— CAPÍTULO UM: Renascimento do Rei —
Prólogo:
A chuva caía em torrentes sobre a cidade, lavando as calçadas desgastadas e criando pequenos riachos que corriam pela rua. O céu estava encoberto, e a escuridão parecia ainda mais densa sob o peso das nuvens. Shiori andava devagar, com um guarda-chuva velho, enquanto o som de seus passos ecoava ao longo da calçada molhada.
Ele olhou para cima, os olhos cansados acompanhando as gotas de chuva que escorriam pelo tecido do guarda-chuva. Sua vida havia se transformado em um ciclo interminável de solidão e monotonia desde que seus pais faleceram em um acidente. A pequena casa onde vivia era apenas um abrigo vazio, preenchido pelas memórias de um passado que nunca voltaria.
— Por que continuo aqui? — murmurou, apertando o guarda-chuva em suas mãos. — Não há nada esperando por mim...
O som de pneus derrapando cortou o silêncio da noite. Shiori se virou a tempo de ver um carro vindo em alta velocidade, mas não teve tempo de reagir. O impacto foi brutal, uma dor rápida e intensa o atravessou antes que tudo se apagasse.
Quando abriu os olhos, Shiori encontrou-se em um vazio infinito. Não havia chão, paredes ou qualquer som além de sua própria respiração. Ele tentou se mover, mas não sentia o próprio corpo.
— Onde estou? — Sua voz ecoou na imensidão, carregada de confusão.
— Você está entre a vida e a morte, jovem Shiori.
A voz grave e calma veio de uma figura encapuzada que surgiu à sua frente, envolta em um manto negro que parecia se fundir com o vazio.
— Quem é você? — perguntou Shiori, sentindo um calafrio.
— Eu sou o Criador. Aquele que molda mundos e destinos.
Shiori franziu o cenho. — Então... isso é o fim?
— Para muitos, seria. Mas para você, é apenas o começo.
— Por quê? — A incredulidade enchia sua voz. — O que há de especial em mim?
— Nada... e tudo. — A figura sorriu. — Sua paixão por animes, sua imaginação... essas qualidades são valiosas. O mundo que criei há milhares de anos precisa de alguém como você.
Shiori estreitou os olhos. — E o que eu teria que fazer?
— Viver. Crescer. Moldar aquele mundo. — O Criador se aproximou. — Como presente, darei a você o poder de Ryomen Sukuna, o Rei das Maldições.
Os olhos de Shiori se arregalaram. — Sukuna? O Sukuna de Jujutsu Kaisen?
— Sim. Você terá sua aparência, suas habilidades e maldições. Além disso, terá vantagens únicas: magia, feitiços e uma sombra fiel — o Mahoraga.
Shiori hesitou, mas sua curiosidade e desejo por algo mais finalmente o venceram. Ele sorriu levemente.
— Se for para renascer, posso pedir algo? Quero a aparência completa de Sukuna, incluindo os quatro braços.
O Criador soltou uma risada. — Concedido. Você será Sukuna em corpo e alma. Mas lembre-se: poder também é uma maldição.
— Eu aceito. Vamos fazer isso.
Shiori sentiu a escuridão ao seu redor se dissolver, dando lugar a uma sensação estranha. Seu corpo estava sendo moldado, e ele podia sentir as transformações. Dentro do ventre de sua nova mãe, ele percebia seus quatro olhos, os braços extras e a boca que se formava em seu abdômen.
— Meu filho será um príncipe poderoso — disse uma voz masculina, cheia de orgulho.
— Mas sua aparência... — a voz feminina hesitou, carregada de repulsa. — Espero que isso não traga vergonha ao reino.
"Reis?", pensou Shiori. "Então eu sou parte da realeza?"
Quando nasceu, o salão do trono foi tomado por um silêncio mortal. O bebê, com sua aparência monstruosa — quatro braços, quatro olhos e a boca no abdômen —, fez todos recuarem.
— Isso... isso é um demônio! — gritou a Rainha, horrorizada.
O Rei olhou para o bebê com desprezo. — Este é meu filho? Não... isso é uma aberração. Ele será criado até os sete anos, mas depois... será executado.
As palavras eram como punhais no coração de Shiori, agora Sukuna. Ele se lembrou dos pais amorosos que teve em sua vida passada e sentiu o contraste cruel dessa nova realidade.
Os anos passaram, e Sukuna cresceu isolado no castelo. Por causa de seus quatro braços e proporções incomuns, as roupas masculinas nunca serviam, a menos que fossem feitas sob medida. Ele passou a usar roupas largas e até mesmo femininas, não por escolha, mas por necessidade.
— É irônico... — murmurava para si mesmo enquanto treinava em segredo. — Ter tanto poder e ainda assim ser tratado como nada.
Durante as noites solitárias, ele praticava suas habilidades, controlando o Desmantelar, explorando sua força física e aprendendo a convocar Mahoraga. Ele jurou que, quando o momento chegasse, estaria preparado.
No dia da execução, Sukuna foi levado à praça central. Vestindo roupas reais adaptadas ao seu corpo, ele caminhava com a cabeça erguida, mas seus olhos estavam cheios de desdém.
O Rei falou, sua voz retumbando sobre a multidão:
— Este monstro não merece a misericórdia do reino. Hoje, livraremos o mundo dessa aberração.
A Rainha assentiu friamente, sem sequer olhar para o filho.
Os aldeões começaram a murmurar:
— Isso não está certo!
— Ele é só uma criança!
— Ele é nosso príncipe, mesmo assim!
Quando a corda foi colocada em seu pescoço, Sukuna abriu um sorriso sombrio.
— Eu sempre soube que vocês fariam isso. — Ele ergueu os olhos para o Rei e a Rainha. — Vocês nunca me aceitaram, mas não esperem que eu vá embora sem lutar.
Antes que o carrasco pudesse agir, Sukuna invocou o Desmantelar, cortando a corda em um instante.
— Ele está escapando! — gritou o Rei, enquanto os paladinos avançavam.
Sukuna correu, desviando dos ataques, enquanto os aldeões o ajudavam.
— Vá, príncipe Sukuna! Sobreviva! Um dia, liberte-nos deste reino cruel!
Fugindo para a floresta, Sukuna olhou para trás uma última vez, com os olhos ardendo de determinação.
Cinco dias depois, ele estava sentado sob uma árvore, arfando e observando suas mãos.
— Talvez o verdadeiro Sukuna tenha sido tratado assim também... — murmurou, o rosto sombrio. — Mas diferente dele, eu vou fazer minha própria história.
E assim, começou sua jornada para se tornar o verdadeiro Rei das Maldições. Naquela floresta, aonde as árvores eram maiores do que uma pessoa de 1, 90cm. Eram árvores gigantescas, essa era uma das grandes florestas desse mundo. Sukuna viu em um livro uma vez na biblioteca do castelo, era chamada de: "Floresta das mil bestas".
Um lugar grande e coberto por mato, flores e árvores gigantes, onde reside um tipo de espécie de lobo, onde a sua cor predominante é verde. Eles tem olhos da mesma cor, para se camuflar totalmente pelo lugar. Qualquer coisa que entre na floresta nunca voltou vivo, mas Sukuna até então, estava tranquilo por não encontrá-los ou entrar no território dentro da floresta que pertence aos lobos.
Ali, próximo a uma clareira, ele caminhou até um pequeno lago, onde retirou a parte de cima de sua roupa de príncipe, vestindo somente a parte de baixo, já que a parte superior não servia para guardar seus quatro braços. Olhou a sua aparência, notando o que ele já sabia, ser Sukuna. Mas algo o deixou surpreso, afinal, a aparência de criança do personagem que ele gostou em vida, nunca fora revelada.
Agora, ele estava vivendo essa vida como Sukuna, onde a sua aparência criança era bela, mesmo que digam ser monstruosa. Sukuna tem cabelo espetado de cor rosa e olhos afiados, com uma expressão séria. Sua pele é clara e há várias marcas ou tatuagens escuras, de aparência tribal ou simbólica, cobrindo o lado esquerdo do torso e se estendendo pelo resto do corpo.
Ele veste calças largas azul-escuras, rasgadas na altura do joelho direito, revelando a pele por baixo. Não está usando camisa, o que permite ver a musculatura definida do torso e dos braços. Há também uma faixa ou cinto escuro amarrado na cintura.
— Hum... é até melhor do que eu esperava. Apesar dos quatro olhos, eu não tenho o segundo rosto. Será que ainda vou desenvolver isso com o tempo? — Sukuna se pergunta, enquanto se afasta do lago aos poucos. — Esse lugar está muito calmo pro meu gosto...
Ele olhou ao redor, os arbustos ao redor das árvores se moviam lentamente pelo vento frio que pairava pelo ar. O barulho do vento era silencioso, e não parecia existir nada ao redor de Sukuna, mas por segurança, ele se manteve alerto o tempo inteiro, sabia que não poderia baixar a guarda sendo uma criança de sete anos de idade.
Ele continuou caminhando pela floresta calmamente, atento a qualquer possível movimento que poderia acontecer ao seu redor.
— Eu sou apenas uma criança ainda, e dos meus poderes de Sukuna, só consigo fazer o 'Desmantelar'. Mas ainda assim, ele não é tão poderoso. Vou precisar aprimorar. Assim como Itadori fez por não ter experiência, eu faço o mesmo. Primeiro as tesouras, depois o corte. — Ele bufou, cruzando seus dois braços superiores enquanto os inferiores descansam.
Enquanto caminha, as árvores fazem barulho, como se algo sstivesse pulando entre seus galhos. Os sentidos de Sukuna diziam que havia algo nas árvores. Ele franziu o cenho, olhando para cima com seus olhos enquanto também os mantinha na estrada. Por ter quatro olhos — Assim como os braços. Ele é capaz de movê-los em dupla ou separadamente cada um.
Podendo olhar para dois lugares diferentes graças aos quatro olhos, ou até olhar para quatro lugares diferentes, pelo mesmo motivo. Enquanto caminhava tranquilamente, ele ouviu um grito vindo da floresta e em seguida, um rugido ou uivo similar à lobos.
— Droga.. devem se os "Lobos Espirituais"! — Ele gritou começando a correr. Murmurou enquanto ofegante: — Pelo grito, presumo que seja uma garota, e pela voz, uma criança assim como eu. Ela está em perigo!
Enquanto corria a toda velocidade na direção do grito, ele percebe um pedaço de madeira no chão e rapidamente se abaixa para pegá-lo. Era um graveto do tamanho semelhante à um taco de beisebol.
Com o graveto em mãos, correndo a toda velocidade, Sukuna pensou: — "Eu posso usar a magia de criação para modificá-lo!"
Flashback:
Quando ainda estava no castelo, Sukuna por saber que seria executado aos sete anos. Desde os quatro anos ele estudou magia e treinou seus poderes. Porém, ele não teve acesso a muitos luxos mesmo sendo um príncipe. Entretanto, mesmo restringido a tudo isso, ele conseguiu pegar alguns livros escondidos.
Um dia, em seu quarto que mais parecia uma cela de prisão, sentado no chão sujo rodeado por seus livros, ele lia um livro de magia, onde ensinava três magias diferentes. A magia de criação, a magia dos elementos, e por fim, a magia de fusão.
— Wow! — Murmurou Sukuna enquanto seus olhos surpresos acompanham a cada linha explicativa das magias. — Então se eu imaginar um objeto com a magia de criação, eu posso modificar um objeto já existente. Mas se eu quiser criar algo do zero, eu preciso definir o material, a forma e embutir seu efeito mágico e fraqueza. É bem mais difícil do que só modificar algo já existente.
Ele dizia, explicando como a magia de criação funciona. Caso o usuário queria criar algo do zero e misturar com outra magia, como a magia dos elementos, para criar um objeto tão complexo embutido com magia dessa forma, é necessário fazê-lo definindo o material, forma, efeito mágico, fraqueza, elemento mágico e seus limites. Ou a magia não funciona. Onde já houve casos de morte por efetuar a magia de forma errada.
Fim do Flashback:
Sukuna corria rapidamente enquanto as vozes e ruídos se tornaram mais altos. Quando finalmente ultrapassou uma barreira se arbustos, encontrou uma cena que o deixou apavorado inicialmente, mas determinado a ajudar.
Havia uma garota, aparentemente da sua idade, que estava sentada sob uma árvore com uma das pernas feridas. O ferimento sangrava bastante e ela usou de folhas para tentar parar o sangramento. Ela usava um graveto para tentar afastar grandes lobos verdes que cercavam ela. Um número de sete lobos.
Ao vê-los, Sukuna não hesitou. Ele correu na direção deles e gritou:
— Ei, vocês! Deixem ela em paz! Por que não vem me pegar, Hã?! Peguem alguém do tamanho de vocês!
A garota ao ouvir a voz, rapidamente olhou para aquela criança a sua frente. Eles realmente tinham uma aparência similar, apesar das diferenças em membros a mais em Sukuna. Ele tinham a mesma idade: Sete anos.
Os olhos dela que estavam cobertos por lágrimas de medo, agora derramaram lágrimas de alívio e gratidão. Alguém havia aparecido para salvá-la dos monstros. Mesmo que aquele garoto? Ela se perguntava se era mesmo uma criança, mas não importava no momento, ele veio salvá-la, era tudo que importava.
Os lobos se viraram para Sukuna e um deles assumiu a liderança dos outros. Ele era o alfa do grupo. Rugiu para Sukuna e todos começaram a correr em direção a ele com intenção Assassina.
A garota, largou seu graveto e suspirou. Arfando a todo momento, ela apoiou a cabeça no tronco da árvore enquanto murmurava:
— Obrigado... muito obrigado...!
Enquanto os lobos avançavam rapidamente, Sukuna começou a usar a magia de criação. Como dito nos livros, já que ele usaria de um objeto para criar algo, não precisaria se preocupar tanto. E então, transformou o graveto em uma lança de uma ponta única, segurando ela com seus dois braços superiores.
O processo para criar foi um pouco demorado, e a magia por consumir a sua mana, formigava seus dedos para modificar o graveto. Ele sentia como se seu sangue fosse retirado do corpo em forma de energia vital para a criação da arma modificada, e sentia que seu corpo por ser pequeno, não iria aguentar manter a magia por muito tempo, ele precisava acabar com a batalha rápido, ou iria desmaiar pela perda da energia vital para criar e manter a magia ativa.
— Isso já vai servir. Mas, se eu quiser, posso dar ao objeto um efeito mágico. — Ele franziu o cenho, pigarreando. — Quer saber, esquece! Isso vai ser trabalhoso! É melhor usar a lança para me defender e usar meus cortes para cortá-los!
Sukuna parte para cima deles. Dos sete lobos, dois avançam agressivamente para cima dele buscando mordê-lo com seus incontáveis dentes. Sukuna ágil, pulou por cima, apoiando seus braços inferiores na cabeça de ambos os lobos, ele ativou sua técnica 'Desmantelar'.
A sensação que ele sentiu ao usar sua técnica foi diferente do que imaginou. Já que suas técnicas não usam mais energia amaldiçoada e sim mana(Energia vital) para serem efetuadas, sentiu como se seus músculos tensionassem, se contraindo e se expandindo antes da ativação, e, ao ativado e liberado, sentiu a sua magia sugada, e sua energia vital diminuída, o que lhe demonstrava mais urgência em acabar com a batalha, pois além de manter a técnica de criação ainda usaria de outras técnicas para lutar.
Por ser inexperiente, a técnica invés de cortar instantaneamente, criou tesouras na área de corte, como se estivesse definindo o local que iria cortar, formando um círculo de traços no pescoço dos lobos. Sukuna observa isso, franzindo os olhos um pouco decepcionado.
Ele gira o corpo no ar e salta por cima dos outros lobos, para evitar ataques. Quando a sua técnica finalmente faz efeito, ele se vira para olhar para os lobos, percebendo que os cortes foram puramente superficiais e quase não causaram dano algum.
Sukuna recua por um momento, sem tirar os olhos dos lobos. Ele fica na frente da garota ferida que estava com os olhos fechados, ela parecia ter desmaiado. E Sukuna sabia que se não acabasse com isso rápido, também iria desmaiar.
— "Droga... eles são muito resistentes. Além disso, a minha técnica tá longe de ser perfeita, então não vou causar tanto dano com meus cortes." — Ele pensou. Sukuna se lembrou das magias que dominou enquanto treinava. Foram apenas três magias.
Entre elas: a magia de criação, magia de fogo e, por fim, magia de dominação. A magia de dominação, consiste em dominar outros seres, com a limitação de que não existe forma de dominar seres que são mais fortes que o usuário da magia.
Sukuna sabia que era certamente mais fraco que os lobos, mas ele ainda tinha sua força bruta. E se conseguisse alcançar o cérebro de um único lobo, poderia dominá-lo mais facilmente e usá-lo para derrotar os outros.
— "Isso!" — Comemorou ao pensar no plano. — Só preciso fazer isso, huh? Vai ser moleza! Anda seus fracotes! — Ele gritou e riu, provocando os lobos. — "Quando avançarem... vou tomar posse do último deles!"
Ele avançou rapidamente com a lança em mãos, ainda mantida pela magia de criação. Os lobos fizeram o mesmo, ainda mais rápidos que ele naquele momento. Sukuna saltou a quase dois metros acima do chão sobre os lobos, caindo nas costas do último lobo da alcateia que estava no fundo.
Ele socou o rosto do lobo com toda a sua força, fazendo-o afundar no chão, criando um pequeno buraco. Em seguida, Sukuna tentou perfurar seu crânio para alcançar o seu cérebro e dominá-lo mais facilmente, mas não conseguiu.
Distraído, não notou a aproximação de um dos outros lobos, que deu uma cabeçada em Sukuna. O garoto foi lançado contra uma das árvores, chocando suas costas com um baque surdo antes de cair no chão de joelhos.
— Aí, Aí... essa doeu! — Gritou, erguendo a cabeça, mas, por meio segundo, não foi atingido. Sukuna se esquivou rapidamente antes de levar uma mordida de um dos lobos que se chocou contra a mesma árvore que ele. — "Se eu tivesse demorado meio segundo... eu teria perdido a cabeça...!" — Pensou, pigarreando.
Ele recuou novamente, mas dessa vez, concentrado. Sukuna segurou a lança com seus dois braços superiores e avançou. Os lobos o cercaram em um círculo, e um por um ia atacando, mas ele conseguia se desviar com a ajuda da lança.
Com saltos, reflexos ágeis e uma arma em mãos, Sukuna começou a dominar a batalha. Novamente, ele decidiu usar seus ataques de cortes. Os lobos atacaram em conjunto, mas, para desviar, ele se jogou no chão, aproveitando para usar seus braços inferiores, que estavam livres, para usar sua técnica novamente: Desmantelar!
Ao cortar o chão, ele conseguiu causar mais dano do que aos lobos, desequilibrando todos ali, inclusive ele. Entretanto, graças a isso, moveu sua lança rapidamente, dando estocadas em todos os lobos, um por um. O golpe os acerta na garganta, sendo fatal.
Todos caem, sucumbindo à derrota e à morte. Sukuna, após isso, desfaz a magia de criação, fazendo a lança se tornar apenas um graveto novamente. Ofegante, seu corpo suava e sentia seus dedos tremerem, não apenas eles, suas pernas também tremiam. Ele sabia bem o porquê.
— Droga... usar a minha técnica do 'Desmantelar' duas vezes enquanto mantinha a magia de criação... me desgastou totalmente. Eu vou desmaiar... onde, onde está a menina? Preciso protegê-la... — Pensou, caminhando em círculos.
Seus músculos estavam gelados, como se cada movimento fosse uma luta contra seu próprio corpo, e a visão começou a embaçar, borrando as árvores e a menina à sua frente. Suas pernas tremiam tanto que ele mal conseguia se manter de pé. A cada passo, o chão parecia mais distante, como se estivesse se afastando dele.
Mas, por um milagre, ele avistou a garotinha que havia salvo. Ela ainda estava desmaiada abaixo daquela árvore. Sukuna caminhou com passos lentos e fracos, seus quatro braços abaixados, sem força para ergue-los.
Ao chegar perto dela, Sukuna caiu de joelhos com um baque surdo. A garota ainda estava inconsciente, mas sua respiração agora estava mais calma. Mesmo sem forças, Sukuna olhou para ela e sorriu de leve, sentindo uma estranha paz antes de perder a consciência.
— Ela... está... segura... — murmurou, antes de seu corpo ceder e ele desabar.
Tudo ao redor ficou calmo. Com a morte da alcateia de lobos, seus corpos se desintegraram aos poucos, transformando-se em pequenos fragmentos esverdeados, semelhantes a pedaços de vidro. Esses fragmentos se misturaram à floresta, dando origem a flores. A atmosfera ao redor suavizou, e a floresta, por um momento, brilhou com um tom esverdeado, como se as árvores estivessem absorvendo a vitalidade dos lobos, infundindo-a na própria terra.
Ali, Sukuna e a jovem permaneceram pelo resto do dia inconscientes.
Enquanto Sukuna permanecia inconsciente na floresta, a vida seguia no reino. Em uma taberna movimentada, onde gargalhadas e o som de canecas brindando ecoavam, quatro figuras chamavam atenção em uma mesa afastada. Eram paladinos do reino, homens e mulheres de armadura, cada um carregando o peso de suas próprias convicções.
Um deles, um homem robusto, virou seu copo de bebida, suspirando ao colocar o recipiente vazio sobre a mesa. Ele olhou para os companheiros e perguntou, baixando a voz:
— O que vocês acham do príncipe Sukuna? — A pergunta pairou no ar por um instante antes de ele continuar: — Acham que ele é mesmo uma aberração? Uma entidade demoníaca que nasceu para trazer desgraça ao nosso mundo?
O silêncio tomou conta da mesa até que uma jovem de cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo bateu as mãos sobre a madeira, a expressão tomada pela indignação.
— Não fale assim! — exclamou ela, levantando-se. — O príncipe Sukuna é gentil! Ele é só uma criança... e ninguém sabe onde ele está agora. Ele pode estar ferido ou perdido!
Ela suspirou ao se sentar novamente, unindo as mãos em uma prece silenciosa.
Outro paladino, mais velho e com cicatrizes no rosto, soltou uma risada baixa.
— Está orando de novo, Minra? — perguntou com um tom de deboche. — Só porque você o conheceu quando ele tinha cinco ou sete anos, não significa que ele é o mesmo garoto de antes. Você acha que as preces vão salvá-lo?
Minra ergueu o olhar, os olhos brilhando de determinação.
— Talvez não, mas não vou cruzar minha espada contra ele.
Os outros dois paladinos trocaram olhares. O mais jovem, de traços afiados, inclinou-se para frente.
— Minra, todos sabemos que o príncipe é especial... até demais. Mas o que você chama de talento, o rei chama de ameaça.
Lion, o mais velho entre eles, pigarreou e falou com um tom grave:
— Não é só talento. É algo maior. Algo que nenhum de nós compreende. O rei acredita que o poder de Sukuna é uma maldição. Talvez ele esteja certo... ou talvez seja um presente de deuses que nunca vimos.
Minra franziu o cenho.
— Presente ou maldição, ele é só uma criança!
Lion suspirou, cruzando os braços.
— O problema, Minra, é que o mundo não é gentil com poderes que desafiam o equilíbrio. Você conhece as magias da 'Estrela da Terra', certo? São as que usamos. Mas existem outras estrelas, outras energias mágicas. Sukuna... ele nunca pertenceu a uma só.
— Estrelas? — Minra murmurou. — Está dizendo que a magia dele vem de outro lugar?
Lion assentiu.
— Exatamente. O mundo é regido por oito tipos de energia mágica. Nós usamos apenas uma. As técnicas de Sukuna... elas não pertencem à 'Estrela da Terra'. Elas vêm de outra fonte. E é isso que o torna tão perigoso.
O homem robusto que iniciara a conversa riu, mas havia um peso em seu tom.
— Ele é um garoto, Lion. Você está dizendo que ele vai aprender a equilibrar algo que nenhum de nós entende?
Lion balançou a cabeça.
— Ele terá que aprender. Se quiser sobreviver.
Minra uniu as mãos novamente, rezando em silêncio, enquanto os outros três trocavam olhares cúmplices.
— Quando o encontrarmos — disse o mais jovem, depois de um longo silêncio —, lutaremos contra ele. Não para matá-lo... mas para testá-lo.
Lion sorriu levemente, um brilho de respeito nos olhos cansados.
— Sukuna precisará enfrentar o mundo inteiro, e nós seremos apenas os primeiros. Mas quem sabe? Talvez ele consiga desafiar até mesmo o destino que o rei traçou para ele.
Na imponente sala do trono, o ambiente era dominado por uma atmosfera pesada. Lustres dourados pendiam do teto, iluminando o rei sentado em seu trono elevado, cercado por guardas reais e conselheiros. O olhar frio e autoritário de Hárdon, pai de Sukuna, cortava como uma lâmina enquanto os quatro paladinos se curvavam em respeito diante dele.
— Levantem-se. Não há tempo para formalidades desnecessárias — ordenou o rei, sua voz carregada de severidade. Ele descansava o queixo em uma das mãos, os dedos tamborilando no braço do trono.
Os paladinos obedeceram, ficando de pé em posição de atenção. Minra, a mais jovem, evitava encarar o rei diretamente, seu coração apertado ao imaginar o que estava por vir.
— Vocês sabem por que estão aqui? — questionou Hárdon, seu tom glacial.
Lion, o mais experiente do grupo, deu um passo à frente, inclinando levemente a cabeça. — Presumimos que se trata do príncipe Sukuna, Vossa Majestade.
O rei estreitou os olhos, a menção do nome de seu filho gerando um breve lampejo de algo entre ódio e dor em sua expressão. Ele respirou fundo antes de se erguer, caminhando lentamente até ficar frente a frente com os paladinos.
— Sukuna não é mais meu filho. Ele é uma aberração, uma ameaça que não pode ser ignorada. Ele nasceu com habilidades que transcendem as leis naturais deste mundo. Não importa o que vocês acreditem sobre ele, a realidade é que ele representa perigo. Um perigo que pode destruir tudo o que construímos.
Minra deu um passo à frente, sua voz hesitante, mas firme:
— Majestade, com o devido respeito, Sukuna é apenas uma criança. Ele nunca demonstrou intenção de...
— Silêncio! — rugiu Hárdon, seu tom ecoando pela sala. — Ele é o que é: uma monstruosidade. Já não basta o que aconteceu com sua mãe por causa dele? Não vou permitir que ele viva para trazer mais desgraças.
Minra recuou, mordendo o lábio inferior enquanto tentava conter as lágrimas.
Hárdon virou-se para o restante dos paladinos.
— Esta é a missão de vocês: localizem Sukuna e eliminem-no. Quero provas de que ele não respira mais.
Os três paladinos experientes trocaram olhares rápidos, percebendo a tensão crescente no ar. Lion foi o primeiro a falar:
— Majestade, entendemos a gravidade da situação. No entanto, Sukuna é... extraordinário. Se ele for tão poderoso quanto acredita, precisamos de informações sobre como enfrentá-lo.
O rei voltou para o trono, sentando-se com um ar pesado. Ele gesticulou para um conselheiro, que entregou aos paladinos um pergaminho selado com cera vermelha.
— Aqui estão registros dos poderes que ele já manifestou. Sejam cautelosos, mas lembrem-se: ele é apenas um garoto. Por mais habilidades que tenha, ele ainda é jovem e inexperiente. Essa missão não é negociável.
Minra não pôde conter sua indignação.
— Sukuna merece uma chance de provar sua lealdade ao reino! Ele...
— Já perdeu essa chance! — interrompeu Hárdon, sua voz como um trovão. — Não teste minha paciência, paladina. Você é uma soldada do reino, e sua única lealdade é a mim.
Lion colocou uma mão no ombro de Minra, forçando-a a se calar. Os paladinos inclinaram-se em uma reverência final antes de se retirarem, o peso da missão esmagando seus ombros.
Ao cruzarem as portas do salão, Lion soltou um suspiro pesado:
— Parece que estamos indo para uma caça ao príncipe... mas algo me diz que esta não será uma missão comum.
Minra, com os punhos cerrados, murmurou quase inaudivelmente:
— Eu não deixarei que isso aconteça...
Os outros paladinos notaram o brilho de determinação nos olhos da jovem, mas decidiram não comentar. Enquanto caminhavam para fora do castelo, sabiam que estavam presos entre o dever e suas próprias convicções — e que qualquer escolha os levaria a consequências imprevisíveis.
✦ Fim do Capítulo ✦