O chão era feito de grama macia e dourada. O céu tinha dois sóis brilhando, como olhos de um deus curioso. Rajime abriu os olhos lentamente, piscando contra a luz estranha daquele novo mundo.
Ele estava deitado, os cabelos bagunçados pelo vento quente que soprava como se sussurrasse boas-vindas. Levantou-se num salto instintivo, o olhar atento varrendo o horizonte.
— Mina? — sua voz, fria como sempre, tremia só um pouco.
— Estou aqui! — veio a resposta, aliviada.
Ela estava alguns metros adiante, sentada em uma pedra cercada por flores que brilhavam em tons que a Terra nunca conheceu. Quando Rajime correu até ela, Mina abriu um sorriso largo. Seu uniforme escolar estava sujo de grama, os cabelos dourados embaraçados, mas ainda assim... ela parecia deslumbrante.
— Você tá bem? — perguntou ele, ajoelhando-se à sua frente.
— Estou, só um pouco tonta... Mas... olha isso! — ela apontou ao redor, deslumbrada. — Rajime... a gente foi invocado, não foi?
Ele não respondeu de imediato. Seus olhos estavam fixos no horizonte. Havia uma cidade flutuante no céu. Uma floresta dourada ao sul. Criaturas com asas de cristal sobrevoando as nuvens.
Tudo era irreal.
— Isso não é um sonho... — ele murmurou, e Mina assentiu.
De repente, um painel transparente surgiu diante dos dois, como uma interface mágica. Letras antigas se reorganizaram em japonês diante deles.
"Bem-vindos, Rajime Ototsuy e Mina Aoi."
"Vocês foram invocados pelo Grande Oráculo de Ruyasha."
"Seu destino é salvar este mundo... ou vê-lo perecer."
Mina engoliu seco. Rajime franziu as sobrancelhas.
— Eu odeio quando jogam responsabilidades em mim... — ele resmungou, mas se levantou com calma. — Ainda assim, não vou deixar você se machucar, Mina.
Ela olhou para ele, surpresa e levemente corada. Então sorriu, brincando:
— Se continuar assim, eu vou acabar me apaixonando de verdade por você.
Ele desviou o olhar, o rosto corando levemente.
— Tsc... idiota.
Mas naquele momento, a muralha dele tremeu um pouco.
E ela viu.