No vácuo do universo, uma sombra branca cruza centenas de quilômetros numa velocidade assustadora, perseguido por um pequeno ponto azul-escuro, cuja velocidade excede a compreensão.
A sombra continua em seu percurso, mas a distância entre o pequeno ponto e ele está cada vez menor. Inevitavelmente, a sombra é atingida pelo ponto azul-escuro e perde velocidade, tropeçando e rolando. Neste momento, podemos identificar a aparência do fugitivo.
A sombra branca tem a aparência humana. Mas com o rosto incompleto, apenas uma boca e dois olhos brancos, de uma sensação animalesca. Em seu lado esquerdo, preso por uma longa lança azul-marinho, um ferimento que quase o rasgou ao meio.
Essa é a arma do agressor, um ser transcendente, de poder inescrutável, lançada a milhas de distância.
Apesar de a haste ser de cor azul-marinho, mais se assemelha a um buraco negro. Basta um segundo para sugar a consciência de suas vítimas. Observando sua ponta, vemos que não é apenas uma lança, mas uma alabarda, com um gancho pontiagudo de um lado e uma lâmina em meia lua do outro.
A sombra branca a reconhece, é uma super arma celestial.
Como o próprio abismo, por si só, a alabarda já sugou a vida de incontáveis inimigos, construindo uma fama renomada por ser implacável. Possui uma única característica que é de negar qualquer defesa, o que a torna extremamente poderosa. Não há nada que a detenha, mesmo qualquer outra super arma celestial, quem dirá a mera barreira de energia lançada pela sombra branca…
"Já é louvável que você tenha conseguido separar sua consciência do seu planeta, mas não há meios de escapar de mim. Entregue o último fragmento da Semente da Natureza e toda a energia que condensou desde o seu despertar. Você vai me ajudar a transcender, não há alternativa." - O agressor está à milhas de distância, mas pode enviar sua voz sem estar presente.
Mesmo distante, o perseguidor revelou seu poder. Dentro da sombra branca, como falando dentro da consciência, ecoou a sinistra e rouca, grave voz do perseguidor.
A sombra branca, teve seu planeta devorado pelos intrusos. Oprimido pela força dos agressores, sem qualquer meio de se defender, a única escolha foi fugir antes que o Monarca Celestial terminasse de sugar toda a vitalidade do núcleo do planeta: a sagrada Semente da Natureza.
Neste momento, em meio a fuga, sem saber para onde ir. A sombra branca sabe que não há outros planetas na proximidade. De sua cabeça emergiu um minúsculo ponto verde, com sua aparência, um brilho verde dourado, permeou a sombra branca. Essa é a Semente da Natureza que contem a energia primordial da vida.
No exterior, banhado sob a sagrada luz verde dourado, a sombra branca puxou a alabarda de seu corpo recém materializado. Sem demora, seu lado esquerdo começou a se reconstituir. Um ferimento mortal se a entidade tivesse um coração, mas diante do poder da Semente da Natureza, não passa de um pequeno ferimento.
Imediatamente, a alabarda recuou e como um cometa, voou direto pelo percurso em que veio, de volta para as mãos do Monarca Celestial. A sombra branca entendeu que em questão de segundos haveria um novo ataque.
"Mesmo aniquilado, me recuso a servir de comida!" - Sobrecarregado pelo desespero, a sombra branca novamente assimilou o fragmento da semente da natureza em sua cabeça - no centro de seus olhos, onde ficariam suas sobrancelhas (no momento ausentes). Girou nos calcanhares, observando onde está e para aonde pode ir…
Ao longe apenas o vácuo, ele continuou girando e observando cada espaço do vasto universo. Quando finalmente encontrou, ao longe, uma energia que se aproximava, como uma violenta onda sem cor, desordenada:
"Tempestade tempo-espaço?!"
… …
Numa terra escondida no continente…
Uma grande área dominada pelo extremo frio…
Em um assentamento humano com casas cobertas pelo gelo…
Dezessete aglomerados compõem a Cidade de Gelo, seguindo o formato de anéis. Doze aldeias formam uma corrente circular maior, protegendo os habitantes das quatro vilas, que por sua vez, circulam uma vila maior.
E no centro da maior vila, uma mansão de três andares, rodeado por largas vias, casas cuidadosamente construídas.
No térreo, o chão cristalino parecendo opaco vidro, na verdade placas de gelo comprimido. Em cada lado e no fundo do salão cinco saletas privadas podem ser identificadas. No centro do salão estátuas de gelo e mesas de espera, a frente duas luxuosas escadas conduzem os visitantes para o segundo andar.
No segundo andar, um grande salão com diversas pessoas entrando e saindo. Sofás de gelo comprimido para descansar nos dois lados do salão. Visitantes e trabalhadores misturados em uma massa de gente.
No fundo do salão, no centro, uma pequena escada.
Humilde, o terceiro andar abriga a moradia da família. Destoando com os andares inferiores, o andar superior não tem nenhum móvel memorável.
Próxima à escada, uma mesa de jantar rodeada por cadeiras. Ao fundo, um extenso sofá branco com uma mesa de descanso no centro e, ao lado uma bancada de pedra de gelo dando para a cozinha da casa. Nos dois corredores laterais, o total de oito quartos.
Já no fim do corredor, a direita, uma porta se fecha.
A menina de longos cabelos escuros, um denso cacho enrolado nas pontas. Olhos redondos, grandes, negros em um branco límpido, apropriado para a idade.
"Nesta vida, seis anos de novo, mas o que vai me matar agora é a tristeza…"
A frágil voz ecoa no quarto vazio. Recostando na porta fechada, a menina quer chorar, mas não há lágrimas.
"Despertar uma alma marcial desconhecida, com poder incerto…"
Neste planeta, aos seis anos de idade, todo pessoa passa pelo ritual de despertar da alma marcial. Momento tão ansiado pela garota, desde seu aniversário, por dois meses procurou a confirmação do evento com sua mãe, até a deixou sem paciência.
"Pelo menos a mutação deve ser do tipo mais poderoso. Completo poder espiritual inato, nível 10, no limite do primeiro anel." - Lyn Marin tentou se consolar.
"Mas a droga do golden finger! Cadê meu golden finger??!" - Desespero, dor, confusão. No rosto da menina estampado sua indignação.
"Protagonistas tem golden finger!! Não tem nenhuma história de renascido sem golden finger… A não ser… É isso mesmo!"
Na sua conclusão, olhos lacrimejaram instantaneamente, e suas pernas perderam a força. Deslizando pela porta, se espalhou no chão. Uma perna dobrada de modo contorcido e a outra, junto ao corpo. Ela encostou a cabeça no joelho, derrotada.
"Eu não sou a protagonista!"