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Chapter 11 - Capítulo 11 – Um banho, um abraço e um coração que não sabe mais fingir

Depois do dia no parque de diversões, Aerin estava com os cabelos todos bagunçados, a camisa amarrotada e com glitter no rosto que os gêmeos tinham jogado nele na barraca de pintura facial. O corpo inteiro doía de tanto carregar os dois no colo, subir escadas infláveis, entrar no carrinho de bate-bate e ainda segurar sacola de lembrancinha com uma mão e copo de suco na outra.

Mas no fundo… ele estava feliz.

Extremamente feliz.

Depois de deixá-los dormindo no carro, com os rostinhos colados um no outro, Aerin entrou no apartamento em silêncio, seguindo o motorista que carregava as mochilas e brinquedos. Assim que o elevador chegou à cobertura e as portas se abriram, os meninos acordaram meio sonolentos, mas logo reconheceram o lugar e gritaram animados:

— CASA DO APPA!!! — um dos gêmeos gritou, batendo palma com as mãozinhas ainda sujas de algodão-doce.

— Apaaaaa!!! Olha ursinho!! — o outro ergueu o bichinho de pelúcia, sacudindo o brinquedo pra todo lado.

No sofá, Kang Jihan estava com uma xícara de café nas mãos, o paletó dobrado sobre o encosto e a expressão séria de sempre — até ver os filhos entrarem correndo, tropeçando nas próprias pernas e puxando Aerin pela barra da camisa.

— Appa!! Appa!! Fo-mos no shoppin!! — falou o primeiro, atropelando as palavras.

— E-e tinha co-i-sa… e balão no chão! — completou o outro, com os olhos arregalados.

— Mac donalds! — gritou um.

— Com bri-nquê-dô! — gritou o outro.

Eles falavam tudo ao mesmo tempo, com as palavras embaralhadas, a língua embolando, mas Jihan entendia. Ele não precisava que fosse perfeito. Só precisava ver o entusiasmo dos dois, os sorrisos escancarados, as bochechas coradas de tanto brincar.

— Olha, olha, APPA! — os dois correram até ele, jogando os ursinhos de pelúcia no colo do pai. — Aerin com-pou! E livro com co-lo-rir!

— Colorir, appa! — um dos dois agarrou o braço do pai. — E eu pintei... pintei casa, sol, eu!

Aerin ficou parado um pouco mais atrás, observando a cena, tentando recuperar o fôlego.

— Eles tão bastante animados, né, senhor?

Kang Jihan olhou nos olhos de Aerin.

Por um instante, ele não disse nada.

Apenas se ajoelhou no tapete da sala, na altura dos filhos, e os abraçou com força.

— Vocês dois se divertiram muito hoje, né?

— Fooiiiiii! — disseram em coro.

— Quê-ro ir de novo, appa! — um deles implorou, agarrado ao pescoço do pai.

— Eu… eu sou grande, andei no mon-tanha que gira!

— E o Aerin foi também! — o outro lembrou. — Ele é corajoso!

Aerin riu, meio sem jeito.

— Só fingi, na verdade. Eu tava morrendo de medo naquela roda-gigante.

Jihan olhou pra ele com um sorriso pequeno, quase imperceptível.

— Eu sei fingimento quando vejo. Mas… mesmo assim, obrigado por ir.

— Eu faria tudo de novo por eles — respondeu Aerin, sincero.

E naquela frase, havia mais do que ele gostaria de admitir. Ele faria tudo por aqueles dois… e, aos poucos, percebia que talvez… também começasse a fazer tudo por Jihan.

🛁 Mais tarde…

Os gêmeos estavam deitados na banheira de mármore, cobertos de bolhas, jogando brinquedos de pato e rindo alto. Aerin estava ajoelhado do lado de fora, com a manga dobrada, molhado até o cotovelo enquanto lavava o cabelo deles com cuidado.

— Fecha o olho, vai entrar shampoo. Isso, boa! Muito bem, campeão!

— Aerin, a água tá quente! — reclamou um.

— Tá boa, tá boa! — respondeu o outro, chutando a água e molhando a camisa de Aerin.

Ele só deu risada.

— Vocês me cansam, sabia? Mas é um cansaço bom…

Depois do banho, colocou pijaminhas combinando neles: azul claro, com estampa de dinossauros. Eles saíram correndo até o sofá, onde Jihan ainda estava, agora com a televisão ligada, vendo algum jornal que ele fingia prestar atenção.

— Appa, lê pra gente? — disse um dos meninos, subindo no colo dele com um livro de colorir na mão.

— Aerin comprou... tem história! — o outro acrescentou, puxando a mão do pai.

Jihan pegou o livro, folheando com atenção. As páginas eram simples, com desenhos fofos e frases curtas. Mas havia carinho ali. Atenção. Alguém tinha pensado no que eles gostariam de ver.

— Claro. Vamos ler antes de dormir.

Ele olhou pro lado.

— Aerin, você senta com a gente?

— Com certeza.

Aerin sentou ao lado no sofá, e os quatro — Jihan, Aerin e os dois meninos — ficaram ali, dividindo aquele momento como uma família silenciosa e bagunçada.

Mas feliz.

💬 Mais tarde naquela noite…

Quando as crianças dormiram, Aerin saiu do quarto e foi até a varanda, respirar um pouco. Ele olhou pro céu estrelado e suspirou. Sentia o coração pesado e leve ao mesmo tempo.

Kang Jihan apareceu alguns minutos depois, de mãos no bolso.

— Eles não param de falar de você — disse. — Nem dormindo.

— É? O que disseram?

— Que você é "cheiroso", "abraça gostoso" e "compra coisas legais".

Aerin riu, olhando pra baixo.

— É bom saber que deixei uma boa impressão.

Jihan ficou em silêncio.

Então, caminhou até ele.

— Você fez mais que isso, Aerin.

— Hm?

Jihan parou ao lado, olhando pro horizonte.

— Você trouxe de volta algo que eu achei que tinha perdido. A leveza... o som da risada deles… até a forma como dormem melhor agora.

Aerin virou o rosto pra ele.

— E você, Jihan? Como anda dormindo?

Por um momento, Kang Jihan hesitou.

Depois respondeu, baixo:

— Melhor. Desde que você chegou.

E naquele silêncio, não houve toque, nem beijo. Mas foi mais íntimo que qualquer gesto físico.

Foi um sentimento.

Nascendo ali.

Sem pressa, mas inevitável.

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