Ficool

Chapter 16 - Aceito o desafio... mesmo que eu morra tentando.m nome

Quando a batalha estava prestes a começar, ambos sentiram a presença de uma terceira pessoa. No instante em que a perceberam, Midori avançou sem hesitar, tentando eliminá-los com um golpe fulminante, mas...

De repente, uma figura desconhecida surgiu, interceptando o ataque com firmeza.

— Caramba, que confusão aqui! — exclamou o recém-chegado, segurando o braço de Midori com força.

Midori o encarou com desdém. Era um homem de aparência forte, corpo definido e robusto, com uma barba cerrada e olhar perfurante. Utilizava duas espadas — algo incomum para a maioria dos guerreiros deste mundo. Suas roupas estavam desgastadas: calças marrons, um kimono com braçadeiras de ferro próximas dos antebraços, além de uma bandana costurada ao ombro esquerdo, marcada com o símbolo de um clã desconhecido. Ainda assim, havia algo de diferente nele desde a última vez que foi visto.

— E você seria...? — perguntou Midori.

— Não me leve a mal, mas não tô a fim de revelar meu nome pra um demônio que nunca vi antes — respondeu o desconhecido, sem demonstrar medo.

— Nesse caso, serei obrigado a te forçar a falar... — ameaçou Midori, os olhos se estreitando.

Sem perder tempo, o desconhecido liberou uma aura intensa. Sua espada, envolta por um brilho carmesim, cortou o ar em um arco violento. A lâmina da Lua Sangrenta brilhou, obrigando Midori a recuar.

— O senhor... é aquele de... — murmurou Kenji, surpreso.

— Hã? Eu te conheço, moleque? — respondeu o desconhecido, erguendo uma sobrancelha.

— Como assim não lembra de mim? Foi naquele dia, nas ruínas, quando o senhor apareceu todo exaltado! — insistiu Kenji.

— Ah, lembrei... Você é o moleque metido a herói, não é? Hahaha! É arriscado se meter com um demônio desses. Mas, olha só... tá bem diferente daquele dia. Já sei... — comentou o homem, com um sorriso enviesado.

— Será que ele sabe que tenho uma entidade dentro de mim? — pensou Kenji, inquieto.

— Você andou treinando, não andou? — perguntou o homem.

— Que... que absurdo! — respondeu Kenji, surpreso.

— Bom, até que é forte — disse ele, cruzando os braços.

— O senhor vai me aceitar como discípulo, então? — indagou Kenji, esperançoso.

— Eu nunca disse isso, hahaha! — respondeu, rindo.

— Nesse caso, por que não nos deixa aqui? Eu consigo lidar com esse demônio sozinho — disse Kenji, firme.

— Será mesmo? Já tá todo abalado. Para de ser teimoso e deixa que eu cuido dele — aconselhou o desconhecido, sério.

— Não... Eu preciso... — murmurou Kenji.

— Precisa do quê? — perguntou o desconhecido, fitando-o com seriedade.

— Eu preciso proteger as pessoas que são importantes pra mim, mesmo que isso custe a minha vida! — respondeu Kenji, com os olhos ardendo de determinação.

— Desista desse sonho fútil e inútil. É impossível proteger todo mundo. Esse demônio é a prova disso. Ainda assim, acha que consegue? — provocou o homem.

— Sim, eu consigo! Se não conseguir na primeira, vou tentar de novo. E de novo. Até superar cada obstáculo. Pra proteger quem eu amo, vou lutar contra quantos demônios e deuses for preciso. Não preciso de um motivo... Faço isso porque eles trazem sofrimento com suas guerras inúteis! — gritou Kenji.

— E acha que pode fazer tudo isso sozinho? — questionou o desconhecido, testando-o.

— Não importa quanto tempo leve. Custe o que custar, eu vou conseguir! — respondeu Kenji, sem hesitar.

— Entendo... E por que quer um treinador? — perguntou o homem.

— Pra ficar mais forte. Pra proteger quem eu amo — disse Kenji.

— E acha mesmo que consegue? — insistiu ele.

— Eu tenho que conseguir. Porque... não quero perder mais ninguém — respondeu com a voz firme.

O desconhecido então sorriu de leve e declarou:

— Nesse caso, vou te propor um desafio.

— Um desafio? Que tipo de desafio? — perguntou Kenji, curioso.

— Acerte um golpe de verdade nesse demônio. Deixe-o irritado a ponto de mostrar seu verdadeiro poder. Ferir o orgulho de um inimigo como esse… vai provar se você tem o que é preciso — disse o homem, encarando Midori.

Midori bufou, entediado.

— Ei, já terminaram de falar? Tô ficando de saco cheio.

Sem aviso, Midori arremessou uma esfera de fogo do tamanho de uma palma. A força era absurda. Se não fosse pelo desconhecido, teria atingido Kenji e seus aliados de surpresa.

O homem o encarou e voltou-se a Kenji:

— Vou perguntar de novo, garoto: você quer mesmo enfrentar esse demônio?

— Sim, eu quero! — respondeu Kenji, com os punhos cerrados.

Levantando-se com esforço, mas cheio de energia, ele perguntou:

— Tio, o que ganho se vencer o desafio?

— Se vencer, eu revelo meu nome... e te aceito como meu aluno — respondeu o homem.

— Então se prepare, tio, porque não vou perder! — retrucou Kenji, animado, com um sorriso audacioso.

Midori gargalhou, zombando.

— Eu darei três chances. Se falhar nas três, você morre.

Kenji correu ao redor, com Midori no centro. Atirou uma pedra minúscula para distraí-lo, mas o demônio desviou sem esforço. Tentou um ataque pelas costas, mas foi bloqueado com velocidade cruel.

— Pensei que você morreria na primeira tentativa. Isso me diverte! — zombou Midori.

— Droga, não se ache, seu maldito! — gritou Kenji, irritado.

— Ei, moleque... não vai fazer nada? — soou uma voz estranha dentro dele.

— Você de novo, o que quer? — perguntou Kenji, confuso.

— Pense em mim como um prisioneiro nesse seu corpo fraco. Mas agora... você vai ou não salvar sua amiga?

— Eu quero, mas sou fraco demais! — gritou Kenji por dentro.

— Se nunca tentou de verdade... como sabe que é fraco? — retrucou a voz.

— Já tentei... mas nunca consegui... — respondeu ele, hesitante.

— Patético. Escuta: quando estiver em perigo, você não é fraco... porque eu estou aqui dentro — disse a voz, cada vez mais nítida.

— Quem é você? — insistiu Kenji.

— Você vai descobrir. Se quiser minha força, posso emprestar... mas cada vez que usá-la, se afasta da humanidade — alertou a voz sombria.

Depois de alguns segundos de silêncio, ela finalizou:

— Então?

Kenji cerrou os punhos e declarou em pensamento:

— Se for pra salvar quem amo... aceito.

— Maravilhoso. Agora... vamos lá — murmurou a entidade.

Midori ergueu o braço e declarou:

— Já cansei dos seus insultos. Agora eu vou matá-lo!

Ryo chorava ao fundo, gritando:

— Pare, por favor... não a mate!

A aura de Kenji explodiu, densa e feroz. Seus olhos ardiam.

— Não faça mal a ela... ou eu te matarei! — rugiu Kenji, tomado por um poder incontrolável.

Midori deu um passo para trás, surpreso.

— Interessante... afinal... o que é você?

Uma narração ecoou, como uma verdade ancestral:

— Neste mundo, existem três raças: humanos, demônios e deuses. Mas, raramente, nasce um híbrido entre deuses e demônios. Um ser chamado... Nefirimu.

Midori riu, um riso gelado.

— Agora entendi. Diga seu nome... antes que eu o mate!

Kenji deu um passo à frente, a aura envolta em sombras e luz, e respondeu com voz firme:

— É Kenji. Kenji Tatsuya.

E então, com um olhar cheio de fúria e justiça:

— E eu... vou te mandar pro além!

More Chapters