East Blue.
No navio dos Piratas do Tigre Gigante.
Depois do banho e de uma refeição simples, Victor encontrou um quarto e finalmente conseguiu uma boa noite de sono.
Esse descanso levou o tempo direto até a noite.
Vendo que o diário não recebia novas anotações há horas, muitas mulheres que possuíam cópias voltaram às suas próprias atividades.
A única que permaneceu foi Carina.
Observando Victor em sono profundo, a jovem cogitou fugir no bote salva-vidas. Mas, ao mesmo tempo, sabia que se partisse assim perderia de vez a chance de conquistar o modelo da Yae Miko.
Mesmo que eu fique, ainda tenho chance de receber esse poder?
Ele já decidiu não me entregar… e mesmo que eu tentasse roubar, o modelo não é algo físico que eu possa pegar.
Não adianta. Estou impotente diante dele.
Suspirou, olhando para a lua cheia no céu.
O medo de ser punida por Victor por ter mentido a deixou ainda mais exausta.
— Esquece, é impossível. — murmurou, cansada.
No fim, tomou sua decisão. Preparou um bote com um pouco de comida e água, e desceu discretamente para o mar.
— O tesouro dos Piratas do Tigre Gigante… e o que eles roubaram de mim… tudo fica com você, Victor.
— Eu é que não consigo me despedir sem mais nem menos. —
Com um último olhar para o navio, remou para longe.
Sem perceber, Victor já estava desperto, de pé no mastro, observando-a ir embora com um sorriso curioso.
Pouco depois, Carina parou ao notar luzes de tochas no mar.
Seu coração disparou, mas logo percebeu:
— Ah… não é o fogo do Victor. Só tochas normais.
Observando melhor, distinguiu a bandeira.
— Não pode ser… os Piratas do Gato Preto!
— Maldição, fiquei tão focada em escapar do Victor que acabei me aproximando deles.
Tentou remar para longe, mas uma forte batida sacudiu o bote, quase a lançando ao mar.
— O que está acontecendo?! — gritou em pânico.
— Hee hee… já que veio até aqui, não pense que vai sair tão cedo. —
A voz veio de trás. Assustada, Carina golpeou às cegas com o remo — mas este se quebrou em duas partes, esmagado por um punho.
E diante dela surgiu uma figura familiar: um homem alto e gordo, usando uma máscara de gato.
— Há quanto tempo, Carina. — disse Buchi com a voz abafada.
— H-há quanto tempo… que coincidência, não? — forçou um sorriso nervoso.
— De fato. O Capitão Jango vai adorar saber que você está aqui. — respondeu ele, estendendo a mão.
— N-não precisa incomodar, eu já ia embora… aahhh! —
Antes que pudesse reagir, Buchi a ergueu pelo ombro e saltou de volta para o navio dos Gatos Pretos.
— Estou perdida… — Carina fechou os olhos, lembrando-se da vez em que enganou os Piratas do Gato Preto, fingindo juntar-se a eles apenas para roubar seu tesouro.
Agora, não via outra saída senão imaginar seu fim nas mãos de Jango.
Eu não devia ter deixado Victor… O que faço agora?
Os olhos marejados quase denunciaram as lágrimas que queria soltar.
E foi nesse instante que o Diário de Viagem de Victor, silencioso por mais de dez horas, voltou a registrar sozinho:
[Diário de Viagem de Victor:]
[Calendário Marítimo – 16 de junho de 1520, noite, céu sem estrelas nem lua!]
[Foto: Carina capturada pelos Piratas do Gato Preto.]