Quando se pensa em reencarnação, imagina-se um túnel de luz, uma sala ritualística ou até um vazio sem fim. Mas ninguém jamais imaginaria acordar sentado em uma cadeira comum, diante de uma mesa... em um escritório totalmente branco, onde não havia sombras, nem ruídos, nem tempo.
E do outro lado da mesa estava ele.
Illunight.
A personificação da luz e da escuridão. O equilíbrio absoluto entre dois opostos.
Ele folheava alguns papéis como se estivesse revisando relatórios. Eu, por outro lado, ainda tentava aceitar o absurdo.
"Tenho muitas perguntas… mas não sei se quero as respostas," murmurei, massageando a têmpora.
"Você terá as respostas de qualquer forma," respondeu ele, sem levantar muito os olhos. Sua voz soava calma, mas reverberava como se duas vozes falassem ao mesmo tempo: uma suave e luminosa, outra grave e sombria.
Revirei os olhos. "Ótimo. Surpreenda-me, Sr. Personificado."
Ele arqueou uma sobrancelha, meio divertido. "Formalidade não é necessária. Além disso, você já suspeita de algumas coisas."
Suspirei fundo. "Você é Deus, e está aqui para julgar minha alma. E, por algum destino ridículo, eu morri por causa do caminhão-chan."
"Errado." Ele finalmente sorriu. "Você foi esmagado por uma pedra. Uma pedra do tamanho de uma casa, devo dizer. Foi… impressionante até para mim."
"Puta merda…" tapei o rosto com a mão. "Ok, esquece. Não quero lembrar."
Illunight então fechou a pasta e me encarou, e por um instante o vazio branco atrás dele pareceu se expandir, como se o nada estivesse vivo.
"Você não está aqui para ser julgado. Está aqui para receber uma proposta. O mundo onde você viveu já não importa. Outros como eu estão criando um novo universo, uma mistura de planos, onde realidades diferentes coexistem. Um mundo de teste, mas que acabou ganhando vida própria."
"E… onde eu entro nisso?" perguntei, tentando manter a calma, mas sentindo um arrepio nas costas.
"Precisamos de um Deus. Alguém que lidere o panteão nascente. Como você morreu no exato momento em que iríamos escolher um candidato aleatório…" Ele abriu os braços em um gesto teatral. "Parabéns. Você foi escolhido."
Pisquei, incrédulo. "Espera. Vocês criaram um mundo só para testar seus poderes e, como não querem destruí-lo, resolveram fundar uma religião e me transformar em Deus?"
"Resumiu perfeitamente," disse ele, satisfeito. "E para que não reclame de falta de liberdade, você escolherá suas próprias divindades. No máximo três."
A sala pareceu estremecer quando ele falou isso, e símbolos brilharam por um instante nas paredes brancas. Eu engoli seco.
Era real.
"Então… posso escolher qualquer coisa? Tipo, poderes de mitos, animes, até entidades cósmicas?"
"Exato. Apenas não pode rivalizar com uma personificação. O medo, por exemplo, já tem seu dono."
Fiquei alguns segundos em silêncio, pensando. O peso da escolha queimava na minha mente, mas ao mesmo tempo… como resistir?
"Quero…" respirei fundo. "A divindade da Criação de Izanagi. A do Sol, de Apolo. E… por fim… quero ser o Deus dos Espectros Emocionais. Os dez combinados."
O ar pareceu tremer ao meu redor. Illunight arqueou um sorriso enigmático. "Escolhas ousadas. Principalmente a última. Muito bem, Zestial. A partir de agora, este será o seu nome. O Deus da Criação, do Sol e dos Espectros Emocionais."
Ele estendeu a mão e, quando seus dedos tocaram o vazio, este se abriu em um turbilhão de luz e sombras.
"Leve suas memórias. Leve suas escolhas. Construa um mundo… ou destrua-o. O destino está em suas mãos."
E, sem mais aviso, o nada me engoliu.
Assim nasceu Zestial, um Deus para um mundo onde shinobis e pokémons dividem o mesmo céu.