O despertador tocou às 06:00 da manhã. Aerin arregalou os olhos, meio perdido, esquecendo por um segundo onde estava. Mas logo veio a lembrança: ele não estava no quartinho apertado da pensão onde morava… ele estava no AP LUXUOSO de Kang Jihan, CEO da empresa onde nem chegou a ser contratado… e agora tava cuidando dos gêmeos como parte de um contrato de casamento falso. Que vida, né?
— Respira, Aerin. Vai dar tudo certo… ou não. Mas finge que sim — murmurou, levantando com o cabelo todo bagunçado.
Foi direto pra cozinha e encontrou outro bilhete na geladeira:
✉️ "Deixei roupas formais pra você no armário. Os meninos têm consulta médica às 10:00. O motorista vai passar às 09:15. Seja pontual. – Jihan."
Aerin bufou, mas sorriu. Aquela letra bonita e fria já tava virando parte da rotina. Ele fez o café da manhã igual ao dia anterior — frutas, pãozinho, suco e leite morno. Quando os gêmeos chegaram correndo, ele já tava com a mesa posta.
— Aeeee! Tem banana! — gritou um deles, animado.
— Hoje vamos ver a doutora? — perguntou o outro, com os olhinhos atentos.
— Isso mesmo — respondeu Aerin, ajoelhando perto deles. — Mas só se vocês comerem tudo e escovarem os dentes sem drama.
— Tá bom, Appa! — responderam em coro, como dois robozinhos sincronizados.
Enquanto os dois comiam, Aerin aproveitou pra se trocar. No armário, encontrou uma camisa social branca e uma calça preta de alfaiataria. "Tá me vestindo agora, Jihan? Só falta amarrar minha gravata", pensou, rindo sozinho.
Mas, no fundo, ele gostou da ideia de ser cuidado. Nem lembrava a última vez que alguém se importou com o que ele ia vestir ou comer.
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🛻 No carro com os gêmeos…
O motorista da empresa era sério, mas educado. Os gêmeos estavam animados no banco de trás com seus ursinhos de pelúcia, e Aerin tentava controlar os dois, colocando cinto, entregando biscoitinhos e limpando narizinhos.
— Appa, hoje vacina? — perguntou um dos meninos, já desconfiado.
— Hmm… talvez sim, talvez não… depende se vocês forem corajosos.
— Eu sou corajoso! — disse um deles, batendo no peito.
— Eu… não — respondeu o outro, já com lágrimas nos olhos.
Aerin puxou os dois pra perto.
— Vocês têm a mim, tá bom? Eu vou segurar a mão dos dois. Sempre.
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🏥 Na clínica pediátrica
A sala de espera era toda temática, com desenhos de bichinhos nas paredes e brinquedos coloridos. Aerin preenchia os formulários enquanto os gêmeos brincavam com blocos de montar.
— Nome completo do responsável? — perguntou a recepcionista, educadamente.
Aerin travou por um segundo. Ele podia colocar "babá"? "Cuidador"? "Escravo assalariado de um CEO rico"?
Mas ele respirou fundo e escreveu:
"Aerin Han – Appa temporário."
A médica chamou os três, e a consulta foi uma mistura de choradeira, risos e desenhos em papel. Quando chegou a hora da vacina, um deles chorou tanto que o outro começou a chorar também, mesmo sem tomar nada ainda. Aerin segurou firme as mãos deles, cantando baixinho uma musiquinha boba pra distrair.
— Eu odeio agulha, Appa… — soluçou um.
— Também odeio, mas depois a gente toma sorvete, tá bom?
— Sorvete? — os dois pararam de chorar na hora.
Missão: concluída com sucesso.
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🏢 Mais tarde, no escritório de Kang Jihan…
O CEO frio assistia pelas câmeras novamente. Sim, ele instalou uma câmera no carro e uma mini câmera escondida no bolso da mochila dos gêmeos. Obcecado? Talvez. Mas ele chamava isso de "precaução".
Ele viu Aerin consolando os dois, brincando, preenchendo papelada, sendo paciente… sendo pai.
Jihan suspirou fundo. Encostou-se na cadeira de couro e tirou os óculos por um instante.
— Por que ele tá se esforçando tanto…? Ele nem vai ganhar um salário… é só um contrato idiota…
Mas, mesmo pensando isso, uma parte dele… queria ver mais.
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🏠 À noite, em casa
Os gêmeos estavam dormindo, cansados do dia cheio. Aerin estava sentado no sofá, enrolado num cobertor, com uma caneca de chá nas mãos. O relógio marcava 22h30.
A porta se abriu com um clique suave. Kang Jihan entrou, tirando o blazer.
— Eles dormiram? — perguntou, sem tirar os olhos do caminho até o quarto.
— Como dois anjinhos. Ou mini-demônios disfarçados — Aerin respondeu, rindo baixinho.
Jihan olhou pra ele. A luz do abajur deixava o rosto de Aerin com um ar mais suave, quase bonito demais pra ser ignorado.
— Obrigado… por hoje.
Aerin o encarou, surpreso. Era a primeira vez que ouvia isso do CEO.
— Uau… você tem um coração?
Jihan riu pelo nariz, frio como sempre.
— Não espalha.
Eles ficaram em silêncio por um tempo. Um silêncio que não era desconfortável.
— Ah, amanhã os meninos têm aula, né? Eu deixo e busco eles — disse Aerin, levantando.
— Você tá indo além do contrato, sabia?
Aerin olhou de lado, meio sem graça.
— Talvez… talvez eu esteja começando a gostar de ser "Appa".
Kang Jihan encarou ele. Por alguns segundos, ficou em silêncio… mas em vez de responder, virou-se e entrou no corredor.
Aerin ficou parado ali, com o coração batendo mais rápido do que deveria.
Talvez… esse contrato estivesse ficando real demais.