Ficool

Chapter 21 - 21#

Grand Line, primeira metade.

— Inteligência comparável à de Benn Beckman? — Gion apoiou o queixo na mão, lendo o diário com atenção. — Mas, de acordo com Victor, esse tal Kuro não parece tão brilhante assim… Talvez sua visão fosse limitada demais, e isso restringiu suas ambições.

Em sua outra mão, Gion segurava uma ordem de recompensa de centenas de milhares de berries. Ela mesma havia pedido aquilo aos soldados da Marinha enquanto observava o diário.

Antes, Gion não ligava para Kuro.

Mas, quando Victor mencionou o "Imperador do Machado", mudou de ideia.

Se Kuro conseguiu manipular até esse homem, então ele deve ter uma força considerável.

E ao ver Victor chegar a compará-lo ao próprio Benn Beckman, o braço direito do Ruivo, Gion passou a analisar Kuro com muito mais seriedade.

Agora, sua missão no East Blue já não era apenas encontrar Victor.

Além dele, em sua lista de buscas entravam o tal Imperador do Machado, Kuro e até mesmo Uta, a filha do Ruivo.

— Esse Victor… por que nunca fala de forma clara? — resmungou Gion, com um leve tom de frustração. — Onde exatamente Kuro se escondeu para buscar riqueza? Quem é o tal Imperador do Machado? Nem Uta ele deixou claro se ainda está em Elegia ou não… Se é para escrever um diário, que escreva direito.

A irritação dela por Victor crescia cada vez mais.

Vila Syrup.

Três anos para ganhar confiança e herdar uma fortuna…?!

Os olhos de Kaya se arregalaram. Ela lançou um olhar furtivo para o mordomo Klahadore, que estava próximo.

Se havia alguém que se encaixava na descrição feita por Victor sobre o Capitão Kuro, só podia ser ele.

Não… impossível! Klahadore não pode ser o Capitão Kuro. Victor deve estar falando de outra pessoa…

Kaya sacudiu a cabeça e voltou os olhos para o livro de medicina, mesmo que seus dedos tremessem sobre as páginas.

[Além da inteligência, o Capitão Kuro possui dois talentos notáveis em combate.]

[A técnica "Shakushi" (Colher), criada por ele, rivaliza em velocidade com o "Soru" do Rokushiki da Marinha.]

[Não é à toa que dominava o East Blue por tantos anos.]

[O problema é que a "Colher" tem uma falha fatal: quando a utiliza, ele perde a noção de quem está atacando.]

[Por isso, sempre que pretende usá-la, dispensa seus homens e luta sozinho.]

[Mesmo aposentado, nunca abandonou o instinto de combate. Seu hábito de empurrar os óculos com a palma da mão — adquirido pelo uso das luvas de lâminas — permaneceu.]

[Um detalhe pequeno, mas que revela que ele nunca deixou de ser um lutador.]

Empurrar os óculos com a palma da mão…!

Kaya piscou várias vezes e, quase sem pensar, olhou para o mordomo.

Naquele instante, Klahadore ajustava os óculos exatamente desse jeito.

— I-isso é verdade?! — exclamou sem querer.

— O que houve, senhorita Kaya? Há algo errado comigo? — perguntou ele, repetindo o gesto ao empurrar as lentes.

— N-não, nada! — Kaya sacudiu a cabeça apressada, o coração disparado.

Klahadore estreitou os olhos.

— Senhorita, hoje a senhora parece estranha. Deve estar cansada. Melhor descansar.

Com naturalidade, fechou a janela, recolheu o livro de medicina e o colocou sobre a escrivaninha.

— Amanhã poderá estudar novamente. Hoje, cuide-se. —

Era um gesto comum de seu mordomo. Mas, depois de ler o diário de Victor, Kaya encolhia-se debaixo daquele mesmo cuidado, como se aquelas mãos gentis escondessem garras afiadas.

— Klahadore… espere. — murmurou, forçando coragem. — Preciso lhe perguntar algo…

O mordomo virou-se, curioso.

— O que deseja, senhorita?

Kaya mordeu os lábios, os olhos vacilando até o diário em suas mãos.

[Talvez, neste momento, devêssemos chamá-lo de Klahadore, e não de Capitão Kuro.]

[Tomara que Kaya não mencione o hábito dele de empurrar os óculos — Kuro é muito sensível a isso.]

[A pobre senhorita Kaya… ao menos tem a fiel empregada Merry ao seu lado, que a protege de coração.]

[Mas Kuro é cruel. Quando pôs o plano em prática, matou até mesmo Merry, que o servira durante anos, sem hesitar.]

[E ainda quebrou os óculos novos que Kaya havia escolhido como presente.]

[Um pirata de verdade… frio, calculista, sem coração algum.]

Kaya apertou o vestido com força. O peito subia e descia em pânico.

Não… Klahadore… Capitão Kuro… isso não pode ser verdade…

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