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Chapter 9 - Capítulo 9 — O encontro com o inimigo desperta o desejo de matar

Quando o avô voltou, Chen Shi já dormia, e Hei Guo, que tinha apanhado do garoto, estava estranho de alerta, abanando o rabo e recebendo-o com entusiasmo.

"Adormeceu?"

O avô sentou-se perto da fogueira, atirou mais alguns gravetos, olhou para Chen Shi adormecido e relaxou o corpo.

"Chen Yindu, você já está velho, mas ainda pode aguentar."

Ele fitou as chamas saltitantes; o corpo parecia não sentir qualquer calor, tão frio estava.

"Chen Yindu, continue firme até ele crescer!"

O avô exalou um sopro frio que fez a chama diminuir de tamanho.

"Se um dia não conseguir mais suportar, só lhe resta matá-lo com as próprias mãos, levá-lo ao reino dos mortos — nunca o deixe vivo para espalhar desgraça!"

Pensando nisso, adormeceu algum tempo depois.

Pela manhã, um som de espanto veio de fora do templo: o pequeno monte onde tinham passado a noite crescera, durante a noite, até formar uma colina de mais de cem zhang!

E o velho templo estava justamente no topo dessa colina!

"Na Nova Terra de Xiniu há estranhezas aos montes, por que espantar-se?" — disse o avô, desprezando a admiração do jovem enquanto acendia o fogo para cozinhar.

Chen Shi, bajulando de forma meio forçada, perguntou: "Vovô, o senhor já viajou muito, deve saber. Por que este templo apareceu aqui? Por que o templo e a colina brotaram do subsolo? Quem construiu este templo, quem foi enterrado aqui? Para onde foram essas pessoas? Por que justo agora o templo e a colina emergem do chão? Terá isso a ver com o aparecimento daquele espírito? Ou com o sol escurecer antes da hora?"

O avô ponderou um instante e disse: "Hoje à noite dê duas doses da poção."

Chen Shi fechou a boca obedientemente e voltou ao templo para cultivar pela manhã.

Ao mover a Técnica da Tríplice Luz da Retidão, duas forças estranhas repentinamente vieram — no ar transformaram-se em pontos dourados e prateados que se precipitaram para dentro de seu corpo!

Chen Shi ficou surpreso; a força dourada era como fogo impetuoso, trazendo calor que incendiava sua energia vital, tornando o tempero do corpo mais eficiente!

A força prateada fluía como água, serena e gelada, exatamente o suficiente para contrabalançar o fogo e impedir danos ao corpo.

Essas duas forças eram mais vigorosas que a mera energia estelar; juntas, aceleravam o refinamento corporal mais do que simples energia estelar poderia.

'Será que estas são a Retidão Solar e a Retidão Lunar dentro da Tríplice Luz?' pensou Chen Shi.

Ele estranhou: nunca antes, durante seu cultivo, havia sentido a Retidão Solar e Lunar — por que agora poderia absorvê-las? Além do mais, era de dia; durante o dia os deuses verdadeiros costumam fechar a 'terceira visão', e não há lua — de onde vinha essa luz lunar?

Intrigado, saiu do templo; o influxo solar e lunar imediatamente cessou.

Ao voltar para dentro, os pontos dourado e prateado voltaram a flutuar como flocos de neve, enquanto a técnica operava com força total.

'Por que só neste velho templo consigo absorver a essência do Sol e da Lua?'

Chen Shi ficou mais confuso. Lançou um olhar ao avô que ainda cozinhava e, lembrando-se da ordem de dobrar a dose da poção, não perguntou mais — provavelmente o avô também não saberia explicar.

'Antes eu suspeitava que o Sol e a Lua da era do Verdadeiro Rei não são os mesmos de agora. Naquela época, o Sol e a Lua podiam oferecer a essência do dia e da noite para forjar a Tríplice Luz. Se minha hipótese estiver certa...'

Chen Shi fez uma expressão estranha, reuniu-se, e murmurou: 'Se estiver certo, o céu dentro do templo e o céu fora não seriam o mesmo céu!'

Inalou fundo e olhou para o céu lá fora.

O firmamento estava limpo e intenso, nuvens brancas passeavam. Ao olhar do lado de fora, o azul era profundo, via-se o vazio do espaço; as nuvens flutuavam sem nada anômalo.

O céu visto de dentro do templo e o céu visto de fora não mostravam diferença.

'Talvez eu tenha me enganado.' Chen Shi coçou a cabeça e deixou o assunto de lado, voltando à meditação.

Com a combinação das três retidões, seu avanço foi muito mais rápido; músculos, tendões e carne ficaram mais resistentes, o sangue e o qi mais vigorosos, os órgãos internos robustos.

Quando o avô chamou para comer, Chen Shi relutantemente interrompeu o cultivo.

'Depois do Festival Lunar, vou treinar sempre neste templo isolado!' prometeu em pensamento.

Após o arroz, os dois não voltaram à Aldeia de Huangpo; seguiram para a próxima vila, aproveitando o Festival Lunar para vender mais talismãs e ganhar algum dinheiro.

O Festival Lunar dura três dias; na tarde do terceiro dia chegaram à vila Yantang. A madrinha de Yantang era uma estátua de pedra de mais de um zhang, estranha: olhos nas palmas das mãos, mãos nos olhos — realmente esquisita.

A vila crescia em círculo ao redor dessa estátua.

Yantang fica perto do Condado de Shuiniu, a pouco mais de vinte li — mas de Xinxiang dista mais de duzentos li. Assim, os moradores costumavam ir às feiras de Shuiniu, e nobres de Shuiniu também vinham à região para caçar e se divertir.

Já não havia muito movimento à tarde. O avô saiu para comprar ervas; Chen Shi, entediado atrás da barraca, ouviu uma voz: "Tem talismãs do pêssego?"

Chen Shi animou-se e sorriu: "Sim, tenho!"

Quem apareceu vestia vermelho como guardas da corte — um jin yí wèi, jovem, uns vinte anos, ágil, olhos fundo-circulados que denunciavam noites de bebida.

"Quantas unidades?" perguntou.

Chen Shi contou: "Restam três."

Os talismãs de pêssego eram os mais procurados — jovens compravam para atrair pretendentes e, de fato, eram eficazes para aumentar as chances com o sexo oposto; só restavam poucos.

"Levo todos."

O jin yí wèi disse: "Mas ainda não é suficiente. Você é um pintor de talismãs?"

Chen Shi hesitou e assentiu. Embora não tivesse um Espírito Divino para reter poder, podia, ao acionar a Tríplice Luz, desenhar talismãs.

"Venha comigo e faça mais alguns no local," disse o jin yí wèi.

Enquanto Chen Shi ponderava, o homem jogou um grande maço de prata — moeda de sela — bem pesado: cinquenta liang. Era a maior quantia que Chen Shi vira na vida. Imediatamente arrumou o material no estojo, chamou Hei Guo e perguntou: "Para onde vamos desenhar?"

O jin yí wèi lançou um olhar ao cachorro, surpreso. "Siga-me."

Chen Shi carregou o estojo e o seguiu. O caminho levava montanha adentro. Ele perguntou: "Para onde vamos, senhor?"

O jin yí wèi sorriu: "Não me chame de senhor; meu nome é Li Guang, sirvo ao jovem Li da minha casa. Vamos à montanha — meu senhor está caçando e acampado; quer conquistar algumas moças e precisa de talismãs do pêssego."

"Entendo," Chen Shi disse, e perguntou educadamente: "Qual o nome do seu jovem? Para não ser deselegante quando o encontrarmos."

Li Guang respondeu: "Sobrenome Li, da família influente de Shuiniu."

O coração de Chen Shi disparou; o sangue bateu forte na cabeça e a voz ficou seca: "Li da família de Shuiniu? Seria o jovem Li Xiaoding, o jinshi Li?"

Sua voz tremeu.

Felizmente Li Guang não percebeu e perguntou: "Você já ouviu falar do prestígio do meu senhor?"

Chen Shi respirou fundo para se recompor e respondeu baixinho: "O jovem Li ficou em primeiro no exame da província; quem não saberia?"

Li Guang riu: "Embora tenha ido bem no exame, sua verdadeira habilidade... hehe, tem só a vantagem de uma boa origem."

O coração de Chen Shi ainda palpitava. Li Xiaoding, do Condado de Shuiniu, era justamente o jovem Li que, segundo a moça de ropas roxas Zhao Er, havia arrancado seu Espírito Divino e o transformado em inválido!

Ele fora o primeiro no exame do condado, com futuro promissor, mas alguém da família Li o havia tramado, aberto o crânio e roubado seu Espírito Divino! Desde então o jovem caíra no ostracismo, vivendo como inválido, submetido a banhos medicinais e dores como mãos de fantasma apertando o peito; até seu pai, Chen Tang, não mais o reconhecia!

Ele havia perdido todas as memórias, nem lembrava mais quem era sua mãe. Durante esses anos sonhara com vingança, imaginando despedaçar o jovem Li — e finalmente a chance de vingança chegara!

'Mas ainda sou um inválido, sem verdadeira energia para conjurar feitiços... o avô disse que meu corpo é forte o suficiente para derrotar guardas do Reino do Espírito Divino, desde que não lhes dê chance de usar feitiço — isso significa que eu talvez consiga matar Li Xiaoding!'

Uma onda de ferocidade subiu em Chen Shi; ainda assim, havia insegurança: 'Será que consigo mesmo matar um cultivador do Reino do Espírito Divino?'

Ele vinha treinando a Tríplice Luz, mas não sabia até que ponto havia progredido; não tinha confiança plena em deter Li Xiaoding.

Sem perceber, acompanhou Li Guang até a montanha.

O acampamento de Li Xiaoding ficava junto a água e montanhas, rodeado por três elevações; de lá nascia um fluxo, maior que um riacho mas não um rio.

Primeira vista: quatro tendas tipo yurta — três brancas e uma amarela — com quatro cavalos velozes.

Três jin yí wèi sem camisa cavavam trincheiras e montavam estacas com cravos, parecendo montar uma pequena fortificação. Usaram feitiços para derrubar árvores, cortando galhos; no ar Chen Shi viu faixas luminosas curvas, quase invisíveis, só vendo o ar vibrar — troncos do diâmetro de uma bacia caíram, e ele sentiu um arrepio.

'O avô estava certo — frente a feitiços, morreria num golpe.' pensou.

Feitiços não têm trajetória clara; impossível desviar.

Outros dois jin yí wèi montavam uma barraca para assar carne e arrumavam frutas; mais um montava um suporte de armas com punhais, lanças, arcos e besteiras.

Em frente à tenda amarela, cadeiras reclináveis e sombrinhas protegiam do sol.

No reclínio do centro jazia um jovem robusto, barriga proeminente, mais de duzentos jin, vestindo um robe azul desabotoado, revelando uma camisa interna branca também aberta, deixando exposta carne alva e gorducha.

'Este deve ser Li Xiaoding, o jovem Li!' pensou Chen Shi, o canto do olho tremendo. O acampamento não era grande; os três jin yí wèi pelas estacas estavam a apenas três zhang de Li, os dois do churrasco a cerca de um zhang e meio, o que cuidava das armas a menos de um zhang.

Seis jin yí wèi mais o guia — ao todo sete.

Sete pessoas capazes de matá-lo com um único feitiço!

Se esses sete conjurassem, ele estaria morto.

"Senhor, chegou o pintor de talismãs," disse Li Guang, curvando-se. "São vinte talismãs, estará bom?"

Li Xiaoding riu: "Quanto mais, melhor! Há jovens das famílias Ding e Zhao acampadas nas proximidades. Se conquistar o favor delas, meu status na família Li sobe bastante. E além disso, as moças de Ding e Zhao são formosas e provocantes — quero conquistá-las todas."

Erguendo-se, afagou a cabeça de Hei Guo e riu: "Vocês também vão aproveitar. Os talismãs excedentes vão para vocês; se conseguirem agarrar servas das Ding e Zhao, agarrem!"

Os jin yí wèi riram e trabalharam com mais afinco.

Chen Shi abriu o estojo, estendeu papel e tinta, acalmando-se.

Esses sete guardas andavam preguiçosos, com o qi mole — a bebida e os prazeres haviam esvaziado sua força interior. Apesar de capazes de matá-lo num golpe, perderam a vigilância que um guarda deveria ter!

Chen Shi, acostumado a vagar com o avô nas montanhas, já vira feras cruéis: calmas, serenas, prontas a explodir num ataque letal em qualquer segundo.

Esses jin yí wèi, contudo, estavam relaxados demais; não tinham o alerta de uma fera.

Chen Shi sentiu que poderia, a qualquer momento, derrubar qualquer um deles.

'Nesta curta distância, eu poderia em dois passos chegar diante de Li Xiaoding e matá-lo com um golpe!' passou-lhe pela cabeça.

Olhou ao redor e descartou a ideia.

Se matasse Li Xiaoding, não teria tempo de escapar; os outros sete usariam feitiço e o aniquilariam.

Então surgiu um pensamento audacioso: 'Se, em vez de matar apenas Li Xiaoding, eu matar os sete jin yí wèi também...'

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