Ficool

Chapter 6 - Capítulo 6 – Um Jantar em Família (Ou Quase Isso)

O apartamento estava silencioso por um breve momento — um daqueles raros instantes em que duas crianças gêmeas finalmente tiravam um cochilo depois de correr, brincar, gritar e rir sem parar. Aerin, por outro lado, estava na cozinha, com o avental amarrado na cintura e o cabelo bagunçado por causa do vento do parque. Ele tentava preparar o almoço, mesmo não sendo nenhum chef.

Ele olhou para os ingredientes sobre a bancada: arroz, frango, legumes e… molho de soja. Fez uma careta.

— Isso aqui é pra adultos, não pra crianças… — murmurou, franzindo o nariz.

Mesmo assim, ele seguiu cozinhando. Cortou os legumes em formatos de estrelas e corações, achando que isso ia fazer os gêmeos comerem com mais vontade. No fundo, Aerin estava descobrindo um lado que ele nunca imaginou ter: cuidadoso, protetor… quase paternal.

Enquanto o cheiro da comida se espalhava pelo apartamento, um bip eletrônico ecoou da porta da frente.

🔊 BIP. BIP. BIP. CLIC.

A porta se abriu com um som suave, revelando Kang Jihan.

O CEO estava impecável como sempre — terno alinhado, cabelos penteados pra trás, expressão séria. Ele entrou no apartamento, tirou os sapatos e caminhou em silêncio até a cozinha, atraído pelo cheiro da comida caseira.

Aerin, distraído, nem percebeu a presença dele até ouvir a voz grave às suas costas:

— Você está cozinhando?

Aerin deu um pulo e quase deixou cair a colher de pau.

— AHH! Você me assustou! — disse, com a mão no peito.

Kang Jihan ergueu uma sobrancelha.

— Eu moro aqui. Tecnicamente, você invadiu minha cozinha.

Aerin bufou e apontou com a colher:

— Olha, se você quer continuar com esse contrato de casamento falso, vai ter que agir um pouco mais como um marido de fachada, tá? E isso inclui não assustar o 'esposo' quando ele tá tentando alimentar seus filhos!

Jihan arqueou uma sobrancelha, mas havia um leve brilho de diversão nos olhos. Ele se aproximou da bancada e olhou para os pratos com comida em forma de estrela.

— Estrelas?

— É pra eles comerem mais felizes — Aerin respondeu, virando de costas pra esconder o leve rubor nas bochechas.

— Eles estão dormindo?

— Uhum. Caíram no sono no sofá depois do desenho do pinguim.

Jihan se afastou, caminhando até a sala e olhando os dois gêmeos deitados lado a lado, com cobertores fofinhos e um brinquedo de pelúcia cada. Por um segundo, sua expressão se suavizou.

Quando ele voltou pra cozinha, Aerin estava colocando os pratos na mesa.

— Vai comer aqui? — perguntou, sem olhar diretamente pra ele.

— Por que não?

— Sei lá… você tem cara de quem come sozinho, olhando pra tela do notebook, num restaurante cinco estrelas.

Jihan puxou uma cadeira.

— Talvez hoje eu esteja com vontade de comer arroz em forma de coração.

Aerin soltou uma risadinha, finalmente relaxando.

Os dois se sentaram à mesa. Aerin serviu os pratos com cuidado, e Jihan, mesmo com sua pose fria, comeu tudo sem reclamar. Até elogiou, com um simples:

— Não está ruim.

Aerin fingiu se ofender.

— Não está ruim? Isso é o máximo de elogio que você consegue dar?

— Eu sou CEO, não crítico gastronômico.

Eles comeram em silêncio por alguns minutos, mas não era desconfortável. Era uma paz nova… estranha… quase familiar.

Até que, do nada, um dos gêmeos apareceu na porta da cozinha, com os cabelos bagunçados, segurando o cobertor como uma capa de super-herói.

— Appa… fome…

Aerin se levantou na hora, pegou o menino no colo e levou até a cadeira.

— Já tô te servindo, campeão.

O outro gêmeo surgiu segundos depois, coçando os olhos e resmungando:

— Eu também… Appa…

Kang Jihan observava tudo calado. Os dois meninos chamando o Aerin de Appa mexiam com ele. No início, parecia só confusão infantil. Mas agora… agora ele começava a se perguntar se isso era mais do que apenas carinho. Era laço.

— Aerin Appa… melhor que comida da escola… — disse um dos gêmeos, com a boca cheia.

— Aerin Appa faz comida feliz — completou o outro.

Jihan encarou Aerin com um olhar impossível de decifrar.

— Você tem jeito com eles… — falou, finalmente.

Aerin deu de ombros, ajeitando o guardanapo no colo de um dos meninos.

— Eles são fáceis de amar… mesmo sendo duplamente bagunceiros.

Silêncio de novo. Até que Jihan soltou algo que nem ele mesmo esperava dizer:

— Talvez… talvez não tenha sido um erro você ter vindo.

Aerin travou.

— O quê?

— Esquece.

— Não, repete. Anda, CEO. Repete.

Jihan fingiu beber água.

— Já falei. Não repito elogios.

Aerin riu alto, e os gêmeos imitaram ele, mesmo sem entender.

— Você é o CEO mais teimoso que eu já conheci.

— E você é o contratado mais barulhento que eu já tive.

Os dois se encaram por alguns segundos. Nenhum sorria totalmente… mas também não estavam sérios. Era uma linha tênue entre provocação e algo mais. Algo que ainda estava nascendo.

---

🌙 No fim da noite…

Depois de dar banho nos gêmeos, escovar os dentinhos e contar duas histórias — uma sobre um dragão medroso e outra sobre uma baleia que queria voar — Aerin os colocou pra dormir no quarto compartilhado. Fechou a porta devagar e encostou na parede, suspirando cansado.

Kang Jihan estava na sala, lendo um relatório no tablet. Aerin se jogou no sofá ao lado dele.

— Tô exausto. Cuidar de dois mini-humanos é mais difícil que entrevista de emprego.

— Você está se saindo melhor do que esperava.

Aerin olhou pra ele.

— Isso foi outro elogio?

Jihan não respondeu. Apenas levantou e foi pro quarto dele.

Aerin ficou sozinho no sofá por um tempo, olhando pro teto.

"Esse contrato pode ser falso… mas o que eu sinto agora… definitivamente não é."

E, naquela noite, ele dormiu com um leve sorriso nos lábios.

Porque, pela primeira vez… ele estava se sentindo parte de uma família. Mesmo que fosse só por enquanto.

More Chapters