Novamente, Karion permaneceu em silêncio, havia uma leve sensação de surpresa no seu rosto, mas nada que agradasse a Dária.
— Não, não, não, não, ele ficou calado, porquê?! Porquê?! Porquê?! Fala alguma coisa eu não consigo suportar esse silêncio! O pior de tudo é que ele não tá surpreso com isso, talvez não me veja dessa forma... é uma pena, pelo menos tentei.
Karion suspirou de repente, ele coçou a cabeça por um momento, parecia está perdido, e disse: — Eu não sei, será que combinamos um com o outro?
— Ah?! — E-Então tem alguma chance... e agora? O que digo?!...
— ... — Dária permaneceu em silêncio, esperando que Karion se pronunciasse.
— ... — Karion permaneceu em silêncio esperando a resposta de Dária, e assim ambos ficaram por algum tempo.
— FALA ALGUMA COISA!!!
...
...
— Eu não acredito nisso... — E-Então?
— Estou esperando você responder.
— Responder o quê?
— A minha pergunta ué.
— A-Ah m-mas é claro que combina, que tipo de pergunta é essa? P-Para o amor não existe isso.
Foi uma resposta inesperada para Karion, o mesmo não se conteve e soltou gargalhadas.
— T-Ta rindo porquê?! Foi engraçado?! — Dária estava vermelha como um morango.
— Um pouco... Dária, eu vou ser sincero com você.
Nesse momento o coração de Dária enrijeceu, era óbvio o que ele queria dizer, falando dessa forma.
— Não podemos ter esse tipo de relação.
— ... entendo. — Então no fim vai ser assim... ao menos tentei, tentei.
— Não agora.
— Hã?
— Não posso te explicar os detalhes, mas se você gosta de mim dessa forma... podemos até casar, viver juntos... quem sabe um dia talvez, mas preciso que você e Deret auxiliem Zefren quando ele precisar.
— P-Podemos casar?
— Sim, e então? Está disposta a ajudar meu irmão?
— Sim!! Com certeza! Eu vou ajudar ele no que for preciso.
— Ótimo, preciso te explicar algo antes, só assim pra você entender, mas antes disso...
Antes que Karion continuasse, ele se aproximou de Dária, pôs o dedo sob o queixo da jovem e ergueu seu rosto vermelho vagarosamente, ela não foi contra, pelo contrário, esperava por isso, seus olhos fixaram-se um ao outro e seus lábios se encostaram, para Dária aquilo foi um beijo apaixonado, ela permaneceu imóvel, sem qualquer reação, ela amou sua atitude. Após um beijo vagaroso, ela agarrou o colarinho de seu amado e o beijou com mais força, não havia necessidade de parar tão cedo assim, pensou, ela era nervosa e tímida quando o assunto se tratava de Amor, mas sabia aproveitar quando o momento era oportuno.
Karion também não se conteve, agarrando sua cintura e logo então abraçando-a, os dois continuaram por algum tempo. Ninguém ousaria atrapalhar esse momento.
...
Karion voltou aonde tinha parado. Por outro lado, Dária estava incrédula, sentia como se estivesse em um sonho, algo impossível de se tornar realidade, mas aquilo era real, e isso a deixou com uma imensa felicidade. Tocava frequentemente seus lábios, lembrando do ocorrido. Não se contendo, ela imediatamente segurou a mão esquerda de Karion, e os dois ficaram assim, Karion não se importou, ele estava feliz na verdade.
Então, palavras vem e palavras vai, Dária prestou atenção ao que era dito, ela estava séria quanto a isso.
O que ele disse, no entanto, era um segredo, Dária ficou chocada com algumas de suas afirmações, ficando até mesmo depressiva, mesmo tentando convencê-lo de algo, ou se oferecendo, Karion rejeitou, no entanto, ele também afirmou.
— Você é minha noiva de hoje em diante, enquanto guardar meu nome em seu coração, estarei lá para você não importando a situação, sei que é difícil, mas precisa continuar seu caminho na Seita, precisa se fortalecer e auxiliar meu irmão, e um dia poderemos...
— Karion... de onde você vem? — Perguntou Dária, com uma voz trêmula, seus olhos lacrimejavam, ela olhava constantemente para os lábios do homem em sua frente, desejando-o mais e mais, mas apreensiva pelo que ele havia contado.
— Tudo o que você precisa saber é que eu não pertenço a esse lugar. — Dária pôs a mão em seu rosto e vagarosamente moveu até a sua sobrancelha, enquanto segurava sua outra mão, ela não queria solta-lo, seu coração estava machucado. — Mesmo Zefren sendo meu amado irmãozinho, tenho que deixa-lo, ele foi gerado nesse lugar, sua vida deve ser aqui, seu início... é o seu destino, não deve ser mudado, e para isso reunirei o máximo possível de pessoas para auxilia-lo, mas nunca o proteger de tudo, pois alguém que não conhece a crueldade do mundo, não está preparado para encara-lo.
Dária estava em uma mistura de choque e tristeza, era doloroso, mas era assim que as coisas deveriam ser, a sua dor se intensificava a cada vez que Karion falava. No final, Dária sentiu que aquilo era bom demais para ser verdade, houve consentimento como ela queria que fosse, mas de que adiantaria? Se não pudesse tê-lo até que o destino fosse cumprido? Quanto tempo isso levaria?
— Entendo, mas... quem eu amo tanto, é o Karion ou alguma máscara? — Seus olhos fixaram-se em Karion, ela segurou toda a tristeza para ouvi-lo.
— Não necessito de máscara, aonde vou transmito somente minha imagem verdadeira, por isso mesmo, a forma como você me ver, o que você pensa de mim... eu sou exatamente assim. — Ele acaricia o rosto de Dária, deslizando os dedos até os seus lábios. — Mas te peço que seja paciente.
Ambos se olharam nos olhos com expressões nada alegres, mas voltaram a se abraçar novamente, por enquanto, uma última vez eles sentiriam o calor um do outro. Antes de partir, Karion a informou de várias coisas necessárias, a indicou permanecer em reclusão por alguns anos treinando e abrindo os Caminhos da Alma Estelar, ele também a presenteou com uma técnica via informação mental, algo que Dária nunca havia visto em sua vida.
Agora, ela devia seguir o seu caminho, conseguiu o que ela queria, ele prometeu até mesmo um casamento, mas, ao mesmo tempo, ela se sentia apreensiva, solitária, para estar ao lado de seu amado, ainda haveria uma grande e enorme estrada pela frente, um desafio, uma prova de amor. Dária não sabia o que pensar, mas preferiu seguir conforme Karion havia dito. Muitos poderiam se perguntar, e se Karion estivesse mentindo sobre tudo isso? É impossível, Dária olhou em seus olhos e viu a verdade, a sua demonstração de força, compaixão, a sua confiança, a tristeza, ele não era a pessoa arrogante que todos diziam ser, havia uma narrativa aqui, concluiu.
A bela mulher caminhou e caminhou, se distanciando mais e mais, ela sentia um aperto em seu coração, antes da silhueta de seu amado desaparecer, ela parou para vê-lo mais uma vez. E cochichou para si enquanto uma lágrima escorria pelo rosto:
— A sua noiva... — Forçadamente, um leve sorriso abriu-se em seu rosto, antes da vista da casa dos Allifests desaparecer, ela percebe que no portão, Karion ainda estava lá, observando-a, uma dor em seu peito dominou seu corpo, ele a aceitou, mas do que adiantaria? Foi tão rápido ela pensou, parecia ser uma brincadeira, mas ela sabia que não era, o que ele mostrou naquelas imagens era verdadeiro, a Verdade do Mundo. Ainda assim, ela pensava, se eles não podiam ficar juntos agora, era uma questão de esperar, ambos deviam fazer sua parte, e ela seguiria firme com isso. Mesmo não aceitando. Por muito se questionou se realmente queria isso, se era necessário, mas quando lembrava do beijo... — Agora entendo o que Hila queria dizer, é incrível, nunca imaginaria que eles seriam esse tipo de coisa. — Enxugas as lágrimas, respirou fundo e percorreu o seu próprio caminho.
No portão, o rapaz estava pensativo, atrás, as escondidas, a garota o questionou.
— Tudo bem pra você ser assim?
— ... Não.
— Então por que simplesmente não levamos ela junto? Podemos arranjar outras pessoas, não é como se nunca mais voltássemos aqui.
— Não... já interferimos demais nesse lugar, a qualquer momento as coisas podem sair do controle, e alguém pode perceber o que estamos fazendo também.
— Se isso acontecer é só deixarmos como estava, podemos interferir sim!
— Não, eu já falei não! Mesmo esse lugar sendo... apenas um vago momento... sinto como se tudo quebrasse com apenas as nossas palavras, tudo está rangendo, tudo está... vibrando, as nossas presenças, mesmo em estado orgânico e fragmentado já é o suficiente pra causar tamanho Caos, quero deixar uma boa impressão a eles antes de partir, não quero ter o desprezo de vê-los destruído uma única vez... é o lugar que ele andará.
— Eu gosto em como você preza por eles... se pra você está bom assim, então...
— É melhor dessa forma, tudo no seu devido lugar, no seu devido tempo e destino, não podemos intervir mais do que o necessário.
O treinamento de Zefren estava a todo vapor, dias após dias, as semanas passaram-se e também meses, as estações mudaram vagarosamente, toda a cidade estava coberta por neve, mas o treinamento de Zefren ainda persistia incansavelmente.
Alguns meses depois...
54º dia do Mês de Kastter, 18º mês do ano, aniversário de 14 anos de Zefren.
Mesmo sendo seu aniversário, não haveria descanso, não havia tempo e ele sabia disso.
A comemoração foi um pequeno bolo feito por Hila, apenas para três pessoas, e houve presentes também, Karion deu a Zefren uma Espada Pratto, tendo 80% de Ferro de Craterizado, era extremamente pesada, cerca de 150kg, Zefren possuía dificuldades para manusear essa espada, mas isso duraria pouco, assim que alcançasse a Fase de Prata esse peso seria tão leve quanto uma Espada de Ferro Comum, que pesa cerca de 30kg.
— Asgn manuseava uma Espada de Ferro Completo, que pesa 100kg, mesmo agora eu acharia difícil manuseá-la, mas essa aqui é o cúmulo do absurdo. — Os irmãos riram da indignação de Zefren, depois de comer um delicioso bolo, ele já estava no pátio treinando sua esgrima.
Hila também deu um presente, mas esse era diferente, um Colar feito de Prata, havia um girassol nele com um pequeno tronco e 2 folhas em lados opostos, esse colar estava no pescoço de Zefren, por ser um presente de sua amada irmã, ele guardaria e protegeria essa lembrança.
Esse colar possuía uma forte presença de aura, portanto, era um colar diferente, muito mais resistente, Hila disse a seu pequeno irmão para não se preocupar em quebra-lo, sua resistência não poderia ser subestimada.
Por isso mesmo, ele poderia treinar e lutar sem medo nenhum, a poderosa espada em sua mão poderia resistir a grandes impactos, Guerreiros de Prata comum não poderiam quebra-la.
Nas últimas semanas Zefren vem treinando a parte da mente, ele pôde então conhecer o verdadeiro sufoco.
Para ele isso era terrível, o peso da espada somado com o processo dos treinos físicos é semelhante a um pequeno e indefeso animalzinho se comparado com o treino da mente, isso sim era um monstro. A forja da concentração e do equilíbrio se fazia mais do que necessário no ramo dos artistas marciais.
Esse treino traz uma melhoria na compreensão e controle da energia, o que é extremamente difícil.
— Sinto que os meus meridianos estão se comportando como uma pulsação, isso é horrível! — Exclamou Zefren.
— É normal, são consequências do uso excessivo, em breve você se acostuma. — Respondeu Karion.
— O que mais me deixa aliviado é saber que me acostumei a forma da Respiração Contínua, ela força os meus músculos a se contrair, assim me dando uma sensação de alívio temporário, e esse processo infernal continua sem parar, mas tudo bem, já foi pior. — Durante esse período também avancei algumas estrelas, ao invés de melhorar, piorava, eles intensificam o meu treino a cada nova estrela, sinto que se continuar assim não vou aguentar.
— O bom disso tudo é que tenho uma melhor compreensão sobre a Força Interna, e no caminho aprendi que tanto a Força Externa como a Interna possuem níveis, é diferente dos estágios, os níveis se baseiam no quanto você se aprofunda na Força, tornando-a mais poderosa e eficaz, os Estágios se baseiam no quanto você consegue controlar, e ambos se complementam, tornando o praticante imensamente poderoso, isso é algo totalmente novo pra mim, atingir novos níveis dessa força exigia um grau maior de compreensão, o equilíbrio da mente se faz necessário e o principal, a capacidade corporal, principalmente a resistência, infelizmente isso não é algo com o qual posso treinar agora, normalmente é necessário o uso contínuo de ambas forças.
— Meus meridianos não são abertos o suficiente e isso é um problema, não adiantará de muita coisa possuir um núcleo sólido se meus meridianos estão ainda contraídos, mesmo com a ajuda da respiração contínua não tive bons resultados.
— A posição de Ponto Fixo do Equilíbrio exige muito de mim, junto a isso também estou tentando manter uma série de potes cheios de água, na minha cabeça está uma espécie de taça sobre taça ambas cheias, de acordo com Karion isso ajudará o meu núcleo a se manter estável, assim impulsionando o crescimento dos meus meridianos, torço pra que isso funcione, ultimamente sinto que o meu poder não está acompanhando a capacidade do meu físico.