"Agora é a tua vez, anda lá!", um homem protegido por uma armadura vermelha com um distintivo dourado com a palavra '1º tenente' inscrita fala para um rapaz mais velho dois anos que Lucas. Este encontra-se numa espécie de sela prisional, o tenente encontrava-se do lado de fora da sela.
"Sim, senhor…", o rapaz não oferece resistência, abre a porta e recebe um par de murros na face. Cai a sangrar do nariz e deita umas lágrimas.
O tenente, junto de dois guardas, leva-o para fora do bloco prisional chamado '7ª chast'. Conduzem-no até ao coração do complexo e entram num edifício chamado 'Shinzō'. Continuam o caminho a puxar o jovem através de umas correntes fixadas no seu pescoço, como se fosse um animal selvagem.
Quando chegaram à sala número 10 decidiram parar. Empurraram-no para dentro e trancaram-no.
"Que sala é esta? Que cadeira é esta? Isto está tudo maquinado…", o rapaz começa a ficar assustado, porque observa uma cadeira tecnológica com buracos em certas partes. O encosto de braços da cadeira tinha fios elétricos. "Parece uma cadeira elétrica…", o pobre coitado não sabia o que dizer, o medo percorreu-lhe as veias e espalhou-se por todo o corpo.
"Olha para aqui! Para de olhar para a cadeira e senta-te!", do outro lado de um vidro quadrado, o tenente ordena que se sente. Mas ele resiste.
"Se não te sentas, eu sento-te.", com um riso ligeiro aperta o botão da sua secretária que move involuntariamente o jovem contra o chão. Este deita um berro de agonia, o seu corpo estava a ser pressionado de tal forma que sentia que ficaria com os seus órgãos espalmados se a situação se mantivesse mais uns minutos.
"Bem, já chega, agora levanta-te e senta-te, senão a próxima é morte, pior do que foi agora."
O prisioneiro senta-se, finalmente, na cadeira e de imediato é preso a ela por uns cintos. Não havia nada a fazer, apenas esperar o que o tenente diria e faria.
O tenente liga o microfone, olha para um papel rabiscado de questões e começa o questionário:"Prisioneiro número 10-003 da chast número 7, que ligações tem com o 'Movimento Revolucionário do Amanhecer'?"
"Nada."
Um choque percorreu o corpo inteiro dele. Sentiu que cada célula do corpo ia ser cozinhada se mais um daqueles o atingisse.
"'Nada'?! Não vou perder tempo contigo. Felizmente não foste o único a ser caço, mais dos teus estão aqui prontos para sofrer. Portanto, diz-me já: qual é o teu papel no Movimento e quem o liderou."
O rapaz muda a sua expressão e sorri."Vocês vão cair, mais tarde ou mais cedo…" Tosse, recupera o fôlego e continua: "Este Movimento foi construído para vos destruir. Achas mesmo que seríamos burros ao ponto de criar falhas detetáveis por vocês? Isto vai para além do que vocês imaginam. Não há líderes, não há imperadores, apenas uma força. As vontades e ideias são tudo o que precisamos."
"Muito bem, antes de te levar de volta para a tua sela dou-te um conselho: nós estamos um passo à frente de qualquer um neste planeta. Queres jogar um jogo? Jogaremos, Joseph. No entanto, faremos de todos vocês peças que nos conduzirão ao objetivo final: a aniquilação total da Terra do Amanhecer. E olha que o mais complicado foi feito, falta o mais fácil, vocês!"
Joseph olha o tenente nos olhos demonstrando uma inquietude, mas segue com o sentido de missão por cumprir."Se este meu destino nos ajudasse eu não me importava, mas este sacrifício será o meu fim. Nada ajudará na missão. Não aceito a minha morte, não é nisto que acredito. O sacrifício humano será sempre o último recurso."
Uns quilómetros à parte desta fortaleza prisional encontramos uma cidade chamada Atarashi Hajimeru, mais conhecida por Hajimeru, cheia de feiras orientais, com um estilo asiático e cheias de pessoas a percorrer as suas ruas.
A cidade era coberta por nuvens ao longo de todo o ano. O clima ameno e nublado era uma constante. As habitações ficavam por trás da zona destas feiras: casas iguais, sem elementos distintivos, com formas bicudas e muito perfeitas. Os telhados eram o que distinguia este tipo de arquitetura de todas as outras capitais mundiais.
De volta a Libreland, Eliote está a falar de novo com John.
"Sabes porque fazemos isto, certo?"
"Sim. Pelo bem do mundo moderno."
"Exatamente. Temos de aniquilar Tsuyoi, ou nós é que seremos destruídos…"
"Mas como tem tanta certeza? Eles estão do outro lado do globo, não temos sequer ninguém lá para confirmar as nossas suspeitas, isso são meros rumores."
"Percebo a tua dúvida, mas eu já montei uma expedição confidencial para determinar a verdade. Eu sei que começar uma guerra com a nação número 1 deste planeta não é a melhor ideia, mas nós estamos perto de os ultrapassar. Os relatórios comerciais e não comerciais dizem isso mesmo: nós vendemos mais para eles do que eles para nós. Estão claramente com falta de recursos. O Zen deles é muito poderoso e isso também afeta o povo."
"Mas o que é que isso indica exatamente? Quer primeiro que o povo passe fome e enfraqueça para atacar? Se vai começar uma guerra, não é com o povo que se tem de preocupar, mas sim com o poder militar deles."
"Não percebeste. Eu estava apenas a dar-te dados acerca do povo. Lembra-te que isto não quer dizer que me interesso pelo povo. Se faltam recursos populacionais, eles são direcionados para um lugar só: o serviço militar de uma nação. O Zen deles é poderoso, os soldados vermelhos é que precisam de mais recursos, não o povo. Portanto, eles compram-nos mais matéria porque sabem que será sólida para o que pretendem."
"Mas como está certo de que isso é uma implicação direta de que nos vão atacar? Os soldados vermelhos têm a sua época de festividades e alimentam-se muito para lutar em praça pública no Torneio de Sangue, não se esqueça de que todos os anos tem sido assim."
"Vamos tirar a limpo as nossas dúvidas. Começaremos por enviar o Ignis nesta expedição. Vamos denominá-la de Expedição Controlo. Vou entrar em contacto com o Kaiser e informá-lo que terão um convidado especial nas suas festividades. Aliás, vou mandar junto dele o João. Com uma boa recompensa ele não diz que não."
"Sim, temos de o controlar, ele será o primeiro teste da Souls."
"O pai dele era o Zeus Hendriks, certo?"
"Sim, Zeus era o seu apelido, era o maior guerreiro de Lusitânia e pertencia ao Lusado."
"O que era esse Lusado?"
"Um senado, mas de Lusitânia, simples. Grandes guerreiros como Lone, Zeus e Sebastian pertenciam a esse grupo de personalidades que controlavam Lusitânia."
"Nenhum sobreviveu?"
"Não."
Eliote esboça um sorriso, levanta-se da sua poltrona dourada e vai para a Arena Alianza de novo, para anunciar os participantes inscritos convidados.
De volta a Hajimeru, o conselheiro do Kaiser Supremo fala para blocos organizados de pessoas:
"Bom dia, proles. O nosso líder Toji Sen, do clã mais poderoso do mundo, o clã Yokata Sen, alerta para um eminente ataque do Ocidente. Pede para que todas as pessoas recolham às suas casas e apenas os Krasnyy andarão pelas ruas. Quer também que racionem a comida, pois os nossos soldados precisarão de mais força neste momento tão complicado que iremos passar.
Mas já sabem, com o clã Sen venceremos sempre as pragas do Ocidente. Guerra é paz, conhecimento é ignorância e a morte é a vida. Resto de um bom dia."
Após o anúncio urgente e frio, as pessoas, calmamente, regressaram às suas respetivas casas e não saíram mais de lá. Os soldados Krasnyy tinham ordem para matar quem quer que saísse de casa naquela altura.
Numa sala enorme e iluminada, vemos soldados vermelhos a lutar uns contra os outros e um homem, de silhueta robusta e a emanar uma aura pura, vermelha, perfeita. Ele parecia o soldado supremo, vestido de vermelho, mas com um estatuto visivelmente muito superior.
A sua chapa vermelha tinha inscrito o nome Kaiser Supremo, o atual membro mais forte da família Yokata Sen e o único sobrevivente do seu clã. Este é Toji Sen de Tsuyoi, a nação mais a oriente do planeta Terra.
Tsuyoi cobre a região de Eslands a sul e é um colosso de terreno. No entanto, a maior parte dele está inoperacional devido às temperaturas díspares que colocam o ser humano, seja ele qual for, em graves condições.
Tsuyoi é então dividida em duas regiões: a Habitável e a Não Habitável. Na primeira temos cinco cidades: Tokyo, Pong, Bejin, Mosco e a capital Atarashi Hajimeru. Já na região Não Habitável temos florestas de gelo com vários seres desconhecidos e mutantes gerados por Sen.
O Sen é uma forma pura do Zen, em que as emoções atuam como combustível. É um tipo de energia sensível e, por isso, é necessário o portador aprender a controlar a mente e o corpo, de forma a refinar e aperfeiçoar as suas técnicas ao ponto de não morrer com elas.
"Krasnyy Sen Kai Tsu", a sala emana em coro esta frase que o Kaiser proferiu.
De volta ao Lucas, em Libreland, o rapaz já se encontra em casa, a salvo, mas ainda a recuperar dos golpes fortíssimos que Ignis lançou e o deixou K.O.
Eu tenho razão, eles andam a espiar-me. Ele só me atraiu porque sabia que eu estava a correr perto da zona externa à capital. Ele sabia e atraiu-me…
Ouve-se um bater leve na porta de aço do apartamento de Lucas, apartamento este que ficava separado do da família dele.
"Quem é?", questiona por segurança.
"Sou eu, a Isabel."
Lucas fica surpreendido.
"Olá.", Lucas abre a porta e saúda a mestre.
"O meu pai, como amostra de respeito a ti, decidiu convidar-te a lutar nos Jogos de Libreland, como representante de Lusitânia."
"Eu continuo sem entender.", Lucas esboça uma face confusa e chateada.
"O quê?", Isabel fica com a mesma cara.
"Depois de vocês destruírem parte do meu país—"
Isabel interrompe-o:"Isso é mentira e tu sabes, não foi o meu pai que começou a Guerra dos 9 anos!", Isabel irritada, dá um berro a Lucas.
"Foi o teu avô, vai dar ao mesmo. Para não falar que ele continuou a guerra!"
"Porque senão Libreland ia cair na desgraça. Vocês já tinham destruído parte do nosso território também, mataram pessoas! Ele queria parar, mas tinha de se defender e aguentar um fardo que não era dele…"
"O Mestre Jacob pararia de imediato a guerra se ele o fizesse."
"Bem, isso é algo que nunca saberemos…", Isabel tenta acabar com a conversa.
Lucas fica pensativo por momentos até que a sua expressão muda e fica neutra.
"Sim.", decide-se.
"'Sim', o quê?", Isabel não entende.
"Eu represento Lusitânia nos Jogos."
"Muito bem, vou comunicar ao meu pai."
"Porque é que vieste tu e não ele? Não importa. Desculpa estar sempre a desabafar contra ti.", Lucas olha para baixo em sinal de respeito e com sentido de culpa por sempre exagerar com ela.
"Não me peças desculpa a mim, pede à tua família por os estares a evitar a todo custo, com essa atitude egoísta.", Isabel volta-se e vai-se embora.
Ninguém entende mesmo… Não percebem o que eu sinto, mas a culpa não é deles, é da família Greatfree.
Lucas fecha a porta, volta-se e vai à procura das "Crónicas do Mundo Velho".
Quando encontra o livro, folheia-o à procura da página 539:
"Aquando o surgimento do Zen, forjaram-se 3 artefactos importantes. Estas 3 ignições primordiais guardam uma das 3 energias puras: as Correntes de Chrono (o Tempo), a Chama de Hefesto (o Espaço) e a Força de Apolo (a Gravidade).
De acordo com as minhas descobertas recentes, cada um dos artefactos está já na posse de 3 pessoas distintas. Os artefactos têm os seus nomes próprios e são ignições materiais, não apenas de aura pura:
O Anel Prateado contém a energia Correntes de Chrono, que manipula o tempo;
A … a energia da … de …, que manipula … ;
O Bracelete Vermelho contém a energia da … de …, que ma … ;
Cada um destes artefactos e energia contém um poder que quando junto, gerará o novo mundo. O portador destes 3 artefactos será o responsável pelo surgimento de uma nova era no mundo e nas sociedades."
Lucas lê esta passagem que se encontra no fim da página e pensa:Estará o Mestre a enviar-me um sinal? Tenho de descobrir mais sobre isto, mas antes preciso de falar com o João e perceber o que ele pensa. Não posso é faltar agora ao treino com o Isak.
"Estás atrasado.", Isak encontra-se já na sala de combate voltado de costas para a entrada, onde Lucas aparece já com a roupa de treino.
"Desculpa, mas vim à hora que consegui."
Isak desaparece da vista de Lucas e atinge-o nas costas.
Lucas levanta-se, olha para trás e tenta-se desviar de outro ataque forte do jovem mestre, mas em vão. Desta vez Isak não estava a testar Lucas, o treino começara a sério.
"Se achas que és tão bom assim, porque não lutas contra mim, a sério?"
Ele está muito mais forte, mas continuo sem entender que tipo de Zen é o dele. Os olhos não emanam aura, aliás, ele parece sugar energia desta vez, isto não aconteceu ontem. Algo está diferente nele. Sinto o meu corpo mais lento, o reforço Zen não está a tapar as lacunas físicas que ainda tenho.
"Anda lá, defende!", Isak ataca novamente e Lucas é atingido no estômago, caindo e ficando zonzo.
"Espe—"
Isak acerta outro soco, enquanto Lucas ainda está no chão.
O mestre continua na mesma linha de ação, lança ataques cada vez que Lucas se tenta levantar.
Isto… não é … nada bom… tenho… de fortalecer mais… o meu corpo…
Lucas é atingido vezes sem conta até cair no chão.
Não… Eu não posso permitir que saibam… do meu poder…
"Tens muito para aprender. Vejo-te amanhã. Acho que este castigo servirá para o teu corpo recuperar de uma forma mais lenta, mas fortificada. Eu avisei-te que não é fácil um treino a sério."
Lucas levanta-se, pela primeira vez desde o início da luta, e apenas olha Isak nos olhos. O mestre faz o mesmo, com desprezo.
O rapaz vai tomar banho e repara em todas as pisaduras e nódoas negras. O seu corpo não se vai conseguir recuperar totalmente durante algum tempo.
Tenho de falar com o João, rapidamente! Eu acho que sei o que pode significar aquela mensagem do Mestre!
Após sair das academias, o sol estava-se a pôr e o rapaz foi ter com o amigo. João ouve um bater forte na porta e adivinha de imediato quem é. Abre e vê o Lucas.
"O que precisas?", João questiona.
"Tenho de te mostrar algo."
"Se for para me falares de planos de vingança ou assim é melhor ires já embora."
"Não, lembras-te do livro que pediste à Isabel?", Lucas fala serenamente.
"Sim, o que tem?"
"Esse livro tinha um bilhete do Mestre Jacob."
"Como sabes que é do Mestre?!"
"Foi ele que me disse no Templo, dias antes de acontecer o terramoto."
"O que te disse ao certo?"
"Ele disse para eu encontrar as Crónicas do Mundo Velho na biblioteca do Templo, porque tinha informação valiosa acerca do Zen e das várias energias espalhadas pelo mundo, inclusive de segredos acerca da origem do Zen."
"Mas tu pediste outro livro.", João fica confuso, senta-se no sofá e Lucas acompanha-o.
"Sim, porque ele disse que tinha escrito um livro chamado 'Lusitânia e o Mundo', e realmente foi ele. Foi uma mera coincidência ter encontrado o bilhete, ele não me disse que o tinha escondido, então fiquei confuso, mas depois entendi. Foi uma coincidência ter encontrado o bilhete, mas tenho informação valiosa."
"Que informação?"
Lucas contou tudo o que leu ao João, mas este ficou um pouco desiludido. Porque é que o Mestre nunca falara de tanta coisa com eles no Templo?
"O Mestre nunca nos falou de nada do que acabaste de dizer, nem de ignições e aura material… Sabias disso?", João questiona.
"Das ignições ouvi falar, mais nada…", Lucas não parece muito importado com o que João dizia.
"Há muito que não sabemos, mas o que tem essa informação como propósito?"
"Eu acho que é um aviso do Mestre."
"O quê? Sermos nós a encontrar os 3 artefactos e criar um novo mundo?", João satiriza.
"Eu acho que é um aviso para estarmos atentos ao nosso redor. Pode existir alguém