Ficool

Chapter 7 - Capítulo 5 – O Teste do Mar

O Xeeksot cortava as ondas em direção a uma nova ilha. Kaien havia decidido que precisavam de um navegador. Até agora, navegavam por instinto, mapas roubados e a visão de Lyra, mas se quisessem ir além do South Blue, precisariam de alguém que dominasse as correntes e os ventos.

Kid estava encostado na amurada, brincando com pedaços de ferro que flutuavam ao seu redor como pequenos satélites. Killer afiava suas lâminas em silêncio, e Lyra, no alto do mastro, observava o horizonte com o rifle apoiado no ombro.

Kaien estava sentado no convés, o Solar Axe cravado ao lado, de olhos fechados. Ele não treinava, não falava. Apenas ouvia. O mundo pulsava, e ele se deixava guiar pelo compasso invisível.

Foi Lyra quem quebrou o silêncio. "Navio à frente. Grande. E não é mercante."

Kid se endireitou, animado. "Finalmente alguma diversão."

Killer levantou-se, guardando as lâminas.

Kaien abriu os olhos devagar. "Quem são?"

Lyra ajustou a mira, observando as velas negras que se aproximavam. "Reconheço o brasão. É a tripulação dos Serpentes de Ferro. Famosos no South Blue. Caçadores de piratas menores… e de qualquer um que cruze o caminho deles."

Kid riu alto. "Serpentes de Ferro? Parece nome de sucata. Quero ver se o ferro deles canta quando eu puxar."

Kaien se levantou, mas não pegou o machado. "Essa luta não é minha. É de vocês."

Kid arregalou os olhos. "Como assim? Você vai ficar sentado?"

Kaien sorriu. "Eu já sei o peso do mundo. Agora quero ver o peso de vocês."

O navio inimigo se aproximou, e logo os Serpentes de Ferro lançaram ganchos, tentando abordar o Xeeksot. Eram mais de vinte homens, armados com correntes, lanças e espadas.

Kid avançou primeiro, erguendo os braços. O ferro dos ganchos tremeu, depois voou de volta contra os próprios piratas, arrastando alguns para o mar. "Eu disse que o ferro canta pra mim!" — gritou, rindo.

Killer entrou em ação logo atrás. Silencioso, movia-se como uma sombra. Cada passo era preciso, cada corte letal. Em segundos, três inimigos caíram sem sequer entender de onde vieram os golpes.

Lyra, do alto do mastro, disparava com calma. Cada tiro era certeiro, atingindo mãos que seguravam armas, joelhos que tentavam avançar, olhos que ousavam mirar no convés. Ela não matava de imediato, mas desmontava a ofensiva inimiga com precisão cirúrgica.

O capitão dos Serpentes, um homem enorme coberto de correntes, avançou rugindo. "Vocês acham que podem desafiar os Serpentes de Ferro?!"

Kid puxou as correntes dele com um gesto brusco, desequilibrando-o. Killer aproveitou a abertura e deslizou pelo convés, cortando as pernas do gigante em um movimento rápido. Antes que ele caísse, Lyra disparou, a bala ricocheteando na corrente e atingindo o ombro do capitão.

O homem tombou, derrotado, enquanto seus homens recuavam em pânico.

Kaien observava tudo em silêncio, os braços cruzados. Quando o último inimigo caiu ao mar, ele se levantou e caminhou até o centro do convés.

"Vocês entenderam agora?" — disse, olhando para os três. "Não precisam de mim para esmagar o mundo. Cada um de vocês tem um peso próprio. Kid, sua fúria magnética. Killer, seu silêncio letal. Lyra, sua visão que atravessa o tempo. Juntos, vocês são inevitáveis."

Kid ainda arfava, mas sorriu. "Foi divertido. Mas da próxima vez, quero que você entre também."

Killer limpou as lâminas, sem dizer nada.

Lyra guardou o rifle e desceu do mastro. "Você nos testou. Mas saiba de uma coisa, Kaien: eu vi. Se você tivesse entrado, essa luta teria acabado em segundos. Você não luta porque não precisa. Mas nós… nós precisamos."

Kaien sorriu, apoiando o Solar Axe no ombro. "Exato. E é por isso que vocês são meus. O pulso pulsante é meu fardo. Mas o mundo também precisa ouvir a música de vocês."

O Xeeksot seguiu viagem, deixando para trás os destroços dos Serpentes de Ferro. O mar estava calmo novamente, mas no convés havia uma certeza nova: a tripulação não era apenas Kaien. Kid, Killer e Lyra haviam provado que podiam enfrentar o mundo por conta própria.

E, pela primeira vez, Kaien sentiu que o peso que carregava não era solitário.

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