A Terra Sagrada de Mary Geoise
No luxuoso Palácio de Platina, um homem de meia-idade, imponente e elegante, estava cercado por outros senhores de aparência carrancuda. O ar pesado refletia sua preocupação, como se tivessem cometido um erro imperdoável diante daquele homem.
[O jovem mestre ficará bem, certo?] — perguntou um deles, com barba espessa, a voz carregada de angústia.
Um médico, vestido com seu jaleco branco, inclinou-se sobre a criança deitada na cama e respondeu:
[Não é nada grave, apenas um susto. Com um ou dois dias de descanso, ele estará em perfeitas condições.]
O alívio tomou conta da sala, como se todos tivessem conseguido respirar novamente após prender o ar por muito tempo.
[John Chuck Saint, eduque melhor o seu filho! Como ousa levar o jovem mestre a um lugar tão perigoso? Se algo tivesse acontecido…] — rugiu um ancião, apontando um dedo acusador. [Quer transformar a família John em inimiga dos Nobres Celestiais?]
Esse era o mundo de One Piece. E Mary Geoise, a terra sagrada onde habitam as famílias mais nobres do mundo.
Na cama, repousava o garoto de feições heroicas: Saint Lucifer, filho legítimo de Im, o soberano do Trono Vazio.
John Chuck, tomado pelo pavor, ergueu a mão e desferiu um tapa forte em seu próprio rosto.
[Mil perdões, Lorde Im. Jamais imaginei que piratas ousariam atacar o Vale dos Deuses. Essa é minha falha… e eu a carregarei para sempre.]
Im o observava em silêncio, até que finalmente falou com voz fria:
[Esqueça. A culpa não é sua. Nem eu poderia prever que os Piratas Rocks ousariam tanto. A verdadeira falha é da Marinha, que permitiu que aqueles vermes invadissem o coração do Vale dos Deuses.]
Sua presença era sufocante. Os nobres ao redor apenas baixaram a cabeça quando ele ordenou:
[Lucifer é meu filho. Não permitirei que cresça frágil. Saiam todos. Ele precisa descansar.]
Os homens se retiraram às pressas, deixando apenas Im, o médico e o inconsciente Saint Lucifer.
[Você também pode ir, doutor. Que os servos cuidem dele. Tenho assuntos maiores a tratar.] — disse Im antes de se retirar, lançando um olhar gélido que fez o médico tremer até os ossos.
Logo, belas servas entraram em silêncio. Todas usavam colares negros com pequenos pontos vermelhos pulsantes — como bombas prestes a explodir. Oito no total, cada uma mais bela que a outra, mas sem qualquer traço de emoção no rosto. Eram bonecas vivas, destinadas apenas a servir e proteger o filho do governante supremo.
O Espaço Negro
Em um lugar escuro e sem fim, uma consciência gritava contra a luz branca que flutuava diante de si.
[Maldito sistema! Apareça agora! O que você está tentando fazer comigo? Esse negócio de viagem no tempo, de reencarnação… explique!]
Uma voz mecânica, sem emoção, respondeu:
[Host, não se irrite. Seu corpo original morreu engasgado com refrigerante enquanto assistia One Piece na Terra. Este sistema apenas lhe concedeu uma oportunidade de renascer.]
[Você que morreu! Toda a sua família morreu! Eu estava bem…] — berrou a consciência, ainda em negação.
Então imagens começaram a desfilar como slides diante dele. Mostravam sua morte patética: tossindo, engasgado, cremado, suas cinzas espalhadas por acidente, até mesmo zombadas por conhecidos. Cada cena era um golpe de realidade.
Ele percebeu: havia realmente morrido.
A voz voltou:
[Viu? Você não foi enganado. Sua morte foi real — e humilhante. Este sistema, por compaixão, oferece a chance de recomeçar em um novo mundo. Assine o contrato e viva novamente.]
Uma esfera de luz surgiu diante dele. Mas conforme diminuía, sua respiração se tornava mais fraca. Se não aceitasse, sumiria no vazio para sempre.
Ele hesitou apenas por um instante. Ninguém deseja desaparecer. Todos buscam sobreviver.
[Se eu assinar… vou ganhar poderes? Como nos romances de viagem no tempo?]
[Exatamente. Você renascerá com habilidades especiais. Sua vida miserável se transformará em uma jornada de glória, liberdade e prazeres. Assine agora, antes que a luz desapareça para sempre.]
Sem outra saída, ele estendeu sua vontade e assinou: Saint Lucifer. A assinatura brilhou em dourado, iluminando o nada.
O Renascimento
O vazio se dissolveu em cores.
[Parabéns, Host. Você renasceu no mundo de One Piece. Identidade: Nobre Celestial. Filho do dono do Trono Vazio. Nome: Saint Lucifer.]
A consciência voltou ao corpo de um garoto de menos de dez anos, que desperta de súbito em uma cama luxuosa, cercado por servas ajoelhadas.
[Mas que… inferno?! Onde estou? Por que sou uma criança?! Espere… tudo aquilo não foi um sonho?]
A voz do sistema ecoou dentro de sua mente:
[Não é um sonho. Você está em Mary Geoise, a terra sagrada. A partir de hoje, viverá como o mais nobre entre os Nobres Celestiais. O filho de Im, governante supremo do mundo.]
Saint Lucifer arregalou os olhos, entre confuso e atônito. Sua nova vida havia apenas começado.