Ficool

Chapter 4 - Um novo objetivo

Após o primeiro confronto, e apesar de ser um treino, Lucas dirigiu-se aos balneários para tomar um banho e, enquanto isso, pensava para si próprio:

Eles usam muitas técnicas que eu desconheço e que o Mestre nunca me falou. O Mestre tinha de saber acerca destes estilos, ele sabia imenso sobre Zen, aqueles livros todos, vindos de todo o mundo, porque é que não me mostrou nada disto? Provavelmente, estas são muito recentes… Tenho saudades de todos.

Com a água a bater-lhe nas costas, Lucas era o único que estava ali naquele balneário. Ele analisava o comportamento de Isabel e continuava a duvidar dela. Mesmo assim, não era esse o problema. Continuava com uma ânsia de descobrir mais sobre Eliote, de onde veio e porque decidira começar uma guerra no passado. É por isso que nasce um objetivo novo para ele, certo ou errado, isso não lhe importava.

Eles subestimam Lusitânia, mas eu não me esqueço do que eles nos fizeram, como nos trataram no passado e, sobretudo, as vidas que nos tiraram, contribuíram para o nosso desaparecimento, mesmo que não tenham causado o terramoto. Se tivéssemos tido mais guerreiros e mestres Zen, a catástrofe não acontecia… Eu faço questão de lembrá-los que Lusitânia vive em mim, pelo menos. Vou jogar o jogo deles, verei do que sou capaz e do que eles são também, está na hora!

Após o momento de reflexão, saiu, secou-se e vestiu uma roupa dada pela academia, já que a que trazia estava ensopada de suor, pois ninguém lhe oferecera nada para treinar.

Antes de sair das instalações, reparou que no hall de entrada havia algumas fotos de campeões e de diplomas mundiais antigos dos Jogos do Mundo, extinto desde 2756 devido aos incidentes provenientes das guerras da época. Lucas observou alguém conhecido num dos quadros: era o pai do João, o guerreiro do Trovão de Lusitânia e um dos membros do Lusado, o grupo de conselheiros e políticos de Lusitânia.

Na imagem, ele aparecia com a medalha de prata e com um sorriso evidente. Naquela época ainda não era pai e tinha sido precisamente o seu último torneio, em 2755.

O tempo voa… Parece que foi ontem que estávamos em casa do João e o pai dele a contar-nos lendas do mundo. Tínhamos 9 anos na altura, 2755 acho eu. Bons tempos…

Depois de contemplar as fotografias, saiu finalmente e foi ter com Isabel à biblioteca, como combinado.

Pelo caminho, testemunhou o pôr do sol. Eram 19:45, o verão estava a terminar em Libreland. Lucas não estava habituado à capital New Berlin, preferia o verão do Templo e de Lusitânia. Neste caso, seria inverno na sua terra natal, por esta altura.

As lojas fechavam, enquanto os restaurantes abriam. Os jovens saíam com amigos e os adultos aproveitavam para descansar nos seus lugares favoritos. Os comboios chegavam todos à estação principal de New Berlin para deixar os operários na sua cidade, após o trabalho árduo nos subúrbios. Esses nem tinham um momento de lazer, deslocavam-se a pé até aos bairros comunitários para terem um momento de paz. Lucas começou a sentir empatia por eles, depois de vislumbrar as suas faces tristes e cansadas.

Por fim, chegou ao local e a "mestre" já estava lá à espera dele.

"Boa noite! Já jantaste?", Isabel questiona-o.

"Ainda não, saí diretamente da academia."

"Os restaurantes típicos da cidade abrem agora, não queres comer algo diferente?", convida-o.

"Não, obrigado, estou só aqui para o livro.", Lucas muda a sua postura.

"Muito bem, vamos ser rápidos para ires embora.", a jovem fica aborrecida com a rejeição.

"É isso."

Já no piso dos livros privilegiados, tiram da prateleira um, Lusitânia e o Mundo, de Jacob Henriques.

"É este, correto?", confirma a rapariga, aborrecida.

"Sim, é esse mesmo.", Lucas pega nele e folheia-o até à página 30. Lá encontra um papel pequeno, dobrado em dois, retira-o de lá, sem ela se aperceber, e devolve o livro.

"É este ou não?", Isabel fica confusa e sem entender.

"Era, obrigado.", Lucas sorri e agradece.

"Então era só isto?"

"Sim, queria ler uma das passagens do livro."

"Só isso?! Eu podia estar a jantar neste momento e ter o meu momento de lazer, fizeste com que eu viesse aqui, não vens jantar comigo e só querias ler uma passagem?!", a rapariga fica incomodada e sente-se usada. "Não me voltes a pedir mais nada, por favor… Achei que tinhas feito o esforço de mudar…"

"É impossível mudar de um dia para o outro, para não falar que nem nos conhecemos e queres jantar… Não importa, eu não tenho nada para festejar, de qualquer das formas."

"Enquanto continuares assim, não vais superar o teu passado."

Lucas não responde, apenas vai-se embora da biblioteca.

Quando chega ao seu quarto decide ler o papel encontrado no livro: página 539 do livro Crónicas do Mundo Antigo.

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