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Chapter 12 - Capítulo 12 – Caçando o Assassino

Montanha Qianyang, acampamento da família Li.

O semblante de Li Kefa era sombrio enquanto observava o acampamento diante dele. Os oficiais do condado de Shuiniu estavam ocupados, e os legistas examinavam os ossos espalhados pelo chão.

Ele era o pai de Li Xiaoding, além de subprefeito do condado de Shuiniu. A família Li tinha grande influência; no condado, era ele quem realmente mandava — o magistrado não passava de uma figura decorativa.

Tinha três filhas e apenas um filho — e agora esse único filho estava morto!

Assim que recebeu a notícia pela família Ding, correu até o local, apenas para descobrir que o corpo do filho fora devorado por uma criatura maligna, restando apenas ossos brancos!

Até mesmo os sete guardas imperiais que acompanhavam Li Xiaoding haviam sido devorados pela mesma entidade demoníaca.

"Senhor," um homem de trinta e poucos anos aproximou-se apressadamente. Tinha sobrancelhas espessas, olhar firme, corpo alto e robusto. Vestia roupas vermelhas, um chapéu oficial, e carregava nas costas uma arma estranha — algo entre uma lança e um martelo. Uma das pontas tinha uma lâmina de lança, e a outra, três canos de ferro soldados juntos.

Aquela arma chamava-se três-olhos de fogo — uma espécie de mosquete triplo, de poder devastador, superior até mesmo a feitiços comuns. Dentro dos canos de ferro negro havia pólvora, salitre e projéteis explosivos. Ao disparar, liberava o trovão do inferno — as balas eram esferas ocas de chumbo, cheias de pólvora por dentro, capazes de explodir ao impacto e matar a centenas de passos de distância.

O homem era Zhuge Jian, o escrivão militar do condado de Shuiniu. Extremamente competente, mas de origem humilde — por isso, seu cargo não passava de um modesto posto administrativo.

Zhuge Jian se curvou e relatou:

"Ontem à tarde, a quarta senhorita da família Ding enviou uma criada chamada Ziye para cá, pretendendo estreitar laços entre as famílias. Quando a noite caiu e a moça ainda não havia retornado, temendo que algo lhe tivesse acontecido, enviaram outra equipe para procurá-la — e foi assim que descobriram a tragédia. Mas o céu já estava escuro, então tiveram de recuar ao acampamento dos Ding. Por isso, o corpo do jovem mestre acabou sendo profanado por criaturas e feras."

Li Kefa respondeu friamente:

"Quer dizer que meu filho não foi morto por um demônio?"

"Não, senhor. Ele foi assassinado."

Zhuge Jian continuou:

"Examinei o local com cuidado. O assassino não usou feitiços nem talismãs — apenas uma pequena lâmina e as próprias mãos. Em menos de um fôlego, matou nove homens. Deu treze golpes no total, e o mais ferido entre eles recebeu apenas dois ataques."

Sua observação era precisa. Mesmo restando apenas ossos, ele havia deduzido o número de golpes a partir das marcas e pegadas no chão.

Li Kefa perguntou em tom grave:

"E o que mais descobriu?"

"Durante a luta, ninguém teve tempo de conjurar feitiço algum. Todos foram abatidos antes mesmo de reagir."

Zhuge Jian prosseguiu:

"O assassino é de estatura baixa, cerca de cinco a seis pés, mas extremamente forte. Num raio de três metros, seus punhos podem alcançar e destruir em um piscar de olhos! Seus golpes são tão poderosos que pulverizam ossos."

Li Kefa franziu o cenho — poucos cultivadores treinavam o corpo dessa forma.

"Com um talismã de Força de Guerreiro seria possível ter tamanho vigor."

Zhuge Jian balançou a cabeça.

"Pensei nisso, mas verifiquei as cinzas de todos os talismãs queimados. No acampamento, restaram apenas duas marcas — ambas de Talismãs de Sino Dourado, usados para defesa, e ambos pertenciam ao jovem mestre. Logo, o assassino não usou nenhum. Isso significa que ou é um cultivador de corpo extremamente raro, ou um mestre do nível de Núcleo Dourado disfarçando suas habilidades mágicas para matar com as próprias mãos e lâmina."

Li Kefa cerrou o punho.

"E depois de matar meu filho, desapareceu. No meio da multidão, como o encontraremos?"

Zhuge Jian respondeu com firmeza:

"Ele deixou rastros… pois trouxe consigo um cachorro."

Li Kefa ficou surpreso — não havia notado pegadas de cão.

Nem mesmo os oficiais haviam percebido.

Zhuge Jian ergueu um pedaço de osso.

"Veja. Marcas de dentes — claramente de um cão. Além disso, sobre a mesa havia pó de cinábrio. Isso revela a identidade do homem: um mestre de talismãs que usa o sangue de um cão negro para misturar o cinábrio — o material ideal para desenhar talismãs. Portanto, ele deve possuir um cão negro.

Um homem baixo, mestre em talismãs, acompanhado de um cão preto — não será difícil rastreá-lo."

Li Kefa respirou aliviado. Pessoas com esse perfil eram raras.

"Há outro modo," disse ele. "Convocarei a alma do meu filho. Assim saberei o nome do assassino."

"Prepare os talismãs de invocação. Eu mesmo quero vê-lo com meus olhos…" — sua voz falhou, e os olhos se avermelharam.

Zhuge Jian hesitou antes de dizer:

"Senhor… eu já tentei. Fiz um ritual de invocação. A alma do jovem mestre… não respondeu."

Li Kefa o encarou, confuso.

"Não apenas a dele," explicou Zhuge Jian em tom grave. "Nenhuma das almas das vítimas pôde ser chamada. As almas dos mortos sumiram."

Li Kefa ficou imóvel, tomado pela dor.

"A alma do meu filho desapareceu? Então o assassino… devorou a alma dele?"

Zhuge Jian refletiu.

"Minha suspeita é que esse homem esteja possuído por um espírito maligno. Só entidades dessas são capazes de consumir almas. Ou ele as alimenta, ou foi tomado por uma delas."

Casos assim já haviam ocorrido — quando um espírito maligno possuía um corpo, podia devorar uma vila inteira em poucos dias.

Li Kefa respirou fundo e declarou:

"Zhuge Jian, deixo a você a tarefa de capturar esse mestre de talismãs baixinho com um cão negro. Não o mate! Quero interrogá-lo pessoalmente — rasgar-lhe o peito e arrancar-lhe o coração com minhas próprias mãos, para oferecer à alma do meu filho!"

Zhuge Jian assentiu e ordenou aos oficiais que se espalhassem por estradas, aldeias e estalagens em busca do suspeito.

O avô e o neto retornaram à vila de Huangpo. Como sempre, o velho preparou as ervas enquanto Chen Shi tomava seus remédios e mergulhava no banho medicinal.

Mas, já em meio à madrugada, Chen Shi acordou de um salto — o coração latejava em dor lancinante!

A velha enfermidade havia voltado.

Desde que começou a cultivar a Técnica da Retidão dos Três Raios, o problema não ocorria havia dias. Mas agora, a dor era insuportável.

A mão fantasmagórica azul esverdeada apertava-lhe o coração por dentro, comprimindo-o até quase estourar. Seu corpo tremia, os músculos retesavam, as veias saltavam, e a dor o deixava sem ar, o rosto passando do vermelho ao roxo.

Não conseguia gritar nem pedir socorro ao avô.

Demorou muito até conseguir soltar o primeiro suspiro.

Com aquele único fôlego, reuniu forças e ativou a Técnica dos Três Raios, enfrentando com todo o poder o fantasma que o oprimia.

Somente na segunda metade da noite conseguiu reprimir a mão espectral.

Os cinco dedos, cravados em seu peito, lentamente se abriram. A dor diminuiu pouco a pouco.

Chen Shi suava em bicas.

Desta vez foi por pouco. Se não tivesse conseguido respirar, teria morrido de dor ali mesmo.

'Será que isso aconteceu porque esgotei demais minhas forças ao matar Li Xiaoding hoje?' pensou.

De fato, lembrava-se da sensação de fome intensa durante a batalha — sinal de gasto excessivo de energia.

'O remédio do avô ainda consegue conter a marca da mão fantasma, mas seu efeito está enfraquecendo. Só a Técnica dos Três Raios continua funcionando. Tenho que voltar ao Túmulo do Verdadeiro Rei e conseguir o manual completo!'

Aquela era sua única esperança de sobreviver.

'Mas, para obter o restante, precisarei atravessar o domínio dos espíritos. Da última vez, só consegui chegar lá graças ao doce espiritual da senhorita Zhao. Agora, sem ele, terei que confiar apenas em mim. Com meu poder atual, não passarei pelas barreiras antes que o domínio desperte.'

Ele respirou fundo e decidiu:

'Vou me refugiar nas montanhas e treinar até ficar mais forte. Só então voltarei ao túmulo.'

A rotina de Chen Shi voltou ao normal: acordar cedo, comer, lutar com os cachorros da vila, roubar melancias, prestar homenagens à madrinha falecida, ouvir os conselhos do erudito fantasma, depois seguir às ruínas no alto da montanha para treinar a Técnica dos Três Raios. À noite, voltava para tomar o remédio e o banho medicinal.

Certa manhã, depois de fazer oferendas à madrinha e ouvir as lições de Mestre Zhu, o som de cascos ecoou — uma dúzia de oficiais vinham galopando pela estrada, levantando nuvens de poeira em direção à colina de Huangpo.

"Seis Portas outra vez?" murmurou Chen Shi, curioso. "Mas a filial de Xinxiang não foi exterminada pela madrinha de Fangdian? Os corpos foram levados pela Noiva Fantasma."

Desde aquela noite, a Noiva Fantasma desaparecera, assim como as investigações sobre o templo arruinado que surgira nas montanhas. Até mesmo o massacre de mais de trinta agentes das Seis Portas havia sido abafado.

Chen Shi, que temia ser descoberto por ter matado Li Xiaoding, começou a relaxar.

Mestre Zhu riu friamente:

"E o que há de estranho nisso? As Seis Portas são como papel higiênico — usadas e descartadas. Agentes morrem aos montes todo ano. Sempre há estudiosos ávidos para ocupar seus lugares."

Chen Shi concordou. Entre os cultivadores que se tornavam eruditos, poucos passavam no exame para oficiais; os demais precisavam achar qualquer emprego. Servir como oficial do governo, afinal, ainda era uma honra.

"Parem!"

Os cavaleiros frearam os cavalos. O homem à frente desmontou e subiu a colina com um sorriso.

"Garoto, sou Zhuge Jian, escrivão do condado de Shuiniu. Qual é o seu nome?"

"Chenshi," respondeu ele.

"Chenshi, diga-me — há por aqui um mestre de talismãs chamado Chen Yindu?"

Chen Shi piscou. "Tem sim. Por que o procura?"

Zhuge Jian manteve o sorriso.

"E qual é a altura dele?"

Chen Shi respondeu: "Mais ou menos como a sua."

Zhuge Jian franziu o cenho.

Os oficiais atrás dele murmuraram:

"Chefe, parece que não é ele. Já vasculhamos todos os vilarejos e cidades próximas. O tal mestre de talismãs assassino não podia ter sumido no ar."

Zhuge Jian suspirou.

Dias de buscas, e nada. Nenhum sinal de um homem baixo com um cão preto.

"Será que errei o rumo…?" pensou.

De repente, uma grande cachorra preta subiu correndo a colina, abanando o rabo para o garoto debaixo da árvore.

O cão parecia quase sorrir.

O menino olhou para ele e gritou:

"Senhor Escrivão, meu avô mandou me chamar pra jantar!"

Zhuge Jian acenou distraído, observando o garoto e o cão se afastarem.

Então, como um trovão em sua mente, percebeu:

"E se… o assassino não for um homem baixo, mas uma criança?

Uma criança, mestre de talismãs, com corpo de aço…"

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