Ficool

Chapter 15 - O filho da escuridão e da esperança

Midori caminhava lentamente na direção de Yuna e de seu pai, com um sorriso sombrio no rosto. Cada passo fazia o chão tremer levemente, como se sua presença sozinha pesasse toneladas.

— Prontos para morrer? — murmurou ele, erguendo uma das mãos ainda envolta em chamas azuis

Yuna, mesmo tremendo, se colocou à frente do pai com os braços abertos.

— Eu não vou deixar você encostar um dedo nele!

Midori soltou uma risada seca.

— Que tolice. Você não é nada além de uma humana fraca. Mas admiro sua coragem. Vai morrer com dignidade, ao menos

Ele esticou o braço, pronto para disparar uma rajada de chamas. O fogo girou entre seus dedos, sibilando como serpentes famintas. Mas, antes que pudesse lançar o ataque, um som surdo ecoou no ar, como o estalo de uma energia sendo comprimida.

Zuuum.

— Tão barulhento… — disse uma voz rouca, vinda da nuvem de poeira ao fundo

Midori parou. Seus olhos se estreitaram.

— O quê…?

A poeira se dissipou num instante, varrida por uma onda de energia invisível. No centro do local destruído, Kenji estava de pé novamente, com a cabeça abaixada. Seus braços tremiam, os olhos ainda semicerrados. Mas havia algo diferente… algo que fazia até mesmo o ar ao redor se tornar pesado.

Uma aura negra, misturada com tons azulados e fragmentos de luz dourada, girava ao redor de seu corpo. Ela se prendia a ele como correntes vivas, pulsando a cada batida de seu coração.

— Isso não é possível — murmurou Midori. — Ele estava inconsciente… Não só acordou, mas o fluxo de energia mudou completamente

Yuna, surpresa, sussurrou:

— Kenji…?

Kenji ergueu os olhos lentamente. Agora, seus olhos brilhavam com uma intensidade sobrenatural — um dourado, outro azul profundo, como se dois mundos colidissem dentro dele.

— Eu avisei… — disse ele, com a voz mais firme do que nunca — Não toque neles

Num piscar de olhos, ele desapareceu da visão de Midori.

CRACK!

O som de algo se partindo ecoou alto. Midori foi lançado com brutalidade para trás, como se tivesse sido atropelado por uma força invisível. Bateu contra as ruínas de uma parede, rachando as pedras com o impacto.

Kenji apareceu no ar, acima dele, já preparando o próximo golpe. Com ambas as mãos unidas, desceu como um raio. Midori bloqueou com os antebraços, mas ainda assim foi esmagado contra o solo.

O chão tremeu. Uma cratera se abriu sob os pés dos dois.

Yuna não conseguia acreditar no que via.

— Isso… isso é mesmo o Kenji?

Ryo, ainda deitado, abriu os olhos lentamente e murmurou:

— O Kenji despertou…

Midori, rindo entre os dentes e sangrando pela boca, sussurrou:

— Heh… então é isso que você esconde? Um monstro… igual a mim?

Kenji saltou para trás, sua aura se intensificando mais uma vez.

— Não. Eu não sou como você

— Eu não mato por prazer, Midori

— Mas, por eles — apontou para Yuna e Ryo —

— Eu estou disposto a me tornar um monstro se for necessário

Midori se ergueu lentamente, limpando o sangue do rosto com as costas da mão. Seus olhos agora brilhavam com excitação pura.

— Perfeito… simplesmente perfeito! Vamos continuar! Me mostre mais! Mostre-me a verdadeira essência de um Nefirimu!

— Como se eu soubesse o que é isso que você está me chamando, seu capiroto com cara de morcego deformado! — respondeu Kenji, muito irritado

Com um rugido demoníaco, as chamas azuis ao redor de Midori tomaram a forma de serpentes de fogo. Ele avançou como uma tempestade. Kenji o encarou de frente, sua aura pulsando como um coração em fúria.

O embate final da noite estava prestes a começar — uma colisão entre dois seres que não pertencem a nenhum dos três mundos.

E o destino daquele vilarejo… seria decidido ali.

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