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Rua 7; Amor e tragédia

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Synopsis
Chico um jovem apaixonado por sua namorada Natália, até que algo acontece e o força a mudar por completo.
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Chapter 1 - pombinhos

Chico se levanta de sua cama e vai fazer sua rotina matinal, comer, escovar os dentes, se alongar e se arrumar para o trabalho. Ele trabalha com um padeiro em uma padaria local— bem grande na verdade.

Ela fica no centro da cidade, diferentemente da casa dele, que fica no sul. Leva cerca de 30 minutos de ônibus e quase uma hora andando.

O tempo estava seco e quente mesmo estando de manhã, Chico desceu do ônibus com um sorriso no rosto dando um bom dia a todos que viu.

"Bom dia senhora!" Disse "bom dia seu João!" Acenou para o senhor de camisa social azul que passava pela outra calçada. Cantarolava enquanto caminhava para a padaria com um largo sorriso no rosto.

Não era por menos, hoje ele vai ter um encontro especial com sua namorada. Natália é uma garota introvertida e fofa, só de pensar nela o coração de Chico quase saltava para fora.

"Padaria Júpiter" era uma das melhores padarias da cidade e o motivo era o grande marketing do dono e seus padeiros— que com certeza eram ótimos em fazer salgados, doces, bolos e tudo mais que você imaginar.

— Bom dia, Chico!— uma voz um pouco afinada gritou.

Ele olhou para cima e percebeu que era sua colega de trabalho Ana Paula, usando o uniforme da empresa e uma touca que prendia o seu cabelo castanho.

— Bom dia Ana!— acenou com a mão enquanto entrava— Todo mundo já chegou?

— Sim, já estão todos preparando as suas massas e doces— respondeu ela, ajeitando sua touca— então senhor "chefe dos cozinheiros", o que vamos fazer agora?

Escutando ela o chamar daquele jeito não pode segurar o riso, ela também se juntou e os dois riram.

— "Chefe dos cozinheiros" né? Vai ser difícil me acostumar com isso.

Ela olhou para ele enquanto pegava um doce do balcão para comer.

— Também...— mastigou o doce— Você foi promovido ontem.

Ele olhou para ela com uma cara de desaprovação, não sobre nada que ela disse, mas por ter pegado o doce. Já haviam algumas dezenas de embalagens acima do balcão.

Ele cruzou os braço e levantou uma sobrancelha.

— Você vai pagar por isso, né?

Ela parou o movimento de abrir outro doce e olhou para ele com olhos arregalados e boquiaberta.

— Queeee?— disse alongando a sua voz até não ter mais voz.

Chico sorriu e entrou na cozinha segurando a alça da sua bolsa— que estava em seus ombros.

— Bom dia!— alguém gritou ali.

— Bom dia!— outro gritou lá.

Enquanto recebia uma enxurrada de bom dia, Chico apenas acenava a mão e ia para a sua bancada na cozinha.

— Bom dia, Chicão!— um homem ruivo gritou batendo a mão no ombro do Chico— já está pronto para começar o dia?

— Léo... Como vai?— falou ele tirando a mão do Léo de seu ombro— Claro que sim!

Eles começaram a conversar enquanto faziam salgados. Eles são amigos desde a época de escola e quase começaram a trabalhar juntos, Léo 6 meses depois de Chico, mesmo estando na escola e trabalhando meio período da padaria, Chico se dedicou a aprender tudo sobre ser padeiro e confeiteiro, trabalhou duro por anos.

Nada mais merecido do essa promoção, ele cuidava de tudo sobre os padeiros e quando o chefe não estava ele tomava conta de todos os assuntos internos e externos.

Já foi campeão de vários programas de gastronomia e padaria, é considerado um dos melhores de São Paulo. Chamam ele até de "mestre confeiteiro".

Já era hora do almoço e ele saiu da padaria com um salgado na mão, se sentando na área dos fumantes. Apesar dele não gostar dos mesmos.

Ele esperou a manhã toda por esse momento, ficou lá comendo o salgado até o celular tocar, ele pegou o celular tão rápido que quase derrubou o salgado.

Era Natália quem ligava, ela estava no horário de almoço também e todo dia fazia a mesma coisa, ligava para ele.

Ele atendeu com a boca cheia de salgado e um sorriso.

— Alô, Quem fala?— disse Chico com uma voz abafada pela boca cheia de salgado.

Ele já sabia que era, mas decidiu brincar um pouco com ela.

— Chico? — perguntou ela com sua voz tímida.

— Quem?— voz abafada do Chico continuou.

—Esse não é o número do Chico?— sussurrou ela pra ela mesma— será que eu liguei para outra pessoa sem querer?

Chico não aguentou segurar o riso e no processo se engasgou com o salgado. Bateu a mão no peito e tomou metade da latinha de refrigerante tão depressa que derrubou a outra metade.

— Moco, você está bem?— perguntou desesperada— Quer que eu chame uma ambulância ou tem algo que eu possa fazer?

É isso que eu mais gosto nela....

— Tô bem Natália... Sou eu— fala calmo depois de desengasgar— foi mal baixinha, como você está?

Ela soltou um "ah" interrogativo e depois um "ah" que soava ameaçador.

— Então era tudo brincadeira, seu bobo!— ela gritou no celular— como você faz uma coisa dessa!? Mas....você tá bem?

Esse seu jeitinho de ser....

— Foi mal baixinha, sim eu já estou melhor— respondeu abrindo outra lata— e você como vai o seu trabalho?

Ela espera um pouco para responder— "aposto que está fazendo um biquinho."

— Tá tudo bem, mas isso não interessa agora— falou ela bebendo algo— E o nosso encontro?

"Sabia que ela iria perguntar sobre isso" pensou Chico.

— vou passar na sua casa às 20:00 e vou te levar para jantar em um lugar muito massa— falou ele com orgulho— adivinha na onde?

— Onde, onde!?— fala ela com empolgação— vai, me fala!

Ele faz suspense por um tempo, bebe o refrigerante e volta a falar com ela.

— Não vou te contar— diz ele negando com a cabeça.

Ela fez um barulho com a boca como se estivesse rosnando.

— porque!?— gritou ela pasma.

De repente alguém a chama no fundo falando que o horário de almoço terminou.

— Bom, então eu te pego às 20:00— indaga ele— fiquei pronta, viu?

— Tá, hum.... Tchau Chico Gustavo— Ela falou o sobrenome dele apenas para provocar— Te amo grandão!

— Também te amo, pouca perna!

Ele para e olha para o céu limpo da tarde, "Nossa... Como eu amo você, Natália!"— pensou com um grande sorriso.

Enquanto fazia o turno da tarde, ele conversou e cantarolou sobre o seu encontro com sua namorada, tanto que quase o expulsaram da cozinha.

—"Eu amo ela, seus cabelos, olhos, orelhas, mãos, braços, o sorriso, sua pele, a personalidade... Eu amo tudo nela"— era isso que ele cantava enquanto lavava a louça.

— O chefinho.... Por favor, fica quieto um pouquinho, só!— essa era a reação de quem ficava perto dele.

Finalmente acabou o trabalho e ele poderia ir para a casa se arrumar para o encontro, se despediu de todos com um sorriso no rosto, entrou no ônibus escutando músicas românticas, tomou banho cantando "evidências", o vizinho mandou ele calar a boca também.

O que já era esperado.

Vestiu a sua melhor roupa— não que tivesse muitas— uma camiseta social e calça também social pretas, um fino colar prateado, um relógio também prateado e por fim seu melhor perfume.

Esse perfume é especial para Chico, foi o presente que a Natália deu para ele no seu último aniversário.

Tinha um leve aroma de limão e lembrava muito torta de limão.

Ele saiu na rua e sentiu a brisa da noite fria— voltou pra casa para pegar uma blusa— a lua estava em parte coberta por nuvens.

No ônibus se destacava com seu estilo elegante, na sua mão um buquê de lirio com lilás e lavanda grande, juntamente de uma caixinha que continha um lindo colar de lua prateado.

Esse seria o seu presente para ela.

Natália morava um pouco longe, enquanto a casa de Chico ficava ao sul da cidade, a dela ficava ao norte. Mas para quem ama de verdade não liga para essas coisas.

A rua estava quase sem movimento, duas os três pessoas passavam de vez em quando, tinham alguns carros estacionados e cachorros latiam quando ele passava.

Em frente a um portão branco estava Natália segurando a bolsa/carteira dela com as duas mãos.

Chico parou a quatro metros de distância e ficou lá parado admirando a sua beleza, ela estava usando um vestido colado preto de mangas longas e um salto alto, seus longos cabelos ondulados estavam soltos e balançando conforme a brisa.

Ele só tinha um pensamento enquanto a observava "Cara... Como ela é linda" " Eu realmente amo ela..."

Ela finalmente o percebeu e sorriu para ele enquanto caminhava na sua direção, ele corou um pouco com o coração acelerado.

— Oi!— disse ela abraçando ele— Você está 4 minutos atrasado.

Ele coça a cabeça e beija a bochecha dela.

— Isso é porque fiquei 4 minutos admirando a sua beleza...

Ela corou e o abraçou mais forte, ficou corada e cheirou o seu pescoço.

— Eu conheço esse cheiro— seus lábios rosa abriram um largo sorriso— seu bobo.

Ela exalava um cheiro doce de morango que fazia o Chico ficar ainda mais corado.

— Aqui— ele entregou o buquê a ela— para você!

Ela já tinha visto o buquê, mas mesmo assim fingiu surpresa, o que fez o Chico rir.

—Uaw!!!— ela cheirou o buquê— um buquê de lírio, o meu favorito.

— Desde o segundo colegial— disse ele pegando na mão dela.

— Uhum, desde o segundo colegial— concordou ela, enquanto caminhavam— Quando você me pediu em namoro, mas eu recusei por causa dos meus pais.

— Nossa nem me lembre daquele dia— Chico suspirou— Tenho medo do seu pai até hoje....

Ela riu e zoou dele, enquanto ele olhava para ela de forma sarcástica.

— Se vai rir, é?— perguntou ele— quer que eu te lembre do seu aniversário de 19 anos?

Ela para de andar e faz biquinho olhando para ele.

— Pode parar por aí, popozão— gritou ela.

Ele congela e olha para ela com a boca aberta.

— Qual é, esse apelido ainda me da calafrios — exclamou Chico com as mão levantadas.

— Tá bom, tá bom.... Me desculpe Chico Gustavo— falou ela o abraçando novamente— mas você continua sendo um bobo.

Eles andavam pela rua se destacando por suas belezas e elegância, a noite fresca combinava com eles e a lua se escondia atrás das nuvens para não ofuscar o brilho deles.