Olá, estranhos... ou devo dizer, leitores?
Nesse exato momento, sou Jade Willians, aquela que vocês viram aqui e ali pela história... ou melhor, pela visão da minha querida amiga Celestia — que, diga-se de passagem, não tem a menor ideia de com quem está lidando.
Talvez vocês achem estranho eu estar “roubando a cena”. Mas hoje, quem manda nessa história sou eu.
Até agora, tudo o que vocês viram foi sob os olhos da Celestia: a rebelde, a impulsiva, a que não leva desaforo pra casa. Mas... e quanto ao que ela não vê?
Eu sempre deixei palavras-chave espalhadas pela história. Apareci em momentos onde não deveria estar. E vocês acham mesmo que isso foi coincidência?
Vocês me conhecem como a garota meiga, gentil, ingênua, talvez até infantil — pelo menos, é assim que a Celestia me enxerga.
Mas eu sou tudo isso...
Quando eu quero.
A verdade? Eu sou duas caras.
Manipuladora.
Calculista.
E até agora... está tudo correndo perfeitamente.
Ninguém descobriu a minha farsa.
Celestia não desconfia de nada.
E vocês, leitores, talvez tenham sentido algo estranho, mas não fazem ideia da metade da verdade.
Ah, e sobre eu não aparecer muito nos capítulos?
É porque eu estou ocupada...
Preparando algo.
Algo que vai fazer vocês se arrepiarem até o fio do cu.
Literalmente.
Então fiquem por perto. Porque o jogo está só começando...
E eu estou cansada de ficar nos bastidores.
Até o momento, eu só observo de longe.
Não interfiro. Não me meto. Só assisto... e planto.
Estou colocando um único ponto de partida em cada canto dessa história. Pequenos detalhes que ninguém nota — ainda. Até mesmo com a senhorita Ruby Baltazar.
Meu querido "encontro" com ela?
Não foi por acaso.
Eu a vi seguir a Celestia para fora da sala de jantar mais cedo.
E como boa sombra que sou, segui ambas — silenciosa, invisível, curiosa.
E o que encontrei?
Um conflito entre duas garotas cheias de ego. Mas ali... eu percebi algo que ninguém mais notou.
Celestia...
Aquela que eu achei que seria só mais uma para eu brincar um pouco e descartar depois...
Tem um segredo.
Um segredo que ela guarda com o mesmo aperto com que cerra os punhos quando está prestes a socar alguém.
Celestia é uma caixinha de surpresas. E confesso — isso me diverte.
Ela é tão imprevisível que nem mesmo eu, com toda minha observação silenciosa, sei o que se passa naquela mente louca dela.
Aliás...
Ontem à noite foi a primeira vez que dormimos no mesmo quarto. E adivinha?
Ela dorme falando sozinha.
Ou melhor...
Falando com alguém.
Na maior parte da noite, ela murmurava coisas.
Frases sem sentido, nomes desconhecidos, conversas com... sei lá o quê.
Deu até pra me assustar um pouco.
Mas assustar... não quer dizer parar.
Eu vou continuar observando.
E esperando o momento certo pra agir.
Mas às vezes... eu me pergunto:
O que Celestia realmente quer?
Porque, sinceramente, no primeiro dia dela aqui no castelo, ela parecia um trapo humano. Uma mistura de raiva, tédio e pura rebeldia.
Eu estava de longe, como sempre — encostada em uma parede, só observando como quem não quer nada — quando o príncipe apareceu.
Ele olhou para ela com um olhar... diferente.
Intrigado. Confuso. Talvez até interessado.
Mas quem diria que ela entraria em choque logo depois que ele foi embora?
Ela congelou.
Foi quase imperceptível. Mas eu vi.
Ela travou ali, no meio do corredor. Ficou parada por alguns segundos que pareceram minutos, como se tivesse saído do corpo.
E foi aí que o guarda atrás dela começou a tentar trazê-la de volta à realidade.
Tentava falar com ela, tocar seu ombro, fazer com que reagisse.
E então ela voltou — como se ativasse um modo automático, andando sem expressão, como se desligasse alguma parte de si mesma.
Aquilo... não foi normal.
E se tem algo que me instiga mais do que segredos, é aquilo que nem mesmo o dono entende.
Celestia, por mais barulhenta que seja...
Esconde algo profundo. Algo que a quebra por dentro.
E eu?
Bem...
Eu estou cada vez mais curiosa pra descobrir o que é.
Ah, sim…
O encontro no jardim?
Também não foi por acaso.
Tudo começou na parte do corredor ouvido o segredo de Celestia saindo da boca de Ruby, bem as vezes Ruby mesmo vindo de uma família que o lema era "Inteligência acima de tudo", Ruby podia ser burra as vezes
Bem, eu pelo contrário me aproximei em silêncio e encostei na parede para ouvir melhor. Mas então...
Uma das malditas amigas de Ruby olhou para trás, como quem sentiu que tinha algo estranho.
Tive que me esconder às pressas atrás de uma tapeçaria.
Clássico.
Assim que elas foram embora, fui atrás. Não pra confrontar, claro. Só... pra continuar observando.
E adivinha onde Ruby foi parar?
Exatamente: no jardim, junto de suas inseparáveis sombras.
Fiquei atrás de um pilar, no ângulo perfeito pra ver tudo... sem ser vista.
E o que ouvi me fez arquear uma sobrancelha.
— Vocês jamais devem espalhar o boato de que Celestia é filha ilegítima — disse Ruby, com o rosto visivelmente incomodado.
Hmmm... então ela não quer que isso vaze.
Por quê? Pra proteger Celestia?
Ou a si mesma?
Mas então...
Ela completou em voz baixa, quase como um sussurro arranhado:
— Se não... aquela pessoa vai descobrir.
Aquela demônia... com aparência de anjo.
Ruby tremia. Literalmente.
Opa. Peraí.
"Aquela pessoa"?
Então tem mais gente nessa história?
Alguém mais perigoso do que Celestia?
Alguém que faz até Ruby, a Rainha do Gelo, suar frio?
Talvez alguém que Celestia conheça...
Ou pior: alguém que Celestia nem sabe que existe, mas que sabe tudo sobre ela.
E aqui estou eu...
No meio de tudo isso.
E sinceramente?
Estou começando a achar que essa história vai muito além dos joguinhos de corte.
E talvez, pela primeira vez... eu não esteja mais no controle.
Abri um sorriso.
Não qualquer sorriso.
Um daqueles largos, malignos, de quem acabou de ver a novela ficar boa.
Tudo estava ficando cada vez mais interessante.
Se não fosse por um pequeno detalhe...
Ruby me pegou no flagra.
Não sei como, mas a desgraçada olhou exatamente onde eu estava. Nossos olhares se cruzaram por um segundo e… pronto.
Ela correu até mim e, na tentativa de fugir, acabei tropeçando e caindo no chão feito uma atriz de quinta.
Claro que entrei no meu modo ingênua e infantil imediatamente.
— Ai... foi mal, eu me perdi, hihi... — com aquele jeitinho bobo que faz até adulto achar que você não tem cérebro.
Mas Ruby não estava com paciência.
Ela segurava um livro — e estava nitidamente incomodada com aquilo.
Parece que o conteúdo ali dentro pesava mais que aparência dela.
E foi aí que o melhor aconteceu:
Celestia entrou no meu campo de visão... e SOCou Ruby no chão.
Pá.
Eu quase aplaudi de pé.
Ruby caiu de lado, e as duas outras garotas sumiram de medo.
Eu? Fiquei só ali, parada, curtindo o caos, adorando cada segundo.
Mas então...
Ruby me olhou.
E não foi qualquer olhar. Foi um de pavor absoluto.
E eu?
Retribuí com uma expressão completamente duas caras — aquele sorriso sócio-maníaco que mantenho guardado para ocasiões especiais.
Por um breve momento pensei em não interferir.
Afinal, estava divertido.
Mas então percebi...
Celestia estava prestes a abrir a boca e soltar umas boas verdades.
E o problema é que Ruby era sensível.
A algumas coisas, pelo menos.
Se Celestia falasse demais… poderia dar ruim. E eu não queria que Ruby desmoronasse ainda.
Então, fiz o que faço de melhor:
Apareci na hora certa.
Segurei Celestia por trás, fingindo pânico.
Falei para ela não bater, não era o que parecia, mais tive que mentir na cara dura com Ruby me ajudando a me levantar do chão
Mentira?
Claro.
Mas foi o suficiente para Celestia parar e me olhar confusa.
Depois, peguei o livro das mãos de Celestia depois que ela me bateu com livro em minha cabeça
Fingir que era meu o tempo todo, e dei um sorriso doce.
O tipo de sorriso que esconde veneno por trás dos dentes.
Porque, no fim...
eu precisava daquele livro.
E consegui.
Com charme.
Com teatro.
Como uma verdadeira atriz.