto pousou no convés do Moby Dick com uma velocidade incrível.
Marco e os demais arregalaram os olhos.
"Tão rápido… deve ser poder de Akuma no Mi."
sussurraram entre si.
Ou uma Zoan mítica, ou uma criatura que havia comido a Hito Hito no Mi.
O gato abriu a boca e, para surpresa de todos, falou:
"Irmã mais velha, não se esqueça das ordens do pai!"
A voz doce e nítida ecoou pelo convés.
Natalia, ao ouvir aquelas palavras, respirou fundo.
Sua fúria, por um momento, se dissolveu.
A katana voltou lentamente para a bainha.
O gato preto — Karla — suspirou de alívio.
Tinha chegado a tempo.
Se demorasse um pouco mais, sua irmã teria causado um desastre.
No fim, estavam ali apenas para cumprir ordens:
avisar Barba Branca e seus homens de que a família Portgas entraria em ação para resgatar Ace.
A ideia de forçar Ace a abandonar os Piratas do Barba Branca havia sido apenas impulso de Natalia.
Mesmo assim, a garota de doze anos mantinha a arrogância nos olhos.
Ela lançou um olhar frio a Barba Branca:
"Meu recado está dado.
Já que você não consegue proteger o meu tio, veremos como pretende resgatá-lo."
Com isso, pisou firme no ar, envolta em seu Reiatsu,
e partiu do navio.
Karla hesitou.
Ainda não havia transmitido todas as palavras de seu pai.
Mas no fim, fez uma breve reverência e disse:
"Nos encontraremos novamente em Marineford.
A família Portgas não abandonará Ace."
Em seguida, saltou e desapareceu, seguindo Natalia.
O silêncio tomou o convés.
Whitebeard e os capitães acompanharam com o olhar até que as duas figuras sumiram no horizonte.
O velho Imperador quebrou o silêncio com um tom grave:
"A família Portgas… Ace realmente tem esse sangue por trás dele."
Izo foi o primeiro a comentar:
"É… mesmo com toda a força dos Piratas do Barba Branca, invadir Marineford será quase impossível.
E mesmo se conseguirmos resgatá-lo, pai…"
Sua voz hesitou.
Marco interveio, encerrando a tensão:
"Seja como for, essa família não é inimiga.
Hoje, nossa confiança em salvar Ace só aumentou."
Lembraram-se do poder que Natalia demonstrara:
um Haki dos Reis recém-despertado,
chamas que rivalizavam com as de Ace,
e técnicas misteriosas como o Kurohitsugi.
Jozu fechou o punho, ainda constrangido.
"Hmph. Não precisamos da ajuda deles.
Nós, sozinhos, salvaremos Ace!"
Os demais riram.
"Você ainda não esqueceu o caixão negro, não é, Jozu?"
"É, aquela técnica foi impressionante. De onde ela tirou isso?"
"Ace nunca nos falou nada… mas escondeu uma sobrinha como aquela? Isso é trapaça!"
As risadas aliviaram a tensão.
Barba Branca também sorriu levemente.
Mas no fundo de seus olhos, a seriedade persistia.
"A família Portgas…"
murmurou.
Havia forças no mar que até mesmo ele, o Barba Branca, raramente notava.
Organizações misteriosas, mais ocultas que o próprio Governo Mundial.
E agora percebia:
a família Portgas era, na verdade, uma dessas forças.
O velho Imperador estreitou os olhos, um brilho de respeito e cautela em seu olhar.
"Esse clã… pode ser muito mais profundo do que imaginamos."