Page One andava de um lado para o outro ansiosamente, sem saber o que fazer.
"Irmã… a chuva está ficando mais forte, por que você não se levanta primeiro?"
Ulti pareceu não ouvir as palavras de Page One.
Ela permaneceu em sua postura curvada, imóvel.
Rels D. Merpheus olhou para Ulti.
Ele ficou tocado.
Podia sentir a sinceridade e o remorso dela…
"Você pode se levantar agora, eu não te culpo mais", disse Rels, sua voz abafada pela chuva.
Ele caminhou para frente e estendeu a mão para ajudá-la a se erguer.
"Não fique assim, está tudo bem agora."
Ulti levantou os olhos, surpresa.
"Sério? Você realmente me perdoou?"
"Claro, foi apenas um mal-entendido… eu não sou uma pessoa mesquinha", respondeu Rels com simplicidade.
Ulti se levantou devagar, o corpo rígido por ter ficado curvada por tanto tempo.
"Obrigada…"
A chuva continuava caindo incessantemente, sem sinal de parar.
"Yay!" Page One ficou radiante ao ver Rels perdoar sua irmã.
"Vamos encontrar um lugar para nos abrigar da chuva primeiro!"
Os três encontraram um refúgio improvisado e se acomodaram ali.
Sacudiram a água da chuva de seus corpos.
.........
"Eu me pergunto quando essa chuva vai parar", disse Page One, olhando para a tempestade lá fora.
Rels encontrou um canto relativamente seco e se sentou.
"Vamos esperar um pouco e ver."
Ulti ficou de lado, inquieta.
"É tudo culpa minha por fazer todo mundo se molhar na chuva", murmurou, se culpando.
"Não diga isso. Quem poderia imaginar? Como você pode se culpar por isso?" Rels respondeu com gentileza.
Ulti, que estava afastada, inconscientemente voltou a olhar para Rels.
O vermelho do sangramento em seu nariz já havia diminuído bastante, mas ainda restavam marcas…
"Que tal… eu limpar isso para ele?" pensou, mordendo o lábio, hesitante.
Sua mão quase puxou o lenço que carregava consigo.
Deu até um passo para frente, mas parou, o rosto cheio de conflito.
Em seu coração, era como se duas versões dela brigassem.
Uma dizia: "Vá logo, foi você quem o machucou, é o mínimo que pode fazer!"
A outra retrucava: "E se ele só foi educado? E se ele não quiser que você se aproxime… não vai ser estranho?"
Os grandes olhos de Ulti refletiam sua luta interna.
Page One se aproximou e puxou de leve a manga da irmã.
"Irmã, vai lá limpar isso para esse irmão mais velho. Foi você quem o machucou, tem que assumir a responsabilidade."
A inocência em sua voz contrastava com a tensão de Ulti.
"Eu… eu não sei se ele vai aceitar. E se ele me recusar, não vai ser estranho?" sussurrou Ulti, envergonhada.
Page One ignorou.
Ele a empurrou levemente para frente.
"Irmã, anda logo! Ações valem mais do que palavras. E esse irmão mais velho parece muito legal, tenho certeza de que não vai te deixar desconfortável."
Ulti tropeçou dois passos para frente, ficando mais perto de Rels.
Rels, intrigado, olhou para os irmãos.
O que eles estavam tramando?
O rosto de Ulti ficou vermelho.
Ela apertava o lenço em mãos, nervosa.
"Hum… você ainda tem manchas de sangue no nariz e na boca… Eu… eu queria limpar para você."
Rels se surpreendeu, mas sorriu com doçura.
"Tudo bem. Não precisa se incomodar."
O coração de Ulti disparou com a recusa.
Seu rosto corou ainda mais.
"Não… não é incômodo nenhum."
Era difícil recusar tanta sinceridade.
Rels acabou cedendo.
"Então… tudo bem."
Ulti sorriu alegremente, seus olhos brilhando como luas crescentes.
Ela enfiou a mão timidamente dentro da roupa, perto do peito, e puxou o lenço.
A ponta apareceu devagar, como uma criança tímida espiando o mundo.
Quando se aproximou de Rels, Ulti desviava o olhar, encarando-o apenas de relance.
A distância era curta demais…
Tão próxima que ambos podiam sentir a respiração quente um do outro.
Rels sentiu também a fragrância leve de Ulti, uma mistura fresca da chuva com a delicadeza de uma jovem.
O coração de Ulti batia como um tambor.
Suas bochechas ficaram ainda mais vermelhas.
Sem coragem de encará-lo, baixou os olhos para o nariz de Rels e começou a limpar com delicadeza.
Seus movimentos eram suaves, quase cuidadosos demais.
Ao encostar na pele dele, Ulti sentiu a temperatura morna e uma corrente elétrica percorreu seu corpo inteiro.
Rels, por sua vez, podia sentir o nervosismo dela.
E ao vê-la tão focada, pensou: "Essa garota é realmente fofa…"
Pouco depois, Ulti retirou o lenço, apertando-o contra o peito.
Baixou a cabeça, as sobrancelhas levemente franzidas.
"Está… está feito."
Rels sorriu gentilmente.
"Obrigado."
Ulti ergueu os olhos rapidamente.
"Isso… era o mínimo que eu podia fazer."