Continuação – A Revelação da Herdeira Portgas
Natalia estava furiosa.
Esse Whitebeard, a cada frase, chamando Ace de "filho"...
Usurpando para si o papel de pai.
O homem mais forte do mundo?
Para ela, não passava de alguém que se aproveitava desse título.
E, por consequência, se aceitasse isso, ela mesma teria de reconhecê-lo como avô.
A ideia a enfurecia ainda mais.
Natalia ergueu a mão.
Seus dedos pousaram sobre o cabo da katana presa à cintura.
Antes mesmo de desembainhar, o calor irradiava pelo ar.
Marco, Jozu, Vista e Izo cerraram os punhos, tensos.
Cada um avisava em voz baixa, preparado para reagir.
Mas Barba Branca não se moveu.
Apoiava-se em sua imensa Murakumogiri, sem intenção de se defender.
Seu Haki da Observação lhe dizia que, apesar da fúria,
a garota não tinha real intenção de atacá-lo.
Ela estava se contendo.
Natalia lutava contra seus próprios impulsos.
"Quero queimar esse velho nojento que insiste em se fazer de pai."
pensou.
Mas recordou-se do que ouvira antes de partir:
seu pai, Portgas D. Leon, a havia enviado apenas para se comunicar.
Para avisar os Piratas do Barba Branca que a família Portgas também marcharia a Marineford.
Sua exigência de fazer Ace sair da tripulação havia sido impulso dela,
não ordem de seu pai.
Se insistisse nisso, provavelmente seria repreendida depois.
Mas sua natureza orgulhosa não admitia recuar.
"Tenho doze anos de vida… e em todos eles, nunca me curvei para ninguém!"
A chama em seu coração ardia,
mas, com esforço, Natalia conteve a vontade de atacar.
Seu olhar voltou-se para o gigante à sua frente.
"Whitebeard, considere isso um aviso."
sua voz cortou o ar.
"Pare de chamar Ace de filho.
Se continuar, não vou me segurar e vou queimá-lo aqui mesmo!"
No início, ninguém reagiu.
Os capitães, incrédulos, sentiam o sangue ferver.
Aquele era Barba Branca!
O homem mais forte do mundo!
Ninguém jamais ousara falar com ele dessa forma —
nem mesmo outros Yonkou!
E, no entanto, aquela jovem o desafiava sem medo.
Mas algo chamou a atenção de todos.
No meio da fúria, ela havia dito:
"Ace-tio."
A palavra ecoou como trovão.
Barba Branca arregalou os olhos.
Seus músculos tremeram, e pela primeira vez em décadas
ele ficou verdadeiramente confuso.
"O quê?… Ace é seu tio?"
Isso não fazia sentido algum.
Ace tinha vinte anos.
Desde quando tinha sobrinhos?
Os comandantes também ficaram atônitos.
Conviviam com Ace há anos.
Jamais ouviram falar de parentes.
E, ainda assim, aquela jovem de poder aterrador,
forte o bastante para enfrentar o próprio Barba Branca,
afirmava ser sobrinha dele.
Whitebeard respirou fundo.
Se era verdade, então aquela garota era família de Ace.
E, diante da família de seus filhos, ele não levantaria sua lança.
A tensão no ar diminuiu um pouco,
mas a dúvida se tornou ainda maior.
Com voz grave, perguntou:
"Pirralha… quem é você, afinal?"
Natalia ergueu o queixo, altiva, e declarou sem hesitar:
"Meu nome é Portgas D. Natalia.
Sou a filha mais velha da família Portgas.
Ace é, de fato, meu tio."
O convés mergulhou em silêncio absoluto.
Whitebeard sentiu o peso daquelas palavras.
Marco, Vista, Jozu e Izo se entreolharam, atordoados.
Ace sempre se mostrara apenas como um irmãozinho impulsivo,
um filho querido da tripulação.
Mas agora…
Ele não só tinha uma família,
como essa família revelava-se poderosa e misteriosa.
"Ace, você realmente nos enganou bem."
pensaram, cada um em silêncio,
olhando para Natalia com respeito e temor.